terça-feira, dezembro 31, 2002

Sobre a passagem do ano

Os e-mails trocados hoje com Eduardo sintetizam o que eu sinto.

O que eu escrevi:

Enfim... Aqui estamos, mais uma vez, no final de um ano... e novamente a gente repetindo, relembrando. Eu tento não ser assim, mas fico muito melancólica nesta época. A cada ano que eu acumulo, tenho um arquivo maior de lembranças. E em muitos momentos, fica difícil evitar as lágrimas, um bolo na garganta...

Mas estou esperançosa! Já comprei calcinhas de todas as cores, botei lentilhas de molho e separei uma romã! E espero que você pule sete ondas a mais por mim, tá?


E a resposta dele:

Esperança, nostalgia e apreensão. São estas as sensações que tenho a cada fim de ano. Compartilho com você a esperança no novo e a nostalgia dos dias já idos, dos amigos que sabemos, não veremos mais. Mas fico com o coração na mão ao imaginar o que pode a ação dos homens frios de coração e alma. É mentalizar para que neste próximo ano uma luz, mesmo que tênue, brilhe novamente.
Tentarei pular quatorze, vinte e uma vezes, sete vezes quantas forem necessárias, para que possamos ter um ano em que cada dia não fique sem a presença marcante da felicidade.
Mas mesmo na praia, cercado por milhares, sei que continuarei me sentindo só... Um grão microscópico de poeira estelar perdido no infinito universo. E aí, sentirei uma vontade imensa de abraçar o mundo, abraçar o que já se foi e o que ainda será. Abraçar você. E girar, girar muito.
Para amanhã acordar com uma esperança renovada, com coragem para enfrentar os demais dias, os demais anos... Mas se não for sózinho, melhor! Beijos cariocas e paulistas


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Li um artigo na revista Seleções que garante que chorar faz bem. Que o ato de soltar as lágrimas faz bem à saude.
Acho que é verdade. Nos últimos dias, lágrimas têm corrido descontroladamente, seguido de um estado geral de alívio.

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Tento manter-me otimista. Tento concentrar-me nas tantas coisas boas que tive este ano. Mesmo assim, as perdas me doem um bocado. Dói um bocado pensar nas pessoas que não verei mais. Nem todas morreram fisicamente.

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Vou concentrar-me na idéia de que alguns mal-entendidos serão esclarecidos. O que é reversível, poderá ainda ser revertido para melhor.

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Eu não aguento mais a avalanche de cartões que chega por aqui!

E o pior é ver que as pessoas mandram em CCO .. e muitas dessas pessoas nem se preocuparam em alterar a assinatura original.

Não sei o que é pior vc ser alguém na lista dos CCOs ou ficar esperando que determinadas pessoas se lembrem de você.
Quando eu desejo um feliz ano novo, eu desejo de coração para cada pessoa a quem enviei um cartão...





sábado, dezembro 21, 2002

Minha tia foi embora definitivamente ontem, um mês antes de completar 88 anos. Partiu com dignidade e serenidade, consciente até o fim. Há três semanas, tive a oportunidade matar saudades e nos despedirmos retomando velhas histórias de família. Em conversas muito lúcidas, resgatamos algumas lembranças.
Não sei por que, eu me identifico muito mais com ela do que com minha mãe.
Parece que acontece o mesmo com minhas sobrinhas, filhas de meus irmãos. E também com minha filha em relação à irmã do pai ela.
Acho que ela descansou definitivamente no dia certo, a tempo de liberar a família para um Natal tranquilo e de muita paz.

Meus primos, filhos dela, estavam igualmente tranquilos, com aquela certeza de que tudo fizeram pela mãe. Não só agora, na fase de doença, mas sempre.

A vida de minha tia Yaeko foi de muitos altos e baixos. Bem nascida e mimada, era de uma família de senhores feudais. De repente, aos onze anos, veio com a família "fazer a América". Sempre muito bonita, antes dos vinte anos, casou-se com um fazendeiro de café.

Quando pequena, ela sempre me presenteou com livros infantis. Na adolescência, me trazia publicações de trabalhos manuais. Assim como minha avó, ela era exímia no crochê, chegando a "fabricar" pessoalmente as agulhas, de bambu.

Mesmo tendo frequentado a escola japonesa por poucos anos, titia era muito culta e bem informada. Lia best-sellers em japonês e os jornais da colônia, mesmo que com atraso. Também falava português fluentemente. Vou sentir saudades.


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Ufa... Não sei de que maneira mas consegui fechar as edições do mês! Nem acredito nas coisas que escrevi. Parece até que psicografei. Nossa...


quarta-feira, dezembro 18, 2002

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Falei que não vou lamentar, mas hoje foi demais:

Minha tia piorou.

Meu vizinho teve derrame

Mãe da Ju foi operada...

A tv grande pifou

A impressora também.

Está muito difícil. Chorei.

Mas o que importa é que já levaram a tv para arrumar.
Consertei a impressora (custou só 40 reais).
Comprei um cartucho novo pra caprichar nas capas.
Vou conseguir entregar os trabalhos de dezembro.
Minha filha ´passou na primeira fase da Fuvest e tá mais animada.
Estamos bem de saúde aqui em casa...
O vizinho voltou para casa e está bom da cabeça.
Minha tia não sente dores.
Julius diz que precisa de mim...




E ele escreveu hoje:

falta teu cheiro,
teu sorriso,
preciso de você...

falta teu calor,
teu amor,
teu gozo,

falta tua pele,
teus cabelos,
teus braços,
teu colo,

falta tanto tanto tanto...


segunda-feira, dezembro 16, 2002

O encontro e o pesadelo

Cópia de papo com Rita no ICQ

EU 13:43 e fui ver o aviador! Nao chegou a me levar as nuvens.. mas... deu pro gasto!Desempenhou bem.. depois duma noite de trabalho!Fui hoje cedinho!
RITA 13:44 ahahahahahahahahah
EU 13:44 resolvemos de re pente, ontem a noite.. mas tudo dependia de ele não ter contratempos!
EU 13:45 mas o mais gozado foi um pesadelo que eu tive...
RITA 13:45 essas "de repente" costumam deixar a gente bem.....mesmo sem ter ido as nuvens......
EU 13:45 nossa.. como tenho sonhos doidos...
EU 13:45 fiquei preocupada em perder a hora... pois iria ligar as 6h pra ele..
RITA 13:46 eu sonhei que tava indo pro exterior mas tinha esquecido de fazer a mala!!!!!!!!!
EU 13:46 então, sonhei que.. não sei por que, fui de madrugada (na hora do sonho) ate a casa da minha irmã..
EU 13:46 eram 3 da matina.. maior breu.. toquei a campainha...
EU 13:46 e dois assaltantes me "renderam" e entraram na casa comigo..
EU 13:47 minha irmã tem um cofre, que era do meu cunhado.. não tem nada dentro..
EU 13:47 de repente, a casa ficou cheia de assaltantes.. um bando, incluindo mocinhas..
RITA 13:48 vixe!
EU 13:48 convenci uma a me deixar telefonar.. pois tinha de avisar uma pessoa que iria dar um "bolo"
RITA 13:48 e vc se sentindo ameaçada.....
EU 13:48 cochichei pra ela.. e ela deixou ligar..
EU 13:48 e eu tentando dar dica pra ele sobre o que estava acontecendo..
EU 13:49 falei: "nao posso viajar com vc...."
EU 13:49 e disse: "estou na casa da minha irmã.. vc nao consegue localizar o endereco pelo telefone"?
RITA 13:49 olha que interessante o "nao posso..."
EU 13:50 eu havia contado pra ele que minha irmã é vizinha do aeroporto..
EU 13:50 e então, pra dar a dica de que era assalto, eu
falei: "Vc conhece Beagle Boys"?
RITA 13:50 ahahahahahah
EU 13:50 e o nome dos Irmãos Metralha, de Disney, em ingles...
EU 13:51 ai.. ele comecou a falar em alemão e eu acordei!
RITA 13:52 kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
EU 13:52 Impressionantes foram os pensamentos que passaram
pela minha cabeca em situacao de assalto.. de que
se a policia chegasse, eles poderiam nos matar,
etc, etc.. .
Foi daqueles sonhos em que quando a gente acorda
nao sabe se foi mesmo sonho...
RITA 13:53 sei o que e isso....
RITA 13:53 já notou todos os símbolos que esse teu sonho tem???

EU 13:55 siiiiiim.. já!!!
RITA 13:55 bom, o importante e que pelo menos deu pro
gasto.......rsssss
EU 13:56 minha irmã... meu irmão....Paulo (personagem Disney)
RITA 13:56 a mocinha bandida tolerante (sua filha).

É como contei para Rita. Curti e deu para relaxar. Senti-me leve, foi legal. Mas faltou “algo mais”. Por mim, acho que só tive e terei esse “algo mais” com Julius. Tenho medo... Mas tento espantar essa sensação, lembrando-me das palavras dele:


Me perco em teus devaneios,
teus cabelos negros e curtos,
anseios que há tanto seduz...

Teu cheiro é de primavera,
de mulher madura,
de rosa, dos espinhos
que suportamos,
dos caminhos que trilhamos...
das verdades que ousamos...

Teu cheiro é de criança
do sorriso sem motivo
do sabor de paraiso
da alegria de viver...

Teu cheiro que me envolve
pode ser da minha imaginação
pode ser do teu coração
pode ser tua alma volitando
pode ser teu sangue retornando
dos caminhos do prazer...

que me importa?
só me importa que eu te cheire
que o meu ombro seja teu aconchego
que meu colo seja teu porto
no conforto de saber
que teu sorriso encontra ressonância
que teu desejo se sacia em minha fonte
como bebo da água do teu corpo...

que me importa?
só me importa que de vez em quando
posso ler em tuas linhas
que podemos simplesmente compartilhar
esta comunhão sem posse,
este querer sem fim
e assim te dizer toda vez
se eu morresse hoje
seria com um impertinente sorriso
de plenitude que incomodaria
todos presentes na solidão
de nunca terem tentado...


Fico ainda com os olhos marejados cada vez que relembro.
É pura emoção.
Tanta segurança.
Bem-estar sem promessas, sem planos, sem dores
É o toque no ponto certo, na hora exata.
É a mão que nunca se desprende, que acaricia a cada toque, nos gestos mínimos.
É o braço que me puxa na hora de um simples café.
É a mão que se estende primeiro para mim na hora de pegar uma toalha.
Isto é sintonia. É certeza que nunca precisa ser confirmada.
É o que torna todo o resto desimportante quando a porta que nos separa abre.
É o que não deixa mais brecha para pergunta alguma.
Dedos que nos libertam das roupas, sem pudores.
Pernas que nos deslizam nos lençós.
Olhares que cortam todas as palavras, não inibem nenhum gemido.
São encaixes perfeitos.
Movimentos mágicos
Cheiros inebriantes...

sábado, dezembro 14, 2002

Dez minutos de bom papo com Julius foram suficientes para acabar com meu cansaço, na sexta-feira. A possibilidade de nos vermos na próxima semana me deixou outra pessoa. Mas foi duro ceder e ligar pra ele... Resisti o máximo que consegui. Mas tudo bem... Vi que ele ficou feliz. Percebo que, como eu, ele pula de um assunto para outro, faz nossa conversa parecer natural. Percebo que o tom de voz muda...eu tento disfarçar a minha... mas tudo que consigo ver é a gente se abraçando apertado! E ele falando do meu cheiro... Nada mais importa!

Preciso aprender a colocar aqui um espaço para comentários... Mas.. será que estou preparada para "ouvir"?


Não, não estou não. Ou melhor: não estou a fim de ouvir. Aqui eu digo o que acho e pronto! Não devo satisfação aos leitores, como nas revistas. E também não tenho que agradar ninguém! E ninguém vai detonar meu blog porque tá ruim demais. Também não vou sair do ar por falta de "audiência"...

Mas pelo menos consegui aumentar o corpo do texto (nossa.. acho que ninguém mais usa essa expressão), ou melhor, o tamanho da fonte! Quem sabe, consigo também ajustar a borda...


" Escrevo. Escrevo que escrevo. Mentalmente me vejo escrever o que escrevo e também posso me ver que escrevo. Recordo-me já escrevedo e também vendo-me que escrevia. e me vejo recordando que me vejo escrever e me recordo vendo-me recordar que escrevia e escrevo vendo-me escrever que recordo haver-me visto escrever que me via escrever que recordava haver-me visto escrever que escrevia e que escrevia que escrevo e que escrevia. Também posso imaginar-me escrevendo que já havia escrito que me imaginaria escrevendo que havia escrito que me imaginava escrevendo que me vejo escrever que escrevo." Salvador Elizondo, el grafógrafo


Amanhã, 6 da manhã, tenho um programinha especial... eheheheh... Suspense...

