domingo, setembro 03, 2006

Aurora

Não sei se são preocuopações, divagações ou fugas. Só sei que tenho sonhos mais estranhos e "decorrentes" do que a maioria. Alice comentou que pessoas criativas têm até sonhos mais criativos. Seria meu caso e o de Eduardo.

Esta noite, sonhei novamente que estava no primeiro apartamento em que morei em São Paulo, com minha prima. Só que não vi minha prima nem as outras colegas que dividiam o espaço conosco. Apenas o lugar sabia que era aquele. Mas era mais amplo, com enormes janelas, muito bem iluminado. A época era aquela. Soube por outras pessoas queminha prima agora tinha um negócio próprio, era cabeleireira. Aí, de repente, me lembrei agora de como eram lindos os cabelos dela. Muito longos e sedosos. Mas, na época, eu achava impróprio. Eu tinha 18 anos e ela, 32. Achava-a velha demais para aqueles cabelos. Essa prima morreu dois anos depois, aos 34 anos. Não chegamos a ser amigas devido à diferença de idade. Mas tenho imensa saudade.


No meio da semana, sonhei com minha mãe. Só que desta vez não anotei e o sonho foi pro espaço. Ficou apenas a imagem de como a vi. Ela tinha por volta de 60 anos e estava muito, muito magrinha. Fraquinha de tão magra, como nunca esteve em toda a vida. Os cabelos eram pretos e usava um vestido preto, coisa que ela nunca gostou. Minha mãe teve poucas roupas pretas. Nenhuma comprada por ela mesma. Ela tossia e assoava muito o nariz. Estava exatamente com o problema que eu tinha na ocasião do sonho: nariz e olhos muito secos devido a este tempo sem umidade.

Quando tenho esses sonhos, é nítida a sensação de que as pessoas dos sonhos tentam se comuncar comigo, me passar alguma mensagem. Da minha mãe, senti uma espécie de puxão de orelha, talvez por não cuidar mais de mim mesma. Claro que tudo isso vem do meu próprio inconsciente. Estou consciente disso.

Ontem saí com meu grande amigo Edu. Fomos à Liberdade, fizemos compras, rimos, nos divertimos, fofocamos. Comemos uma mousse de chá verde e tomamos café no Itiriki, que estava lotatíssimo. Consegui falar apenas um quarto do que tinha pra falar. Mil fofocas e apreensões dos últimos meses, desde que começamos a famigerada "c r i s e de maio". Mas contei pelo menos uma ínfima parte dos temas que não posso abrir pra ninguém. A possibilidade de um acontecimento bombástico, anunciada por uma fonte, me deixou muito apreensiva. Tomara que seja apenas boato.

Gostaria de ter contado a ele também sobre meu brinquedo novo. Mas não tive coragem. Ele estava um tanto cansado, sério demais para entender minhas traquinagens. Motivo dessa seriedade eu só fui saber na nossa despedida, quando ele me confidenciou que a mãe dele agora usa um andador para caminhar. Saber disso me deu um aperto enorme no coração. Lembrei-me dela no primeiro aniversário da minha filha. Tão dinâmica, preparou sozinha quase todos os quitutes. Doces maravilhosos, bolo divino. Enfeites fantásticos. Tinha bolachinhas de joaninha, todas pintadas a mão com gotinhas de chocolate, entre outras coisas. Na época, ela andava pra todos os lados com uma Brasília... Desde então, se foram vinte anos. Agora, eu e Edu estamos quase com a idade dela na época. E ela, virou uma senhora idosa. Custa-me a aceitar pois o espírito e a voz dela continuam iguais. Muito alegres... Há duas semanas ela está no RJ, com irmã de Edu. Não sei se voltará para a casa da Mooca. Edu já pensa na possibilidade de morar só. Ou talvez se mudar para o RJ. Me deu vontade de chorar, mas torço por um final feliz. Espero que seja daqueles males que vêm para o bem. Tomara que o problema mais grave de mãe de Edu seja apenas esse. Que tudo isso esteja acontecendo para unir mais a pequena família.

Por falar em uniões de família... Depois que meu irmão deixou a pasta, temos nos comunicado quase que diariamente por e-mails. Minha sobrinha Fá também está todos os dias no g-mail ou no msn. Nesses contatos temos falado mil coisas que jamais conversamos pessoalmente. Mas a fofocação familiar anda meio perigosa. Preciso maneirar. Principalmente nos comentários com minha irmã.

Não tive coragem de comentar ainda sobre o meu brinquedo. Confesso aqui, abertamente, que finalmente aderi. Comprei uma webcam. Modelinho simples, mas com som. A imagem é boa. Custei a descobrir que o foco era ajustado girando a lente. Essa observação levou um amigo a comentar se eu não teria algum antepassado que se perdera da Costa Ibérica no Mar do Japão.

É evidente que é muito legal brincar com a webcam. Se não fosse, não teria tanta gente usando. Como eu cheguei a isso depois de tantos anos de internet e contatos virtuais? Sucumbi aos apelos de um amigo, o Li. A partir de agora, tentarei falar mais abertamente dele aqui, sem o medo de espantar o moço. Eh, eh, eh. Ele não lê mais este blog mesmo...

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Voltando à mãe de Edu. O nome dela é Aurora. Sempre evito citar nomes verdadeiros aqui. Mas, neste caso, não posso deixar de mencionar. Sempre achei esse nome muito lindo. De cara me lembrou aquela fadinha gordinha da Bela Adormecida. E dona Aurora sempre teve mãos de fada. Maravilhosas para quitutes e trabalhos manuais. Foi vítima de muitas injustiças. Por amar demais...
Conheço mais duas outras Auroras. Essas são tristes, sombrias. Inclusive nas vozes. São muito amadas, protegidas e poupadas pelas famílias.