sexta-feira, maio 31, 2002

Tive uns dias meio tristes, apesar de ter sido aniversário da Paulinha ontem. Fomos comemorar num restaurante legal, apenas nós três. Pelo menos agora fazemos isso sem estresse. Só essa situação é motivo de muita alegria para mim, principalmente quando me recordo de outras datas semelhantes em que eu ia buscar alguma alegria nem sei onde.

Fora isso, ontem também fez um ano que faleceu um dos meus irmãos. Por esse motivo, fui ao templo budista, na Liberdade para tomar umas providências de homenagem póstuma. Nós não somos religiosos, mas há aquelas coisas de tradição. Quando ele faleceu, não fizemos nada pois minha cunhada é evangélica. Ficamos observando os pastores, quietinhos no nosso canto. Porém, agora bateu uma saudade e senti um lugar vazio no oratório que minha mãe tem na casa dela, em Bragança. É que, segundo a tradição budista, as pessoas recebem um "nome póstumo", chamado "kaimyo", que vem transcrito numa tabuinha, e que é atribuído pela pessoa responsável pelo "bispo" do templo.

Eu, sinceramente, não acredito em nada pós-morte, porém gosto de sempre acender pelo menos um incenso diante do oratório, quando vou à casa de minha mãe. Aliás, é uma coisa que todos visitantes da família fazem em primeiro lugar, depois de cumprimentar os vivos.
Para mim é um jeito de acentuar a lembrança, amenizar a ausência. E eu não achei justo ele ficar assim esquecido só porque minha cunhada é evangélica. Afinal de contas, antes de ele se casar com ela, era filho de meus pais e nosso irmão.
Como eu sou a pessoa mais desocupada desta família e a que melhor consegue se comunicar em japonês, na segunda-feira liguei para o templo e me informei sobre as providências. Reuni os dados necessários e na quarta fui lá buscar o tal "ihai", que é o nome da tabuinha com o "kaimyo. Fui com uma amiga que mora perto de casa e que trabalhou comigo na Folha. Além de jornalista, ela se formou em Letras e Cultura Japonesa. Assim, ela me explicou algumas coisas que eu não conheço sobre facções do budismo, além de me fazer companhia para o almoço, em uma casa de "lámen", na Galvão Bueno. Depois, fizemos compras e botamos papos em dia também.