Viram? Estou reagindo.

quinta-feira, dezembro 12, 2002

Esta é parte de um texto escrito há cinco anos.

Como amanhã completa cinco anos desde o nosso último contato, presto aqui, nestas lembranças, uma singela homenagem. É ainda difícil me conformar com aquela despedida inesperada e sem explicação.


É de um e-mail enviado a minha amiga Lúcia, que mora no RJ e é minha amiga mais antiga (nos conhecemos aos 11 anos)

Juraci foi minha colega na FT e nos tornamos muito amigas mais ou menos na época em que Paula nasceu. Uma pessoa muito “diferente”, muito especial... Não a via há quase dois anos, eu creio...
A última vez que tive notícias dela antes desta foi pouco antes das eleições do ano passado, quando ela me ligou de Campo Grande...
Depois desse dia, ela só voltou a me contatar no último dia 28, quando me disse que chegara de viagem há uns dois dias. Conversamos e matamos saudades naquela tarde, por telefone, e também nos dias 29 e 01. Na
terça-feira, dia 2, liguei para ela, ansiosa para nos revermos e conversarmos pessoalmente. A mãe dela disse que estava dormindo. No dia seguinte, a situação se repetiu duas vezes. Na quarta, desconfiei que havia
algo estranho, pois a mãe disse que ela estava muito abatida e só queria me ver quando se recompusesse. No sábado, eu e outra amiga fomos fazer uma visita, meio “na marra”. Constatamos que ela estava num estado que mais parecia coma. Não era coma, pois se alimentava. Abria a boca e deglutia o que lheera oferecido. Muito estranho... Não se levantava e nem se mexia ou abria os olhos. Uma irmã havia chegado de Recife para cuidar dela. “É uma fuga... ela só volta quando quiser” - disseram. “Há suspeitas de Mal de Alzheimer, mas
minha mãe não sabe” - cochichou a irmã. Os dias se passaram, a situação não parecia mudar... Fiz umas pesquisas e achei que os sintomas nada tinham a ver com a tal doença. Estranhei muito e comentei com a Marice, que concordou comigo. Era difícil a gente se intrometer, mas ... seguindo o conselho da minha sobrinha mpedica, tentei conversar com o irmão dela, em Campo Grande. Ele é psiquiatra e vinha cuidando da Ju.
“Em último caso, tem que mandar o Resgate à casa dela, aí será providenciado o socorro, mas você poderá se indispor com a família” - explicou minhaa sobrinha, que também achou absurda a situação. Ela atribuiu tal comportamento a fanatismo,
decorrente do espiritismo da mãe. .. Liguei 4 vezes para Campo Grande e o
doutor não retornou minha ligação...
Na quarta-feira, eu e minha amiga Alice - também ex-colega da FT e amigona de Juraci há 19 anos -, e decidimos ir pela manhã bem cedo até lá, para conferir o que acontecia e dispostas a interferir se fosse preciso...


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Agora, as cópias dos meus e-mails ao Fábio...
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Cheguei hoje pouco depois das oito da manhã, juntamente com minha amiga Alice à casa de Ju. A mãe dela abraçou-me chorosa e comunicou-nos que a filha estava muito mal e já haviam chamado o resgate. A doente estava febril e agonizante. A ambulância chegou depois de meia hora e eu segui para o pronto-socorro juntamente com a irmã dela que vinha fazendo vezes de enfermeira na última semana. Lá, o atendimento foi imediato e o médico pediu os exames de radiografia, urina e sangue. Porém, não havia enfermeiros e os recursos bem precários. Nós duas tivemos de empurrar a maca e levá-la pelas várias salas, para os exames. Saí para comprar material de higiene e algumas roupas, para dar mínimo de conforto, enquanto ela tomava
soro e aguardava o diagnóstico. Com o resultado nas mãos, evidenciando uma pneumonia, foi providenciada a remoção para o hospital, onde uma pneumologista muito atenciosa e competente nos explicou que o estado de
sonolência devia provavelmente ser em decorrência da falta de oxigenação do cérebro. Foram solicitados exames com neurologista e imediato encaminhamento ao setor de emergência. O nível de glicemia também estava alto.
Porém, o enfermeiro demorava um pouco e aguardávamos num saguão, com demais doentes, na maca, quando a vi abrir os olhos, depois de 8 dias. O olhar estava parado e arregalado, fitando o vazio. E ela suava muito. Comuniquei a um jovem médico, que viu o estado e empurrou pessoalmente a maca para a UTI. Fiquei
na dúvida se já era tarde demais... mas, felizmente, colocaram os tubos e oxigênio a tempo. Às 18h30, deixei o hospital, juntamente com a irmã de Ju, por ora tranqüilas com as providências possíveis tomadas. Foram dezenas de telefonemas aos colegas, particularmente a um velho conhecido, ex-chefe de reportagem do jornal, que contatou o assessor de Imprensa do Inss, que nos passou as coordenadas.

Não sei se minha amiga se recuperará. O estado é mesmo grave. Sei que há momentos em que pouco podemos fazer... Mas, neste momento, não tive como não deixar de esgotar todas as possibilidades que estavam ao meu alcance. Agi segundo minha consciência e seguindo o próprio exemplo de Ju.
Estou triste, porém aliviada e tranqüila. deixei-a com todos os cuidados que a ciência pode oferecer hoje, num hospital muito bem equipado, em mãos de profissionais dedicados. Se ela morrer, não será sem atendimento. Creio que o socorro adequado demorou demais a ser providenciado, porém foi a tempo de se tentar reverter o quadro.

Sem querer julgar, constatei que o tal irmão médico psiquiatra (de Campo Grande) vem tendo um procedimento no mínimo incompetente, ao atribuir tudo à depressão e esclerose múltipla. O primeiro sinal de febre já devia ser de comprometimento do pulmão e também da elevação da taxa de açúcar. A situação deve ter-se agravado com a ingestão de muitas vitaminas de frutas, adoçadas com certo exagero. A mãe, que tudo centralizou, omitiu muitos dados que deveriam ter sido transmitidos ao filho médico (para não preocupar demais o
célebre filho, tão ocupado, às voltas com o final de semestre do curso de Medicina, onde é catedrático em uma cadeira freudiana) e entregou-a cedo demais às mãos de deus... E ele, na sua linha de raciocínio, continuou a
tratá-la de depressão, ministrando tranqüilizantes, que aumentavam a sonolência... Difícil acordar, né?

Enfim... essa situação me mostrou como a família significa tudo... Em última instância, enquanto não rompemos com ela, é ela quem sempre toma decisões por nós quando estamos incapacitados. Os amigos, por mais preparados e mais competentes que possam ser, nunca têm direito de agir, de tentar fazer o
melhor... E, na família, sempre se respeita a hierarquia: cônjuge, filhos, pais e irmãos, quase sempre nessa ordem. Ninguém questiona essa hierarquia... No caso da minha amiga, as decisões sempre ficaram por conta
da mãe, que vinha seguindo os conselhos do filho médico. Por se julgarem mais capacitados, os outros nada souberam ou souberam de tudo pela metade... Os amigos, continuamos sendo estranhos e intrometidos demais...

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Bem... Jui se foi na noite de ontem. Quando recebi a notícia, senti-me aliviada. Depois do último e-mail que te enviei, relatando minha maratona pelo hospital, não consegui pensar nem fazer outra coisa além de me dedicar a ela. No dia seguinte, retornei pra lá e levei um susto, pois ela não estava mais na sala de emergência. Depois de alguns minutos de desespero, localizei-a na UTI, onde eu e Ângela tivemos acesso, escorregando pelos
corredores e furando os esquemas de segurança. Claro que nesta hora a nossa experiência de jornalistas veteranas nos ajudou muito. Não precisei olhar muito pra minha amiga pra concluir que ela estava
péssima. Percebi a gravidade no semblante da chefe de enfermagem, que veio me perguntar o que aconteceu e por que esperamos chegar a tal estado para buscar uma internação. Expliquei a situação familiar rapidamente. Quando a irmã dela entrou para a visita, aproveitei para telefonar pro tal irmão, em Campo Grande. Gastei um cartão de 90 impulsos pra falar 3 minutos no celular dele. Eu: "Sou Suely, amiga da sua irmã de SP. Ela está péssima, o estado piorou muito desde ontem. O senhor pretende vir, doutor?"
Ele: " Não, não vou". Eu: "Esta situação era prevista?" E ele: "Sim... estou esperando a qualquer momento".
Eu: "Meu cartão vai acabar... posso ligar a cobrar?"
Ele: "Ligue para meu consultório daqui meia hora. Estou indo para lá. Por favor, a senhora ligue a cobrar".
Ainda tinha 3 impulsos, mas a voz foi tão fria e autoritária que eu desliguei e não tornei a procurá-lo.
Nós três, Ângela, eu e Titi, a irmã de Juraci, fomos chamadas para conversar com o plantonista da UTI, . Ele nos informou que o quadro era gravíssimo, que ela não reagia a nada... Estava vivendo sob ação de drogas e máquinas. Estava tão debilitada que nem podia ser removida pra se submeter a uma tomografia. Eu pedi a ele que contatasse o irmão, que ligasse a ele para ter o diagnóstico que ele já tinha. "O procedimento não é este. Quem deve nos procurar é ele. Aliás, ele deveria estar aqui" - foi o que o médico disse, irritado. Expliquei a ele que eu era "apenas" amiga e relatei o que ocorrera. "Então, estamos diante de algum problema familiar que nós
desconhecemos" - concluiu ele, me olhando estranho. Na tarde de ontem, fui novamente ao hospital, já preparada para tudo. No entanto, ela ainda estava na UTI, com aspecto até melhor. Examinei-a e
percebi que retiraram as sondas e estava ligeiramente inchada. Por isto o aspecto melhorara. "Estão preparando..." - pensei com meus botões e saí logo a seguir. A irmã me contou que o tal irmão médico ligou pra ela desesperado. Chorava tanto que nem conseguia falar. "Deve ser culpa" - pensei.
Dali a pouco, veio o médico responsável por aquela tarde na UTI falar conosco. "O estado dela é o que chamamos de "choque", em termos médicos. O irmão dela ligou várias vezes, disse uma porção de coisas... que ela tem isso, tem aquilo... Mas o que posso dizer é que são apenas suposições. Fizemos uma tomografia e nada encontramos. Apenas uma cicatriz muito antiga no crânio. O socorro foi demorado demais. O pulmão dela está péssimo. Tivemos de fazer uma broncoscopia. Foram encontrados resíduos de alimentos.
Ela deve ter vomitado e aspirado. (Foi exatamente o que aconteceu na noite do dia 01, antes de ela cair nesse sono). Ela não reage a nenhuma medicação. Por isto, neste momento, mandei mudar todos os remédios. "
Bem... a minha suspeita era de que Juraci tivesse algo como um tumor no cérebro, segredo que o tal irmão guardasse sozinho. Imaginei que fosse essa a razão de tanta frieza e esquisitice. Mas... que nada... era só
esquisitice. E o que eu percebi é que a "loucura" é mesmo um problema sério naquela família.
Soube, nas longas conversas com Titi de muitas coisas que Ju jamais revelou nestes mais de 15 anos de grande amizade... Como eu sei que você adora essas na coisas a la Gabriel Garcia Marques (por falar nisso... ano vai esquecer de botar Vargas Lhosa que te dei na mala, hein?) - vou te contar tudo detalhadamente. E trata de guardar meus e-mails, viu? Quem sabe a gente monta mesmo aquele livro, misturando tudo isso com as tuas narrativas de viagem... Pelo menos tenho aqui comigo as de Bali, Tailândia e Barcelona... Que tal tentar me escrever sobre tua estada no México? Eu ia adorar saber como foram as coisas...
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Zezé, o irmão mais novo dela, de Ju, de quem ela cuidava, também faz um sério tratamento psiquiátrico, com uma colega do tal irmão... O início da piração desse cara foi durante o movimento hippie, às voltas com drogas. Na cola do outro irmão, Jurandir, líder de movimento estudantil, seguiu para o Chile. Ambos foram de lá "deportados" para a Europa. Na Holanda, Zita sobreviveu fazendo traduções de espanhol para holandês, línguas que nunca estudou. depois, juntou-se ao irmão-ídolo na Alemanha, onde aprendeu marcenaria e tear. Na Anistia, os dois retornaram ao Brasil, sendo acolhidos pela Juraci, que foi buscá-los no Rio, de carro. Jurandir chegou casado, com dois filhos. Em Recife, Zita começou com um tear manual, "inventou" um sistema mecânico e chegou a ter uma indústria de redes, que detonou numa crise. Veio para S.Paulo, onde teve uma loja de decorações, fabricando móveis de cana da índia e fazendo tapeçarias. (Lembro me da tal loja, na Bela Cintra, quase esquina da Paulista, por volta de 1980). Não sei o que aconteceu, que também o tal
negócio foi pro espaço. Segundo Titi, basta ele parar de tomar os remédios e beber, que tudo vai pro
espaço. E era essa a "cruz" que Ju carregou sozinha por tantos anos... protegendo-o das críticas da família.
Ah... depois de detonar a loja de decorações, Zezé sobrevivia "vendendo" teses de mestrado e doutorado ... principalmente de psiquiatria e psicologia.... Dizia que era mesmo catedrático no assunto, após tantos
tratamentos.
Diz a irmã que muitos psiquiatras desistiram de tratá-lo pois ele invertia os papéis e começava a diagnosticar o médico. (Ahahahha...) Eu acredito que ele fosse capaz disso. A fisionomia dele lembra Einstein. Quem fez essa
observação foi Paulinha, quando o viu pela primeira vez, aos sete anos. Achei fantástica a analogia que ela fez e, naquele momento, achei minha filha também genial. Foi no dia em que Zezé tentou explicar a Paulinha um
pouco de Óptica, martelando o chão e esticando barbantes...
Naquela ocasião, ele estava lendo a Enciclopédia Larousse, de 18 volumes. Estava mais maluco pois perdera o volume 10, se não me engano... Estava estudando sozinho, para encarar Vestibular para Agronomia. Queria estudar em Manaus. Explicou que optara por esse curso por ser ele tecelão, tapeceiro...
Disse que queria ir às origens do plantio das fibras que servem para fabricar os fios... E discursou com uma paixão que me impressionou muito. Ju virava os olhos, como que querendo me alertar... E ele interrompia às
vezes as explicações para falar das minhas pernas, com aquele olhar meio tarado... Eu não sabia se gostava ou me apavorava. Afinal, era mesmo um homem fascinante: atlético e bonito, trazendo misturas de sangue índio, negro e português.

Quando Ju sofreu o tal acidente em que quebrou a perna e eu chamei Zezé para ajudar, também fiquei impressionada ao vê-lo carregá-la nos braços feito uma pluma. Imaginei uma cena de Cecy e Peri. Parecia mesmo um herói de José de Alencar...

Há três anos, Zezé foi estudar Filosofia em Marília e Ju foi morar com o cunhado da irmã, um jovem de pouco mais de 20 anos. Dividiam o apartamento e ela tratava como se fosse filho dela, com todos os mimos.
Depois, muitas histórias mal contatadas... viagens misteriosas... E foi na tarde do dia 28, depois de estar com você, quando eu dormia depois que voltei do aeroporto, que ela me ligou depois de quase dois anos. Disse que
acabara de chegar de viagem há dois dias.

Agora eu sei que os contatos telefônicos foram para nos despedirmos... Ela se preparava para outra viagem... para o espaço cósmico, onde espero revê-la e botar as fofocas em dia... Soube apenas na visita do sábado passado, à casa da mãe dela, que o tal irmão psiquiatra é coronel-médico... Cursou a Aman enquanto outro irmão liderava Movimento Estudantil e era exilado...

Ultimamente, Ju tinha pavor ao pensar em rever Zezé. Segundo a mãe, a crise de vômito, no dia 01 ocorreu após um telefonema dele, avisando que viria passar férias em S. Paulo. Fico imaginando o que pode ter acontecido de tão TERRÍVEL para ela ter medo do irmão mais querido... E também a mãe dela conta que no domingo passado, quando ele chegou, ela abriu os olhos pela primeira vez depois de todos aqueles dias e o fitou aterrorizada. Depois desse dia, ela não queria mais nem comer...

Coisa de louco, né?

Só não sei QUEM é o louco...

No cemitério, conheci o Professor Xavier, o ex-lider do Movimento Estudantil, sociólogo, coleguinha de FHC. Hoje é secretário de Planejamento e Meio Ambiente de uma grande cidade no Nordeste. Abraçou-me muito
e comentou: "Não entendo o que aconteceu... não tem explicação... Às vezes ela estava bem lúcida. Às vezes misturava tudo". Insistiu muito que vá visitá-lo... "Meu filho Juliano tem uma casa linda, num condomínio fechado
em João Pessoa. Venham passar uns dias lá... Lá podemos conversar melhor..." - frisou para mim e para Ângela. E Titi insistiu: "Venham até Recife, que pegamos a chave da casa com Jura e vamos as três juntas de carro até a praia, em João Pessoa."
Senti tanta sinceridade e tanta emoção que estamos - eu e Alice - pensando seriamente em ir mesmo. Para mim, só falta arrumar dinheiro.... Bem... quem sabe, o secretário descola um trabalhinho especial para duas jornalistas de São Paulo, né? Eheheheh...
E eu estou intrigada e curiosa para saber o que se passou... O que fez minha
amiga tão positiva e cheia de vida desistir de tudo... O enterro foi tão especial quanto foi a vida de Ju. Onze pessoas e dois vasos de flores que eu e Alice compramos. Nenhuma lágrima. Ficamos de mãos
dadas: Titi, Xavier, Alice e Eu, enquanto tudo acontecia... Olhamos para o céu, para as plantas, para uma árvore linda, ao lado do jazigo. "Não dá pra esquecer... É a árvore mais bonita e a mais alta"- comentou Xavier.
"Conhecer vocês foi uma bênção de Deus" - observou Titi. Fiquei muito emocionada e feliz. Fiquei grata a minha amiga por permitir este encontro. Achei esses dois irmãos dela tão especiais quanto ela...
Pensei em dirigir uma oração, como Ju fez no enterro da Walkyria. Mas não consegui nem me lembrar do Pai Nosso. Ângela tirou da bolsa uma linda mensagem de Natal, que lemos emocionados, em silêncio. Significativas e oportunas palavras, falando da importância da amizade.Xavier foi até o carro, pegou uma câmera muito transada e tirou umas fotos da paisagem, mostrando o lugar onde Juraci descansou. E também pediu ao
Roberto, marido da "irmãzinha" para tirar uma de nós todos, sorridentes e abraçados. Prometeu enviar as fotos pela Internet assim que as revelar. E eu fiquei de procurar, nos arquivos da Abril, uma reportagem na "Nova", em que Ju aparecia como exemplo de "viver bem em São Paulo". Esta semana vou falar com minha prima, que e' diretora de Arte da revista... Vai ser fácil, foi no número em que saiu uma reportagem com Leão, eleito dono das pernas mais lindas do Brasil. Será fácil achar.
Na volta do cemitério, fui com Ângela almoçar num lugarzinho legal, aqui na Barão de Limeira. A gente não ficou triste. Apenas tentando desvendar o mistério. Tentamos não apontar culpados. Porém, prometi a mim mesma que se tal situação surgir de novo à minha frente, não vou mais ficar "cheia de dedos". Garanto que vou tomar as rédeas antes e agir com determinação. Alice concordou comigo. Choramos apenas alguns minutos quando nos abrigamos da chuva, no terminal de ônibus que nos trouxe de Guarulhos onde Ju foi
enterrada. (Fomos sem carro pois não conhecemos o pedaço). Ficamos ali, alguns segundos, num abraço muito apertado. "Não me abandone" - disse Alice. "Nem você.." - respondi.

Trecho da resposta de Fábio:

"Você descreve tudo de forma tao natural, que é como se estivesse te ouvindo. Me lembra aquelas cenas de novela em que o ator recebe uma carta e ,`a medida que vai lendo, aparece a voz de quem escreveu fazendo a narração ! E obrigado me achar um amigo importante Su. `As vezes fico pensando por qual coincidência do destino viemos nos encontrar !! E acho que deve ter algo por trás disso !!"



Comentário de hoje:

Coincidência? Força do pensamento? Não sei... Constato sempre que nos momentos em que mais precisei do seu ombro você se fez presente. E o papo de ontem... não imagina o bem que me fez! Você me ensinou a ousar, a encarar a vida de frente, sem culpas. Suas massagens são fantásticas. Que saudades!
Você e Eduardo são mais do que prova de que pode mesmo existir uma amizade verdadeira entre pessoas de sexos diferentes e que essa ligação pode superar tudo... sem falar que, também podemos viver com afeto, carinho e ... você sabe o resto... eheheeh. Só na base do bem-querer.


Cinco anos... Ainda falo com a família de Ju. Ligo algumas vezes por ano para a mãe dela e até a acompanhamos para resgatar um dinheiro que minha amiga deixou aplicado numa capitalização. Encontrei a irmã dela, do Nordeste, algumas vezes... e consegui falar uma única vez com Zezé, que se prepara para iniciar mestrado no ano que vem. Agora ele dá aulas para o ensino médio, morando com a mãe em Sampa. A "irmãzinha" de minha amiga teve um bebê nos States, do segundo casamento. E a nossa vida continuou...

Depois dela, perdi dois dos meus irmãos. Nos momentos mais difíceis de minha vida, busquei alento naquela voz sonora, nas palavras dela: "viver cada dia...." "o Sol nunca deixou de brilhar, mesmo por trás da nuvem mais escura..." "isso não foi de você..." "você é a força, sua família depende de você..."

Lembro-me dela embaixo daquelas duas árvores mais altas, em Guarulhos... a última morada de minha amiga, onde prometi retornar com mudinhas de flores e nunca mais fui. Mas acho que ela entende... Um dia levarei as flores sim... quando tiver um dia só para nós... Por enquanto, em palavras que tomam forma nesta tela, quero deixar registrado (para Deus e Bill, como disse um dia Mário Prata) e também para a internet (que vc nunca conheceu )que você me ajudou muito a ser gente!



Já atualizei, mexi umas cinco vezes e esta coisa não quer me obedecer.
Que chato...


Movi para a data de hoje a segunda parte do post de ontem. É que deu maior bagunça...
Assim, pelo menos a ordem fica certa.
Hoje comecei meu dia antes das seis da manhã. Mesmo assim, espero tornar a postar.

Havia prometido não tocar mais no assunto. Entretanto, não pude deixar de comentar com meu amigo da agência de turismo, juntamente com quem fui acusada de prestar favor visando a uma comissão.

Não era minha intenção publicar, mas vou seguir a sugestão de uma amiga que acha que pensamentos tão nobres merecem ser lidos por mais pessoas.

Aqui está o texto do meu amigo:

E eu que mesmo sem conhecê-lo já gostava de seu amigo português por tabela, ou seja, por nossa ótima amizade e por você demonstrar tanto carinho e preocupação por ele, eu naturalmente já o via também como um bom amigo . Lembro-me da primeira vez que pesquisamos exaustivamente um hotel que fosse bem localizado e tivesse o lay out e equipamentos que ele apreciaria. Vizinho ao Sheraton e Intercontinental, hotéis caríssimos, conseguimos aquele muito mais barato e porque não, melhor. Agora, nessa oportunidade, tão em cima da hora, devido a proximidade do metrô recomendei o flat que é bom e teve o preço muito reduzido devido a concorrência do Formula 1, o hotel mais barato de SP, que é vizinho ao flat. Não digo dessa vez, mas da primeira vez, por nossa amizade, parei de fazer coisas importantes só para ajudar-lhe na pesquisa.
Esse senhor evidentemente parece-me ser pessoa de larga experiência de vida devido às viagens internacionais ao longo de tantos anos. Isso em geral abre muito a cabeça e os horizontes das pessoas. Por isso e pela amizade que vocês tinham, fiquei absolutamente perplexo com o comentário maldoso de que eu teria ganho comissão pelas reservas feitas...... A rigor, seria absolutamente natural pois ninguém trabalha de graça a não ser eu que o fiz por ele. Com toda a experiência dele se ao menos ele tivesse observado que as reservas em ambas as ocasiões foram feitas por você e não por minha empresa o que elimina a possibilidade de qualquer remuneração (não uso o termo comissão, pois dá a impressão de ser dinheiro de regociatas) esse tremendo mal-estar e em especial indelicadeza teria sido evitado. Graças a Deus eu nada ganhei com isso. Aliás, ganhei sim. Ajudei a um amigo seu e esta satisfação é uma "comissão" que meu espírito não abre mão de ganhar :-))))))Às vezes coisas acontecem que podem nos levar a precipitações e conseqüentemente a cometer injustiças. Se é que vocês foram tão amigos, demonstre sua amizade dando a outra face e uma oportunidade a ele para que, mesmo terminando a amizade, não fiquem maus sentimentos a corroer corações e mentes. Eu, com 41 anos, sinto que daqui pra frente não tenho mais cabeça para me consumir com maus pensamentos...... Ninguém merece isso depois de uma certa idade..... espero que vocês possam encerrar tudo sem mágoas e guardar lembrança somente dos bons momentos....
PS (eu pensando..... "e pensar que eu vendo suite no Steiguenberg em Dusseldorf a US$700,00 a diária e ter que houvir uma dessas....... :-)))))))) ainda bem que meu lema é.... perder o bom humor, jamais!!!


* * * *

Pena que eu não estou ainda em condições de oferecer a outra face. Ainda estou baqueada. Mas tudo que aconteceu não permitirá que anule os bons momentos que tive graças à companhia daquelas pessoas. Como comentei antes: pena que elas morreram e eu nunca acreditei em ressurreição. Até prova em contrário.

Entretanto, não deletei as fotos nem os e-mails antigos.

Até hoje me arrependo das fotos que destruí e das cartas que queimei ou rasguei quando adolescente. Refiro-me a namorados, é claro. Tudo merece ser guardado, mesmo que sejam páginas negras. Do mesmo modo que acontecimentos históricos vergonhosos – da Inquisição a tantas guerras... Afinal, até o obscurantismo da Idade Média é aceito hoje como uma transição que se fez necessária para o amadurecimento da humanidade... E há também quem cultue os encantos daquele período, coberto pelo mistério e pela ignorância que massacrou tantos inocentes. Do martírio surgiram santos e mitos românticos... e também as obras de arte. Tudo nas trevas... a ciência parou, a busca do conhecimento se estagnou... a ignorância ficou camuflada nos painéis e telas...

* * * *
Vai ver que eu estava sendo feliz em demasia...

Tentarei pensar que tudo que houve foi uma compensação que a vida me reservou para contrabalancear com as tantas coisas positivas que me são destinadas. Principalmente em relação a amigos. Sem dúvida, sou uma pessoa privilegiada... E todos esses acontecimentos me abriram os olhos... Pena que essa abertura seja assim dolorosa... Mas é o que acontece quando nos habituamos a usar óculos escuros toda vez que saímos ao Sol. Nossas pupilas têm preguiça de se contrair...ou então ficamos com medo de criar rugas desnecessárias ao firmar demais as pálpebras.


Depois de um papo cheio de emoções, o Baixinho de Taubaté mandou um e-mail relembrando Charles Aznavour:

Ontem ainda

Ontem ainda,
eu tinha vinte anos,
acariciava o tempo,
e brincava de viver,
como se brinca de namorar,
e vivia a noite,
sem considerar meus dias,
que escorriam no tempo,
fiz tantos projetos, que ficaram no ar,
alimentei tantas esperanças, que bateram asas,
que permaneço perdido, sem saber aonde ir,
os olhos procurando o Céu,
mas, o coração posto na Terra;

Ontem ainda,
eu tinha vinte anos,
desperdiçava o tempo,
acreditando que o fazia parar,
e para retê-lo, e até ultrapassá-lo,
só fiz correr e me esfalfar,
ignorando o passado,
que conduz ao futuro,
precedia da palavra "eu" qualquer conversação,
e opinava que eu queria o melhor,
por criticar o mundo com desenvoltura;

Ontem ainda,
eu tinha vinte anos,
mas, perdi meu tempo
a cometer loucuras,
o que não me deixa, no fundo, nada de realmente concreto,
além de algumas rugas na fronte e o medo do tédio,
porque meus amores morreram antes de existir,
meus amigos partiram, e não mais retornarão,
por minha culpa, criei o vazio em torno a mim,
e gastei minha vida e meus anos de juventude,
do melhor e do pior,
descartando o melhor,
imobilizei meus sorrisos e congelei meus choros,
onde estão, agora,
agora, meus vinte anos?


Taí o Baixinho... uma pessoa a quem imediatamente perdoei por uma grande mentira. Importou-me mais o fato de ele ter resolvido se apresentar como ele mesmo, ainda a tempo. Importou que ele quis se mostrar real e transparente, não por medo que eu descobrisse ou desconfiasse. Foi porque um dia ele quis ser meu amigo de verdade. Sinto saudades... Faz um tempão que não nos vemos pessoalmente. Eu com minhas dificuldades e ele com as dele, em Taubaté.

Pena que as pessoas mais legais estão tão longe... e muito, muito mais longe, o Fábio... mas em janeiro, ele "desce" para Curitiba... e aí... quem sabe?

Por falar em saudades... Julius foi para Blumenau.... Aaaaaaaai que falta me faz um colinho!

* * * *

Para não dizer que ignoro a família... Hoje é noite de HQ Mix. Não "ganhamos" nenhum prêmio. Mas coube coube a nós a entrega das estatuetas... e as badalações...

quarta-feira, dezembro 11, 2002

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Desde ontem que a Internet tá uma lerdeza só.
Não consegui ver meu blog, não consegui postar.
Fiquei com pena de perder tudo.

Devem ser olhos-gordos.

Mas logo mais vou tomar banho de sal grosso, cortar o cabelo, dar um jeito no cabelo...
Vou enfrentar essas urucubacas e VENCER!
Tenho planos de conhecer novo amigo hoje. Ele é de SJC e vem esta tarde a Sampa. Foram duas semanas de papos entrecortados, mas bem prufundos. Ele é budista.. ehehehe..

Já que "perdi" dois amigos, preciso preencher essas vagas.
Não que tenha limites no meu coração... Só naquele cantinho direito, muito especial...

Consegui contar o que aconteceu para Fábio. Comentário dele:
Que estória mais incrível !!!
Parece enredo de novela, daquelas mexicanas !!!! como é possível as pessoas se transformarem assim ???
Realmente a gente não consegue saber direito o que se passa pela cabeça das pessoas.
Você tem toda razão de deletar esses “amigos” da sua vida.
Espero que você já esteja recuperada deste choque, ate mesmo porque nenhum dos dois merece qualquer minuto de consideração seu. Simplesmente apague, quando faz ao formatar um disquete.


O que eu penso:

As pessoas não se transformam. A essência é a mesma. Algumas conseguem camuflar, esconder as garras por mais tempo. É isso...

A história da humanidade está repleta de casos assim.

O que eu não me conformo é que a minha tão propalada intuição tenha falhado assim.

Mas isso tudo não me faz perder a fé nas pessoas e nem na Internet. Deste universo maluco, tenho grandes saldos positivos. Um deles, que sempre coloquei em primeiro plano é você, Fábio... que em meio a tantos problemas, trabalho, responsabilidades, sempre tem um tempinho para se lembrar de mim, para dizer que está aí... Só isso compensa todas outras agruras.

E estes textos horrosos que tenho postado... Morro de vergonha do "Crianças Cantoras". Tá certo que ele destruiu sete blogs. Mas tem um cuidado todo especial com a redação. Minha desculpa é de que "casa de ferreiro, espeto de pau"

Entre reações surpreendentes, um amigo que parou completamente os contatos depois que enviei a ele o relato do barraco. Ele estava curioso, eu mandei por e-mail os detalhes insólitos. Isto foi porque ele começou a antecipar conclusões e eu perdi a paciência.


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post de 10/12/2002
Por que tem tanta gente que torce contra? Não é ótimo Lula ter ido ver Bush? Se não tivesse o encontro, iam falar... Se tem, falam do mesmo jeito.
Agora ele será nosso presidente. Temos de torcer para tudo dar certo. Há de dar certo. Afinal, não é a vontade da maioria? Nunca houve votação tão consciente. Nunca houve vitória tão emocionante. Mais gente do que a conquista do penta!

Hoje um coleguinha ligou... pra variar, direto com a pergunta de informática. Minha família já reclamou deste meu serviço de suporte grátis.

Depois das consultas de praxe, pra falar de umas baboseiras em importância – isso, depois de jurar que não usa icq nem msn, "essas besteiras", não é que ele resolveu comentar a "troca de comando" da subsidiária brasileira de uma das maiores empresas do setor? Acrescentou que "estava na hora, que ultimamente andava uma porcaria".... tsc, tsc, tsc...
Quando eu revelei que esse "comando" estava a cargo do meu primo e que isso era novidade, ele deve ter caído da cadeira... kkkkkkkkkk! Foi engraçado. Mas, para meu alívio, a mudança de quem fica na cadeira foi apenas do diretor de negócios.


Estou preparando um texto sobre a vida de São Francisco de Assis. Interessante a biografia dele e muito lindo o texto de Frei Jorge Hartmann, que dá a ele o codinome de "irmão sempre alegre". Conta o biógrafo que aos olhos das pessoas comuns, ele era considerado louco, lunático. Certa noite, o frade teria acordado a cidade toda, tocando os sinos da igreja. A explicação: "Meus irmãos, como se pode dormir com um luar tão lindo assim"?

Assim é a "doidice", bem explicou Mário Prata na crônica da semana passada. Ainda bem que acho que também me incluo entre as doidas, nesse grupo incomum de pessoas que têm algo mais do que simples animais.

Hoje liguei para um velho amigo, para finalmente marcarmos um jantar que vem sendo protelado desde o dia 6 de junho. Sugeri sexta-feira. E ele: "só se levar minha namorada junto".
Silêncio deste lado da linha...
E ele: "pra você, eu posso falar... não sou nenhum santo"!

Ehehehehe.. Que bom que não sou apenas eu a encarar uma situação dessa com naturalidade. Puxa vida! Se ele pode, eu também posso ter um "namorado", né?

Que bom!

E viva o fim das convenções, dos rótulos, das coisas "politicamente corretas"!

Como é bom ser feliz sem medo!

Mais um dia acordando às 4 da manhã me deixa assim: doidíssima às 14h.
Como disse Ana Maria Braga: "quero ter sempre borboletas no estômago"!

segunda-feira, dezembro 09, 2002

Dizia minha mãe uma frase muito sábia: "Tanto para o alto como para baixo, não há limites."

É uma grande verdade. Estes dias, enfrentei muitas crises, decepções, expectativas negativas. Estou apreensiva com os rumos da economia, da política, do país, dos negócios...
Mas minha amiga Alice tem tudo isso e muito pior: a saúde dos pais e a reprovação da filha mais nova na escola.

Meu amigo Alberto tem três crianças pequenas, está desempregado e com a mãe completamente esclerosada, numa casa de repousos.

Meu amigo Eduardo anda preocupado com o trabalho, diante da mudança de governo e a saúde da mãe.

Infelizmente dezembro traz mais preocupações do que alegrias. Natal e Ano Novo podem ser apenas um oásis diante dessa confusão.

Minha cabeça pesa... mas quando me lembro de passado recente, de tantas coisas por que passei, vejo que só tenho motivos para sorrir!

Sábado fui com Alberto ver a mãe dele. Está há alguns meses numa casa de repouso. Fomos as únicas visitas daquela tarde quente. Os velhinhos carentes se aproximaram curiosos feito crianças. Olhares vazios, sem sensações. Certamentes todos com a memória vaga como a mãe de meu amigo... Ela, que me conhece há 25 anos, nao se lembrou de mim. Disse que tem apenas algumas imagens enevoadas, feito sonhos longínquos. Saímos de lá com um nó na garganta. Meu amigo, de olhos marejados, manteve-se durão, como todo oriental. Ainda o velho mito de que "homem não chora".

Mesmo diante de todas essas cenas, voltei feliz. Ele agradeceu muito a minha companhia. Disse que eu lhe proporcionei um dia especial. Acredito que sim.

Muita gente deve achar que meu lugar talvez fosse ao lado de minha mãe. Mas ela está bem, feliz no canto dela, curtindo orgulhosa o filho famoso. Não falo isso com ciúmes. Acho que ela não sente minha falta, então posso me dar mais a outras pessoas. Estou sendo justa sim.

sexta-feira, dezembro 06, 2002

Alguma mulher escreveu num blog:"qual o problema em ser puta? por que todo mundo caiu matando em cima da Martinha chamando-a de puta? Afinal, ser puta nao é ser tão interessante, a ponto de receber pra fazer o que todo mundo faz de graça?"

Se isso é verdade, por que a gente ainda se incomoda ao ser chamada de puta, de promíscua?

Do mesmo modo, neste mundo existe "ex" tudo: ex-ladrão, ex-agiota, ex-traficante e até ex-puta. Mas alguém já viu ex-veado? Pois é... deve ser tão bom ser veado que quem começa não consegue parar.

Se é isso mesmo... por que é xingamento chamar alguém de veado?

É igual chamar alguém de puta...

Então... e se eu tiver monte de homens? E daí?

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!

Quem me dera estar com essa bola toda....

Hoje recebi notícias do Carioca. Está agora com conexão rápida. Disse que tem saudades...

Minhas mágoas em relação a ele também passaram. Também senti saudades sim. Admito.
Encaro agora com serenidade tudo que aconteceu. Como parte de algo distante, igual tantos outros "ex". Dá um nó na garganta sim... Mas acho que vale a pena retomarmos o papo, agora que não corro risco de recaídas.

Vamos ver se ele não me dá outro "bolo".

Julius está novamente mudando de trabalho... Minha nossa!
Me surpreende mesmo o pique dele...
Sei que tá fogo... tomara que dê certo. Eu fico com o coração na mão... mas me animo a cada nova tentativa e na maior torcida. Tomara que passe mais dias em Sampa! Nossa... Ai, que droga que é o mês de dezembro!

Repararam que estou mais solta agora? Reclamando da vida igual todo mundo!

Fazer o quê? Me deram motivos!





Hoje contei o insólito acontecimento para Jim.

Ele apontou uma outra hipótese, que faz sentido:
Ela nao goza e fazia fantasias com meus relatos.

Dei muitas risadas com ele. Depois, pediu para depositar 150 reais pela psicanálise... kkkkkkkkkkkkkk!
Foi divertido. Nada como fazer piadinhas para aliviar. Judeus sao bons nisso: riem mais que ninguém dos próprios defeitos. E assim se tornam grandes humoristas.

É o que eu também procuro fazer: rir um pouco dos meus problemas!

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Sabem como eu me sinto?
Da maneira como as pessoas se sentem depois da morte de uma pessoa querida.
Neste caso, o abalo é duplo pois foram duas pessoas que morreram para mim! Duas pessoas com as quais convivi durante muito tempo, através desta janelinha.
BUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

quinta-feira, dezembro 05, 2002

Hoje telefonei para dona Joana. O contato com Fábio me lembrou Ju e o dia em que ela me telefonou, retomando os últimos contatos que tivemos.
Escutar a voz da mãe de Ju, tão idêntica ao da filha, com tanta musicalidade e jovialidade, me dão ainda um nó na garganta. Às vezes tenho a sensação de que é ela quem atende ao telefone... Sinto um arrepio. Páro para pensar se não seria mesmo.

Ligo para ela como uma forma de compensá-la um pouco pela ausência da filha. Acho que devo isso a Ju, por tanto conforto que ela me deu ao longo dos anos em que fomos amigas. Que saudades! Lamento a perda e ainda me culpo um pouco por não ter feito mais alguma coisa para tê-la ainda por aqui. É um mistério com o qual não me conformo.

* * * * * *

Mais um saldo positivo do Caso Mineira+Portuga: pela primeira vez comentei sobre esses relacionamentos com Julius. Não que eu tivesse receio de ser mal interpretada. (Afinal, foi pela internet que o conheci). O distanciamento dele, a completa falta de ciúmes às vezes me intrigou. Mas acho que também é isso que me faz sentir tão bem, tão segura.
Agora olho pra trás e caem fichas de variadas situações. Há pessoas que são naturalmente más, negativas e egoístas. Mas, como diz um ditado popular, "tudo se paga nesta vida".

Estive relendo uns posts antigos. Incluindo o que aparece no começo deste grupo, ou seja, do início de julho. Naquele dia, falo da minha dor no coração diante do e-mail que recebi de Julius. Enquanto Rita soltou um "vixe" de espanto diante de tanta exposição de sentimentos, a Marta disse que ali estava evidente que o cara tava pulando fora. Não teve dúvidas, inclusive apontou os detalhes do texto. E eu achando que eram observações de uma amiga, com a melhor das intenções.

Hoje, Eduardo me ligou bem na hora em que eu estava com a voz embargada diante dessas lembranças. Contei a ele, resumidamente, o que aconteceu. Ele logo se lembrou dela. (Eu pretendia até apresentá-los, devido a interesses comuns pelas artes.)
Não deve ser coincidência que tanto ele como meu vizinho mataram a charada com a mesma hipótese: inveja e ciúmes. E eu entreguei as armas para ela me "fritar".
Grande verdade: mulheres sao naturalmente rivais!



Mudei a forma do blog pois só ontem, ao comentar com uma amiga sobre o modo como alguns leitores me contataram, constatei que no modelo que vinha usando não havia mais espaço para descrição, onde colocava meu e-mail de contato.

Vai que alguém queira me escrever... Na verdade, pretendo abrir espaço para comentários, assim que eu descobrir como se faz isso... Eu deveria era criar vergonha e uma hora me sentar para estudar um pouco de html.

Embora tenha dito que encerrei o assunto, acrescentei, no post do dia, a resposta que havia enviado, por e-mail para o "pedido de desculpas" da "amiga" de Minas. É só para quem estiver acompanhando de fora não perder o fio da meada. Refiro-me aos meus dois leitores assíduos, que sabem da minha vida apenas pelos posts.

Ontem eu fui à Liberdade fazer massagens e me espairecer um pouco. Levei fotos da "Bruna" para Otávio, irmão dela. Também me encontrei com a mãe dela. Conversamos bastante. Aproveitei para contar a insólita história do lusitano, de quem Bruna também foi vítima há alguns anos. Ela me lembrou que o irmão sabia dos detalhes e sugeriu que contasse a ele.

Valeu a pena o desabafo.

Não só aqui, como em relato para outras pessoas, a gente pode analisar melhor os fatos e as reações humanas. Para variar, Braindoctor tem sido meu terapeuta de plantão. Espero que ele não esteja se entediando com meus "causos".

Da Liberdade, segui até a Praça da Sé, onde passei pela Paulus e Loyola, pesquisando livros de novenas e outras publicações semelhantes às que tenho editado. Fiquei encantada com a admiração de um jovem vendedor a São Francisco de Assis. Também acompanhei outro jovem extasiado com a imagem da nova igreja de São Miguel Arcanjo. Lindo ver gente que aprecia a arte e a escrita. Eu realmente sinto-me recompensada com meu trabalho, apesar de não ser artista nem escritora.



terça-feira, dezembro 03, 2002

"Tudo acaba sempre bem. Se não está bem é porque ainda não acabou". Frase que seria do pai de Fernando Sabino e está num dos piores livros desse escritor: "Zélia, uma paixão" (lembram?)

Entre os males que vêm para o bem, fui passear pelos meu outro UIN, para tomar a providência de eliminar as personas non gratas e o que eu acho? O pedido de autorização de Fábio!

De fato, hoje, na hora do almoço, olhando para o vazio, concentrei meus pensamentos nele. Pensei: "Nossa, Fábio, que saudades. Há quanto tempo nao fico mentalizando pra vc aparecer..." Dito e feito! A mágica aconteceu e tudo ficou muito bem!

O reencontro virtual com ele, que durou apenas 5 minutos, foi o suficiente para jogar um balde de água naquela lama toda de algumas horas antes.

Esse será o saldo positivo do dia. Os acontecimentos ruins haviam até feito com que eu não me lembrasse mais do dia em que o vi pessoalmente pela primeira vez: 28 de novembro (acho que de 97).

Amanhã, pretendo relembrar, aqui, porque esse dia foi tão marcante em minha vida. Porque foi o dia em que retomei contato com minha querida e saudosa Ju...

Naquele ano chovia e fez frio. Me lembro ainda de todas as cenas...

Nossa! Como eu sou FELIZ hoje, comparando a aquele ano!

Continuam aqui registradas as considerações que fiz na manhã desta terça-feira, frisando apenas que ACHO que me enganei completamente em relalão ao amigo lusitano. Ainda não tenho certeza. Só o tempo dirá. Por enquanto, a impressão que eu tenho é de que me preocupei à toa mesmo.

Enfim... custou pouco. Só alguns cliques de mouse para deletar, bloquear. Não tenho mais contatos com essas pessoas e fico sossegada!


Fiz algumas correções na ordem dos textos de ontem.

Nunca pensei em tornar este blog privativo. Passei o endereço a algumas pessoas com quem quis dividir minhas impressões sobre a vida. Surpreenderam-me os comentários de alguns leitores anônimos, alguns dos quais se tornaram amigos. Na certeza de que não estou prejudicando ninguém, uma vez que só cito nomes reais de quem autorizou, vou continuar a manter o espaço em área pública.


Ainda tenho mágoas pelo embrólio todo em relação a amigos virtuais. Uma coisa é certa: não tem sentido manter contatos com pessoas que nos aborrecem, nos causam mal-estar, constrangimentos. Às vezes dói porque me apego às pessoas. Mas, analisando tudo que houve, é o momento de fazer uma coisa que as relações virtuais nos permitem muito bem: deletar!. Deletar, botar no ignore... É a grande vantagem da Internet.

Estou seguindo o conselho de meu grande e querido amigo Eduardo. Ele comentou: "por que você ainda fala com essa gente"? Realmente, são apenas "essa gente"...

A "amiga" mineira foi, sobretudo, de tremendo mau-caratismo. Incitou-me a me desentender com Benevides e também com o pobre do professor, meu vizinho. Assim como falo bem das pessoas, faço questão de registrar esse comportamento. Enquanto eu achava que Joaquim enfrentava algum problema de saúde, ela sempre frisou que provavelmente ele havia resolvido trocar de amigos.

De fato. Ele arrumou novas amigas sim...e só agora me contou delas. Não lamento isso.. ele optou por nao falar comigo durante esse período. Não me sinto ofendida. Ficaria feliz se esses romances tivessem vingado. Acredito que a profunda depressão em que ele disse ter mergulhado seja verdadeira...Eu o achei muito envelhecido, abatido demais. Acredito até que a gravidade dos problemas de saúde (física ou mental) sejam maiores. Também compreendo que para amigos mais próximos, nem sempre conseguimos relatar algo que, no íntimo, nós mesmos receamos. É o que me acontece em relação a Eduardo e Alice, dois dos mais queridos amigos reais. Já estive para falar a eles de Julius centenas de vezes. Não tenho coragem. Penso que o mesmo talvez possa ter ocorrido a Joaquim em realção a mim. Certo constrangimento, pois estaria sendo levado por um impulso. O coração dizendo sim, enquanto a cabeça diz nao.


No último final de semana, fui ver minha tia no Noroeste Paulista. Ela mora em uma cidade de uns cinco mil habitantes, a 500km daqui. Está com 87 anos e tem câncer. Fui me despedir dela. Encontrei-a serena, embora muito cansada. É a única ligação mais próxima que restou de meu pai, que tinha apenas mais uma irmã, falecida há uns 30 anos, no Japão. Titia tem um jeito muito especial de apertar as mãos e fitar os olhos quando conversa com a gente. Ela me disse que eu estou muito mais bonita do que quando me casei e frisou: "faça tudo que quiser e puder enquanto tiver saúde". Também frisou que quando ela morrer não precisamos rezar por ela. Observou que as rezas nada fazem pelos falecidos, que servem apenas para os vivos. Penso do mesmo jeito que ela.

sexta-feira, novembro 29, 2002

Táqui o e-mail que recebi. Ela comentou certa vez do receio de me escrever e eu postar. Não ia fazer isso, em consideração a esse ponto de vista. Mas agora que ela sumiu, nao vejo por que respeitar tal posição. Estou muito p... da vida. Não com a mentira, não com tudo que aconteceu. Mas porque eu estava disposta a perdoá-la. Iria perdoar e, durante esses dois dias, fiquei aqui, aguardando maiores esclarecimentos. Eles não vieram.


Gostaria de pedir desculpas por minhas escolhas. Tenho certeza que vc sabe
que abomino mentiras e sinto muitíssimo ter aceitado uma mentira que nao era
minha. Sinto mesmo, porque a partir daí passei a mentir também.
Até deixar de ser um segredo, não me pareceu clara a falta, já que a escolha
camuflava-se em "ajudar um amigo". Porém hoje vejo que não era esse o papel.
eço desculpas porque feri a sua confiança. Sei que nao justifica a minha
atitude, mas em nenhum momneto tive a intenção de prejudicá-la.No começo,
quando me foi pedido o sigilo, até me pareceu uma forma de proteção.
Ontem me senti como uma criança pega roubando frutas no quintal do vizinho e
agi de acordo com aquela idade ao afirmar a mentira e inventar outras sem o
menor cabimento. Fiquei acuada. Não sou boa com mentiras. Não queria admitir
a minha falha aos olhos de uma amiga.
Mais uma vez peço desculpas. Não foi idéia minha, mas errei em participar
dela. Desculpa


Ontem, por telefone, Joaquim falou apenas que ele não falou comigo todo esse tempo pois nenhuma vontade tinha de falar com alguém. Respeito essa vontade sim. Apenas não compreendo tanta falta de consideração, a ponto de não mandar pelo menos uma linha dizendo qualquer coisa. Nem sei mais no que acreditar.

Sobre o e-mail da amiga, ele achou que a referência bem poderia ser em relação a outra pessoa, o coleguinha jornalista a quem apelidei de Benevides Paixão. Minha quase ex-amiga mineira me comentou de comportamento estranho do coleguinha. Eu levantei a hipótese de tudo ser um engano, de alguém ter se apossado do UIN dele. Ela não admitiu tal possibilidade. Eu liguei para o tal jornalista e perguntei, textualmente, se ainda se comunicava pela Internet e, em especial, com ela. Ele negou. Tivemos uma longa conversa a respeito de vários assuntos. Um dos papos me emocionou muito. Lágrimas correram silenciosamente pela minha face pela forma como me disse que me admirava e respeitava. Falou que usa eventualmente o MSN. Senti que ele foi franco. Ela manteve o ponto de vista. Fiquei sem entender o que ele poderia ter dito a ela.


A resposta que enviei a "amiga" mineira (que foi omitido inicialmente, por um lapso):

Sinceramente, nao sei o que aconteceu. Não entendi qual foi a razão de tudo
isso.

Sei que em nenhum momento imaginei que vc estivesse se comunicando com
Joaquim.

Quando ele me falou, fiquei p... da vida.

E Glória foi mais franca comigo, por incrível que pareça....

Tento entender o porquê de ele ter interrompido os contatos comigo...Ele me
fazia confidências, dava conselhos, tinha um papo tão legal...

Quando comentei sobre o sumiço dele, foi unicamente por preocupação.
Imaginei que ele nao estivesse bem.
E de fato, ele não está mesmo nada bem. Levei um SUSTO quando o vi. Diria
que do ano passado para cá, ele envelheceu uns dez anos. Os braços parecem
menores e tem-se até a impressão que encolheu na altura. Independentemente
das razões que o levaram a querer evitar contato comigo, fiquei morrendo de
pena. Com certeza, o problema dele não é de simples
diabetes+colesterol+pressão alta... Te digo que ele está completamente SEM
VIDA! Infelizmente eu consigo enxergar isso... Neste momento, nao tenho
raiva dele. Só PENA.

Acreditei em boa parte das histórias que ele contou: sobre as razões da
viagem do ano passado e deste ano (a carioca e a paulista). Penso que eram
coisas tão descabidas que não teve coragem de me revelar. Achei-o
envergonhado, também feito um velho que se deixou enrolar por uma biscate.
Não sei se estou exagerando. Mas s foi algo bastante ruim.

quinta-feira, novembro 28, 2002

Havia prometido não reclamar da vida, não fazer considerações sobre coisas negativas... Por isto demorei a postar.

Não estou numa fase boa. Tudo me aborrece e não estou com tpm.

Na terça-feira, recebi telefonema do “Joaquim”. Desde que ele esteve aqui no ano passado, em maio, sumiu da internet. Creio que depois da viagem, falamos apenas umas três vezes. Durante este ano todo, estive preocupada com meu amigo, com a sensação de que algo não ia bem.

Conheci esse lusitano há uns cinco anos. Quem me apresentou a ele foi uma garota de SP, que era conhecida do Cuiabano. Logo nos tornamos grandes amigos. Eu pelo menos assim o considerava e gostava dos longos papos, pela internet. Houve momentos em que ele disse que eu era a melhor amiga dele. Eu acreditei.

Ele chegou anteontem de surpresa e quando me ligou, pediu telefone do hotel onde esteve no ano passado. Me prontifiquei a fazer a reserva e fui vê-lo à noite. Agora vejo que fiz tudo errado.

Fiquei tão feliz ao ter notícias dele que não parei para pensar. Achei que ele desejava me ver. Só agora caiu a ficha. Ele apenas queria o fone do hotel. Só deve ter me contatado agora pois precisou de mim. Nunca pensei que pudesse ser essa a razão.Isto porque duas pessoas que o conhecem garantiram que ele estava sumido também para elas. Entretanto, durante o jantar, anteontem à noite, Joaquim me revelou que elas sabiam de sua vinda.

Não entendi por que ele se escondeu de mim e resolveu me fazer “surpresa”.
Deduzo que seja porque ele sabe o quanto eu capto as coisas no ar, o quanto sou intuitiva e percebo a "aura" dos seres humanos. E a pessoa que eu vi ontem à noite está com aparência pelo menos dez anos mais velha do que aquela que encontrei no ano passado, quando fomos almoçar no Terraço Itália. Encontrei um homem envelhecido, de ombros curvados, todo enrugado, completamente sem vida. Os braços estão flácidos, sem tônus muscular e parece até que o gajo encolheu! Não consegui ter raiva. Só pena.

Agora, uma das amigas mandou e-mail dizendo que está arrependida por ter tomado parte da mentira... Ainda não sei o que pensar...

Vou lamentar a perda de todos esses “amigos”... Definitivamente, sao pessoas que me procuram numa hora de necessidade, em busca de alguma informação. O próprio lusitano fazia esse comentário em relação a essas amigas, dando a impressao de que eu era diferente. Salientava que a mineira era meio burrinha e o procurava como consultor informático nao remunerado. Eu tb me senti assim: usada em muitos momentos. Tanto é que tem fases em que escondo da metade dessas pessoas.

Mas há males que vêm para o bem.
No meio dessa confusao toda, revi meu conceito sobre duas outras pessoas. Consegui enxergar verdades. Quem parecia ardilosa e falsa se mostrou mais verdadeira e autêntica, dona de grande maturidade. Senti-me até envergonhada diante da grandeza dessa pessoa e, quando ela me contou, sobre guinadas na própria vida, diante de tropeções, passei a admirá-la.

Mas já me preocupei demais com eles. Ouvi intrigas de ambos os lados e segurei as pontas. Procurei ser amiga, não os julguei. Ao contrário: defendo que as oportunidades da vida devam ser sempre aproveitadas e os prazeres, curtidos a cada instante.

Pelo menos na terça à noite, Joaquim disse que me achou superbem, com ótima pele e corada. Com ar de felicidade. Não foi para menos. Apesar do cansaço, estava radiante. Deviam ser os hormônios. Madruguei para ver Julius. Com tantas correrias, talvez nem possamos nos encontrar de novo este ano. Dezembro e festas de fim de ano sao essencialmente familiares e há momento para tudo.

Comentando sobre "amor" e sentimentos com uma amiga, ela me perguntou se eu penso nele sempre, se eu sinto falta. Sinto falta sim. E me preocupo com falta de notícias. Olho pro céu e fico imaginando o que ele estará fazendo a esta hora. Mas estou tão serena e tranquila que não tenho aquela fissura de telefonar, de saber de fato por onde ele anda. Deve ser porque eu tenho a certeza de que eu sou igualmente importante para ele. Um olhar igual ao de Julius, só sentia nos primeiros meses de namoro com Dimas, lá em Bragança, quando eu tinha 13 anos.

Voltei ensopada do encontro matinal. Meus braços e pernas doíam. Mas me senti leve, quase que podia voar!


sexta-feira, novembro 22, 2002

Esqueci de dizer que ontem telefonei para um dos meus dois leitores fiéis. Ele está , se não me engano, no seu quarto blog. Sempre muda de endereço, provavelmente para fugir de alguém para quem se arrependeu de mostrar o que escreve. Há uns dois meses ele desativou o anterior, uma semana depois de me dar o endereço. Estava certa de que ele não agüentaria ficar sem postar. Dito e feito!

Foi legal saber que ele fez novo vestibular, desta vez para uma carreira com pretensões literárias. Desde o primeiro texto que li, eu disse ao rapaz que ele tem estilo. Só que, até escutar a voz dele, ainda estava duvidando da idade e de outros detalhes. Ainda o achei um tanto formal e sisudo para os 24 anos declarados, mas concluí que deve ser tudo verdade mesmo.

Ao ler o blog dele, tanto na forma como no conteúdo, fico com vergonha da falta de cuidado com que escrevo aqui. Casa de ferreiro, espeto de pau. Eh, eh, eh!

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Hoje fui almoçar com o "sócio" no Centro da cidade. Foi uma saída amigável, como as que temos ultimamente. Quando estávamos numa papelaria fazendo compras, um telefonema de surpresa. E a pergunta de sempre: "pode falar". Não pude deixar escapar a oportunidade. Fui para os fundos da loja e conversamos um pouco.

A esta altura, nem perco mais o rebolado. Mas depois procurei me controlar pois percebi que estava dando bandeira de tanto que meu humor mudou. Para melhor. "Ele" é muito mais cauteloso. Disse que não teve condições de me ligar antes pois precisou trabalhar em casa. Sempre nas entrelinha, aquela vontade de dizermos algo mais. Isso nunca acontece. Sempre me controlo. Ai, ai, ai. A vontade era de gritar bem alto como fiquei feliz só em escutá-lo. Eu estava tão carente. Ufa.. ainda bem que na segunda vamos matar saudades! Terei de adiantar o trabalho amanhã cedo e no domingo, quando voltar de viagem. Vai dar tudo certo!



O calor me trouxe uma baita enxaqueca, além de brotoejas e mal-estar. Fiquei sem disposição para nada. Tinha vontade de dormir, porém, o peso na cabeça não deixava. A situação se agravou com os helicópteros na minha janela tentando captar novidades sobre meus vizinhos famosos do 77 DP.
Quando comecei este blog, a proposta era de fugir de lamentações. Gostaria de falar apenas da alegria de viver. Por isto, evito escrever quando não tenho algo legal para dizer.
Hoje o tempo está fresquinho e ligeiramente chuvoso. Mas vou me animar para sair logo mais. Quero ir ao Bom Retiro comprar umas bolsas baratas que vi. Vou presentear minha mãe e minha irmã. Na verdade essa minha irmã é mais do que mãe para mim. Eu nasci quando ela estava já com 22 anos e devo muito a ela. Há muitos dias em que fico aborrecida com ela, mas sei que ela diz umas coisas meio chatas para o meu bem. Eu e ela estamos muito sensibilizadas esses dias devido à doença de nossa tia, irmã do papai.
Tenho lembranças muito singelas dessa tia. Quando eu era criança e morava com minha avó, que é mãe dela, ela vinha nos visitar trazendo aquelas bolachas sortidas em lata. Também me presenteou com muitos livros infantis (livros japoneses em encadernação cartonada). Mais tarde, quando ela soube que eu fazia crochê e tricô, comprava revistas com diagramas para trabalhos manuais. Vou sentir saudades dela. Gostaria de vê-la mais uma vez, conversar com ela... Espero visitá-la na semana que vem. Pretendia fazer isso amanhã (sábado), mas resolvi adiar para ir à festa comemorativa do meu genial sobrinho, que em breve se tornará um dos juízes mais jovens do Brasil. Para completar, passou em 2º lugar, a menos de um ponto de distância do primeiro colocado. Meu irmão está explodindo de orgulho. Vai chamar todos os amigos. Eu também estou orgulhosa dele.
Minha filha foi medianamente no Vestibular. Penso que irá para a segunda fase. Mas não dá para prever pois ela está tentando uma das carreiras mais disputadas este ano: oficial da PM. Como toda adolescente, está insegura e muda de idéia a cada instante. Procuro manter a isenção.

quarta-feira, novembro 13, 2002

Estes dias de novembro voaram sem grandes acontecimentos. Passei o endereço a um amigo que fui conhecer na semana anterior ao meu aniversário (acho que foi lá pelo dia 28.). Não escrevi nada a respeito dele, nem de outros contatos. Disse a ele, é que foi uma coisa rotineira. Na verdade, até que Geraldo (como ele não quer ser chamado.. eheheheh) é uma pessoa fora dos padrões. Começamos com alguns desentendimentos no PP. Tudo porque ele falou que busca uma mulher moderna. E que quem tivesse 55 anos e usasse tornozeleira estaria dentro desse padrão. Certa vez, quando freqüentava o Palmeiras, cheguei a ter uma tornozeleira de prata. Lembro que foi nessa época porque perdi na piscina. Sempre achei aquilo coisa de perua suburbana. Por isto contestei essa “modernidade” e disse que ele havia se enganado. E assim, entre tapas e beijos, depois de um longo telefonema, decidimos nos conhecer. Pessoalmente, achei-o melhor do que no perfil. Mais alto e mais simpático. Se não me engano, consta 1,68m (eu e minha implicância com baixinhos). Gostaria de ser amiga dele. Mas acho que não vai aceitar muito bem a idéia de só ficarmos nisso.

Ontem, Julius me ligou bem quando estava com Juraci, na José Paulino. Que droga. Não consegui falar direito. Fiquei completamente atrapalhada... Não deu pra disfarçar. Ai, ai, ai. Que saudades! É mesmo uma coisa mágica essa química. Uma dádiva dos deuses, como ele diz. Se é ambrosia, não dá pra ingerir todos os dias. Uma vez por semana seria boa dose. Mas nem sempre é possível. Suspiros.

sábado, novembro 02, 2002

Não dá pra manter um estado de espírito neutro quando a gente faz aniversário. Infelizmente nem tudo são alegrias. Tem muita gente chata não me entende. Aquelas pessoas que insistem num abraço, uma visita fora de hora. Tentei argumentar, explicando que não estava me sentindo bem, estava com uma virose, o diabo a quatro. Mas não teve escapatória. Quase às 19 horas, fui obrigada a fazer sala pra uma amiga,que veio me trazer um presentinho. E o pior: fiquei me sentindo péssima pois nem me lembrei em ligar pra ela, na semana passada, quando também aniversariou. Segundo alguns amigos, eu devo me sentir feliz por esse detalhe, pelo fato das pessoas me cumprimentarem, me procurarem.

Infelizmente, o estado de espírito interior, a amargura, acaba tornando algumas pessoas muito desagradáveis. Acabei me aborrecendo com uma velha amiga. Eu quis mostrar a ela minha alegria, minha esperança nos novos tempos, falar de minhas expectativas. E ela desceu montão de pedras em cima do programa "fome zero". Isso que é amargura! E ela não teria muito do que se queixar.´Acho que o problema dela é justamente esse: falta de problemas, falta de alguém a quem se dedicar, amar.

Alguns cumprimentos que mexeram comigo:

Rita escreveu:

"que continue a cuidar do seu coração com o mesmo carinho com que cuida de
outros corações, Felicidades permanentes."

E Alice:

"Neste dia especial desejo que voce se sinta realmente especial, porque e assim que a vejo e sinto e, com certeza, tem um grande
coro concordando comigo. Como o Quiroga sugere hoje, cure-se para ser feliz. Como e da sua sua natureza de nao esperar que as coisas caiam do ceu, muito menos, passar-se de vitima, voce realmente conhece o valor dessa dica,
pois sempre esta criando condicoes para ser feliz e deixando as pessoas do seu convivio tambem felizes. E mais, presenteia seus amigos o ano inteiro com sua garra de viver e motiva-nos tambem a dar gracas a vida. Muita alegria, saude e realizacoes. Um grande abraco, lindinha!"



Na véspera, minha querida amiga de NJ me perguntou o que eu achava da vitória do Lula. Vejam o que eu escrevi e o comentário dela:

"Pois é, menina..
A festa do PT no dia em que Lula foi eleito foi tão linda. O povo tão esperançoso e Lula tão feliz, que eu quero mesmo acreditar que vamos caminhar para mudanças!
Eu acredito muito na minha intuição, aquela que me faz ver algo diabólico em Ciro Gomes, malandragem por trás do olhar de Garotinho... e eu acho que, digam o que disserem, Lula tentará mesmo fazer o melhor. Se vai conseguir, não sei. Estou na torcida, minha amiga!
Eu acho, sobretudo, que não podemos ser contra a vontade da maioria. Acho que estamos vivendo realmente uma democracia. O povo fez uma opção consciente da escolha.
Claro que tudo vai ser difícil, diante de como andam as coisas... Os poderosos, os ricos estão, acostumados a ganhar muito... a explorar o povo. Mas eu acho que, com o que vem acontecendo nos últimos 25 anos que tivemos oportunidade de observar, tudo vem melhorando. Já pudemos votar em eleição direta para presidentes. E acho que Fernando Henrique consolidou mesmo a democracia e fez o que pôde para segurar as pontas.
Todo mundo critica o baixo nível de ensino, a aprovação automática nas escolas, em que muitos saem do ginásio mal sabendo escrever. É uma realidade. Mas nao era muito pior quando tantos jovens não tinham oportunidade de estudar? (Você deve se lembrar de tantos colegas que deixamos no meio do caminho). Pelo menos a chance agora é dada e quem quer, de fato, vai adiante. Ainda este é um país de grandes oportunidades!
Dizem que eu sou confuciana, uma eterna otimista. Acho que devo ser. Sou filha de imigrantes. Meus pais chegaram aqui porque não tinham condições de sobreviver no Japão. Quando minha família foi para Bragança, em 1954, deixou muitas dívidas na fazenda em que foram meeiros. Meus irmãos mais velhos concluíram apenas o 4 ano primário e eu e mais um tivemos oportunidade de chegar à universidade. Eu posso não ser rica, mas consegui estudar na melhor e maior universidade da América do Sul. Posso não ter bens materiais, mas hoje tenho chances de estar aqui, "falando" com vc pela Internet, de ter amigos no mundo todo. Posso nunca ter saído do Brasil, mas posso colocar a cabeça no travesseiro e dormir um sono gostoso...
Quanto à minha família... De nossa geração, saiu um secretário de estado e presidente brasileiro da empresa mais importante do mundo. Digo aos da próxima geração que eles têm como meta pelo menos ser ministro (rsrsrs).
Acho que não temos do que nos queixar da vida, não acha?
Amanhã, vou fazer 45 anos (por falar nisso, parabéns pra vc.. só agora me lembrei que vc aniversariou há um mês) e tenho quase o mesmo pique de quando tinha 18! Tenho uma filha muito inteligente e linda, que me enche de orgulho... Tive a oportunidade de encontrar muitos amores (ihihii), desde que era adolescente.
Lembro-me também de você, minha querida... do seu pai preto de carvão, das suas irmãs passando de madrugada para cumprir turnos na tecelagem. E vejo, diante dos meus olhos, a nova e sorridente geração, de olhos esverdeados e tão bonitos. A sua irmã missionária no Norte, a outra entrando no mercado de trabalho depois dos 50. Que coisa mais linda! Sem falar no emocionante caso do Lucas, para quem existe a chance de vida digna e útil, apesar de todas as limitações que a natureza lhe deu.

Eu tenho muita esperança, minha amiga! Estou animada!

“Nossa vc é otima só de ler o que vc escreve ja me da uma vontade loca de acreditar e ter esperaca mesmo .. vc e realmente um exemplo para muita gente que tem tudo do bem e do melhor e o unico que sabe fazer e besteria ... vamos, brasil, todavia depois do que vc disse eu estou com lula e nao abro . vou ser otimista e acreditar que sim brasil vai ser o melhor pais do mundo para se viver .. parabens pelo seu aniversario se deus quisera gente vai viver muito ainda para ver esse brasil e todos os brasileirs vivendo em um paraiso .. nao sei da onde vem a forca que vc tem mais deseja que vc tenha muita energia e muita felicidade e paz no dia do seu aniversario vc disse que se sente como uma de 18 pois bem eu me sinto como uma de 15 hahahahaha vamos quarentonas afinal estamos bem e temos muita mais muita experiencia nao e??? beijos bom dia boa noite e boa manha angelita”


sexta-feira, novembro 01, 2002

Hoje é meu aniversário. Estou tranqüila. Sem aquela angústia que me atormentou há alguns anos. Quando penso no número, às vezes me assusto. Parece absurdo! Mas tenho a pretensão de achar que estou mais ou menos na metade de minha jornada, em termos cronológicos. Em termos de “feitos”, acho que já realizei muitas coisas. Porém considero que vivi os últimos cinco anos com muita intensidade, em relação a sentimentos. Ainda tenho algumas lembranças melancólicas de outros aniversários. De horas à espera de um cumprimento de alguém especial. Hoje, vejo que essa coisa de datas é mesmo uma grande bobagem. Ontem, não comentei nada com Julius. Para mim, a sensação de que estávamos muito felizes juntos foi mais importante do que qualquer presente ou cumprimentos forçados. Mesmo porque cumprimentos me constrangem um bocado. Só quando há um nível de intimidade especial, a coisa muda de figura. Na sexta-feira, meu amigo “Eduardo” fez questão de dar um presente adiantado. “A vida íntima das palavras”. Nossa... foi o presente certo pra mim! Adoro ganhar livros! Odeio pessoas que me dão qualquer coisa de presente, só pra bater ponto. Vocês não imaginam cada coisa que eu já ganhei... rsrssrs... A coisa mais estrambólica foi uma poncheira de barro, que hoje uso como cachepô. Ela é marrom e tem uns 80cm de diâmetro. Ah... também ganhei dois pilões. Um grande, que também serve de suporte para plantas, e outro menor, de mesa, que uso como quebra-nozes. Todas essas coisas, eu ganhei porque fui hipócrita. Elogiei as pessoas que tinham casas decoradas com esses objetos bizarros.

quinta-feira, outubro 31, 2002

Hoje, novamente, fui ver Julius na S.Efigênia. Foi um sufoco, mas uma delícia. Ficamos por ali das 15 às 18 horas. Apesar da apreensão, voltei tão feliz como quando fazemos outros programas. O lugar não é nada romântico, as ruas são horríveis, aquilo parece o Paraguai. Mas achamos uma galeria escondida onde pudemos nos sentir como pessoas "normais", livres. Tomamos suco, eu encaixada nas pernas dele, que ficou num banquinho. Quando apertava a mão, podia sentir o coração palpitando. E em público, aquele jeito disfarçado de segurar a mão, de colocar a mão no meu bolso, na cintura, por baixo da blusa, morder meus dedos. E, no final, cavalheiro como sempre, ele diz: "uma delícia a sua companhia". Entendi exatamente o que ele quis dizer: que a simples companhia também podia ser boa, sem que rolasse algo mais. Só deu pra nos beijarmos na despedida... mesmo assim, no meio do trânsito, sem condições de encostar o carro direito. Que pena essa parte. Mas vou ter alguns dias mais serenos depois de termos nos visto hoje.

quarta-feira, outubro 30, 2002

Continuo tentando ser eu. Nem sempre é fácil. Mas não tenho medo de ser feliz com o novo presidente. Fiquei emocionada com a festa petista e também com a entrevista ao JN no dia seguinte, com o brilho nos olhos de Fátima e William. Um amigo virtual me qualificou de “confuciana”. Sim. Com tudo por que passei até hoje, ainda sou esperançosa e otimista. Acredito que Lula vá batalhar pelo fim da fome, sim!

Esqueci de contar que na sexta-feira fui ver a exposição sobre a China, na Faap. Também fiquei emocionada. Estranha a sensação de ver antigas obras de arte, pensar nos guerreiros de terracota. O pensamento realmente voou ao refletir sobre as idéias que podem ter povoado os artistas da época, os donos do poder. Como em todas as civilizações, aquela necessidade de preservar as conquistas e a posição deste mundo num suposto além.

Depois da exposição, fomos ao shopping, onde jantamos no Viena. Passeamos, olhamos vitrines e meu amigo me presenteou, antecipadamente, com um livro que tem tudo a ver comigo: “Vida íntima das palavras”.

Sempre que vou a esses lugares, fico pensando como tudo poderia ser diferente em outra companhia...


domingo, outubro 27, 2002

Quarta foi aniversário de minha amiga Rita. Ela me intimou a ir a um barzinho em Moema, onde comemoraria. Justamente no dia em que combinei de encontrar Julius! Comentei o detalhe e ela ficou botando lenha na fogueira para que o levasse. A idéia me empolgou, mas fiquei sem saber como dizer isso a ele. Mil pensamentos passaram pela minha cabeça. Tive medo de espantá-lo, parecendo que o forçava a assumir algo. Tentei falar naturalmente, na terça à noite. Disse que tinha um compromisso inadiável. Ele se atrapalhou, disse que o dia seria puxado para ele, então, poderíamos nos ver na quinta. Quando estava a caminho da festinha, não resisti e liguei pra ele. (Por isto digo que sempre vale a pena tentar, apelar pra sorte). Ele estava vindo naquele momento para SP. Vinha mostrar um projeto pro sócio. Disse que me ligaria quando terminasse a reunião. Dali a uma hora, o celular tocou. Queria saber o endereço e até que horas ficaria lá. Dali a mais uma hora, novo telefonema. Disse que estava na esquina. Pediu pra sair lá fora. Perguntei se não ficaria. Disse que não poderia se demorar. Mal me despedi do pessoal e corri ao encontro dele. Achei que ganharia só uma carona pra casa. Mas, que nada! Há tempos que não tinha uma noite tão intensa. Na verdade, foram pouco mais de duas horas, mas o suficiente pra eu ficar quebrada por dois dias! Acho que foi o “Lichia Paradise”. Vejam o que ele escreveu:

Você com um ligeiro gosto de álcool na boca, foi gostoso....o mesmo cheiro, o mesmo sorriso, o mesmo prazer.. intenso, explosivo, indescritível... mas assim são as coisas do coração, do tesão, do prazer... um sorriso nos lábios quando nos lembramos...

segunda-feira, outubro 21, 2002

Para a posteridade, quero deixar aqui uma cópia de e-mails muito inspirados que recebi de meu grande amigo, passeando pelo Rio de Janeiro. Ele é fantástico. Mas, nestes dias de férias, sinto-o especialmente sensível.

Agora estamos no momento mágico do crepúsculo, quando o sol empresta seu dourado para as sensuais curvas das montanhas do Rio de Janeiro. Não é coincidência que a cidade é muito sensual: as curvas se repetem na faixa de areia, nos calçadões, nas ondas do mar e, para os mais detalhistas, nas folhas e nas nuvens, poucas, que enfeitam um céu quase sempre azul.
Gosto do Rio tanto o cosmopolita e cultural da zona Sul quanto o suburbano e provinciano da zona Norte. Adoro ver as casinhas simples e antigas, com forte característica lusitana, sombreadas por vigorosas mangueiras e jaqueiras. Quase sempre repletas de frutas, lembrando uma fartura muitas vezes esquecida. Estão lá, vivendo.
Mas sinto que esses dias de Paraiso, com adões malhados e evas saradas, desfilando suas belezas impudicas pelas areias das praias e pelos corredores dos shoppings estão terminando. Sinto já uma certa impaciência em retomar aqueles velhos projetos que nunca se desenvolvem. Será que preciso voltar? Cansa ficar sempre querendo recomeçar e recomeçar e não verificar nenhuma mudança. Acho que cansa também tomar decisões. É algo que, definitivamente não quero tomar nas próximas 24h.
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Ontem não tive oportunidade de chegar perto do computador. Afinal, aqui no Rio, decidiram emendar o feriado de sábado, dia de Nossa Senhora Aparecida, com o de terça-feira, Dia do Professor. Assim, as aulas de meus sobrinhos só começam na quarta-feira. As praias, cheias de gente bonita. Enfim, o Rio e os cariocas continuam os mesmos...Vai,você em São Paulo decidir emendar um feriado que cai no Sábado com o "Dia dos Professores" da terça-feira...
Adorei sua sugestão de site. As crianças vão adorar. Sinto-me aqui um pouco como no antigo Egito: adoram o gato. A "pessoa" mais bem tratada e mimada da casa. Só faltam render tributos ao gato da casa, o Pipo. Ele é extremamente calmo e pouco mia. Engordou muito desde a última vez que estive no Rio. Adora entrar em caixas e saquinhos plásticos.
Neste final de semana conseguimos uma caixa relativamente ampla para construirmos uma maquete do Teatro Municipal do Rio (que ainda não terminamos) e não é que o Pipo resolveu "alugar" a caixa? Tudo bem, depois da exposição de maquetes, ele será o único gato do Rio que terá uma réplica do Municipal como residência. Isso se meus parentes não aceitarem minha idéia de comprarem uma pequena casinha de cachorro para o gato. Eles adoraram. Imagina, um gato de apartamento dormindo em uma casinha de cahorro!
Pelo seu e-mail, percebo que você está mais animada. Fico feliz. Obrigado também pela dica com respeito ao e-mail.
Também estou preocupado com minhas plantas, ou o que resta delas, devido a intensa onda de calor que tem assolado a região sudeste. Também tenho torcido para uma frente fria. No Rio, apesar do intenso calor, há uma agradável brisa soprando.
Agora vou tomar meu café da manhã e, render tributos ao gato...

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Hoje a tarde no Rio está extremamente quente, sem uma nuvem no céu. Linda e quieta. Sem vento.
Como passou o feriado? Espero que tenha saído e se divertido muito. Por aqui, fomos ao shopping, fomos ao shopping e, nas horas vagas, fomos ao shopping.
Brincadeira. O Rio realmente é muito bonito, até as plantas parecem mais verdes e viçosas. Que se dirá das pessoas...É claro que a pobreza avança a olhos vistos nas vias de maior tráfego. O que ontem era um terreno baldio, hoje é um edifício-colagem, caótico de quartos, salas e corredores tortuosos, varaus e galinhas.
O trânsito também não está tão diferente de São Paulo. Embpra minha irmã tenha reclamado muito do calor, estranhamente, eu e minha mãe temos o considerado mais suportável do que o clima em São Paulo. Mal sabem os cariocas o que é o microondas que nossa cidade quatrocentona está se transformando.

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Ontem visitamos um novo shopping na Barra que soube utilizar a mão de obra carioca, especialidade em criar magníficos carros alegóricos para o Carnaval, para reproduzir com muito bom gosto, réplicas de pontos turísiticos de Londres, Paris e Veneza. Embora as lojas sejam um pouco fraquinhas, o conceito de um shopping aberto e com as alamedas lembrando de forma "fake" aquelas cidades do Velho Mundo, acaba tornando-se um passeio agradável. Principalmente quando você encontra atores representando Napoleão, Josephine, caçadores de troféu ingleses carregados na jaula com gigantes gorilas, etc.
Acredito que amanhã devo retornar a S. Paulo, embora ainda não tenha idéia da hora em que partiremos. Fico triste, por um lado, mas preciso retomar minha vida por aí.
Espero que esteja tudo bem com você, embora seu riso maroto tenha me colocado uma "pulga atrás da orelha".
Vamos ver se conseguimos nos encontrar ainda nesse período de férias e dar boas risadas.
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Terça-feira encontrei Julius no shopping. Foram pouquíssimos minutos.queria parar o relógio, queria segurá-lo mais. Andamos em círculos, nos atrapalhamos pra tomar café. Fomos a dois caixas eletrônicos. Ele me apertando na escada rolante, me beijando a nuca, me puxando pra ficar perto dele no quiosque do banco, disse: “Não quero você longe, nem um pouco”. Fico com o coração apertado. Veio ver um trabalho novo e acho que foi maior furada. A outra tentativa, em Campinas, também está dando zebra. Mas ele não se queixa, só conta um pouco quando pergunto. Do mesmo modo, não fala muito dos problemas com a família. Está certo ele de não ficar despejando as coisas. Fico um pouco curiosa, queria saber mais. Mas sei que é melhor assim. Já basta a outra experiência que eu tive, de me envolver com alguém que dobrou a carga dos meus ombros, que aumentou a minha tristeza...

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Na quinta-feira, Nik@ me contou que arrumou um novo amigo. Me passou um trecho do e-mail que recebeu. E adivinhem só... O Budista! Nossa, esse homem me deixa maluca de tanta curiosidade! Preciso descobrir qual é a verdade! Uma loucura fascinante!

quinta-feira, outubro 10, 2002

Ultimamente não consigo falar só de coisas boas. Tá difícil...

Vejam o que escrevi para meu grande amigo Eduardo. Logo a seguir, a resposta dele. Mas tentei enviar meu recado a mais gente. Uns não entenderam, outros me ignoraram... Fábio também ouviu meu apelo e me escreveu. Duas vezes. Uma ontem à noite, em pleno trabalho às 21h. Fiquei emocionada. Chorei de novo. Mas levantei a cabeça. Mas continuo me irritando. Com os que pensam que eu não sou PT e com os que têm certeza que eu sou PT. Que droga!

Nessa confusão toda, não consegui contar nada a Julius. Dois desencontros... Vamos ver na segunda...


Estou agoniada. Não sei bem se é o calor, o resultado das eleições ou o que. Acho que o clima geral, de baixo astral, está me conduzindo. Estou tentando levantar a cabeça e trabalhar. É duro lidar com humor quando a gente está sem humor algum, ou melhor, de muito mau humor.
Comecei mal a semana, ao ligar pro Alberto. Havíamos ficado de nos ver no dia da eleição, mas eu não o procurei pois senti que não seria bom para mim. Sabia que ele votaria no Maluf e no Cunha Bueno. Não estava a fim de discutir o assunto. E dizem que "política, futebol e religião não se discute". Ao mesmo tempo, fiquei me sentindo culpada por não ter forças para prestar um gesto de solidariedade a quem tanto espera de mim. Eu sei que represento para ele muitas coisas positivas. Ele costuma dizer que eu sou hoje o único elo de ligação que ele mantém com o mundo culto e civilizado.
Enfim, na segunda, liguei para o Alberto. Ele começou perguntando se candidatura do coronel Ubiratan por acaso fora impugnada, pois ele tentou votar nele e não conseguiu. E acrescentou que votou no Conte Lopes. Eu fiquei chocada. De repente, numa cena de há uns 23 anos, lembrei-me dele, no apartamento da Pedro Taques, recomendando a votação para Luísa Erundina, para a Câmara Municipal. Foi a primeira vez que ouvi falar de uma fantástica nordestina, formada em Ciências Sociais, e defensora das causas do povo. Votei nela e a minha faxineira também.
Fiquei muito triste. Até chorei, depois de dizer para ele tirar o ódio do coração, não defender a pena de morte e a propagação de mais ódio. E ele ainda comentou do meu irmão, se eu acharia justo se acontecesse alguma tragédia similar ao massacre do Carandiru e ele fosse incriminado como o coronel Ubiratan. Aí, me lembrei de um reveillon que acabou com 3 mortes, em Venceslau, depois da passagem do ano com negociações. Foi consequência de horas de estudos estratégicos para solucionar o problema com menos sangue... A família toda reunida, acompanhando dezenas de telefonemas ao longo da madrugada. E comentei que eu, com tudo que tenho acompanhado, ainda acredito na recuperação do criminoso e procuro fixar na mente as histórias positivas. Citei até o caso de um ex-caminhoneiro, que matou umas cinco pessoas, e é hoje um exemplo de liderança e trabalho na cadeia de minha cidade. Aí, o Alberto falou: "e as família dos que ele matou"? Então eu respondi que não sei dessas famílias e que não seria matando o sujeito ou o deixando em condições desumanas que se reverteria o que ocorreu. O mais importante é que agora ele resolveu mudar e colaborar para possibilitar vida mais digna a outros detentos, que também têm famílias. Lembrei também que no massacre do Carandiru as vítimas foram casuais. Terminei dizendo ao Alberto que ele teve a capacidade de estragar meu dia e talvez a minha semana, contaminando com tanto baixo astral. Ele se desculpou. Eu chorei bastante depois disso.
Lembrei-me de tantas coisas... até da briga que tive com certo “jurista” sobre o tratamento humanitário dado aos detentos.


Sua mensagem foi a única que recebi neste novo e-mail. Signfica que você é uma amiga fiel e que o pessoal de Informática do instituto não sabe escrever "yahoo" de forma correta, já que pensei que o processo de aculturação norte-americana estava mais avançado e só repassei o e-mail por telefone. Resultado: centenas de mensagens importantíssimas, que poderiam até conter o segredo para o sucesso futuro da humanidade, foram para o espaço junto com a família Robson e o Dr.Smith. O Robô foi visto recentemente em um baile funk do morro da Mangueira passando-se por segurança.
Recebi sua mensagem e fiquei surpreso com sua reação às palavras do Alberto. As vezes imagino a amizade como um passeio que se faz a dois. No nosso caso, o passeio é agradável, divertido,cheio de bom humor. Afinal, rimos de nossas mazelas e incertezas como se elas fizessem parte de uma ampla obra literária escrita com certa ironia por Deus. E esperamos que nossas vidas continuem uma comédia leve por muitos e muitos anos. Afinal, quem gostava de tragédia não eram os gregos? Aqueles homens que andavam de sainha e... deixa prá lá.
Mas acho que você não deve ficar triste. O Alberto talvez esteja tão envolvido no labirinto que criou que nem o fio de Ariadne o ajudaria a sair no momento.Espero que ele sobreviva ao encontro como Minotauro. Talvez até já se tenha transformado nele, já que você observou a mudança pela qual ele passou nesses anos. Você tentou mostrar a saída do labirinto mas talvez ele não queira sair. Já pensou nisso?
Toque sua vida com prazer. Seja a adorável Sue Lee de sempre. Seja a adolescente danadinha que apronta em silêncio e fica depois dando risinhos tímidos. Seja a Suely destemida e corajosa que saiu de Bragança para mergulhar na cidade grande, ou pelo menos na Santa Cecília ou Santa Ifigênia. Seja a Suely admirável, prestativa, responsável, inteligente, generosa e acima de tudo, bem humorada.
Você é muito mais que esses problemas rotineiros e mesquinhos que surgem para dar um tempero à vida. Portanto, olhe pela janela, veja o lindo dia que está fazendo, veja como a cidade, uma vida coletiva, vai se arrastando e digerindo o dia. Veja com carinho sua filha e como, em muitos momentos, ela te deixa orgulhosa mesmo que você não queira. Veja o carinho e a compreensão de seu marido e o caminho que já trilharam juntos e as risadas que forneceram ao mundo. Quantas pessoas tristes não sorriram por meio e graça de vocês.
Pense na força e energia que possui para transformar o mundo. Ou pelo menos a sala ou a mesa de trabalho. Mas também vá ao seu tempo e não se cobre por aquilo que está além de sua responsabilidade.
Um abraço ensolarado e com brisa de mar para você