sábado, dezembro 08, 2001

Sexta-feira entreguei os pontos por volta das 18h (pudera... dormi apenas umas 4 horas na outra noite). Acordei às 22h30 e identifiquei duas ligações para meu celular, com intervalo de 3 minutos. Os dois números eram da mesma área, do interior de São Paulo. Retornei no sábado. Em ambos, vozes femininas. Uma delas é da cidade onde mora a mãe de Julius. E o nome, da mulher dele!
Coincidência? Pouco provável.
Terá sido ele? Não creio. Nunca me ligou sexta à noite...
Tomara que não dê nenhuma zebra!
Pois é.. não teve a noiteda semanal com Julius. Mesmo assim, na sexta, não faltou uma poesia.

No encontro com o Budista, quando, se defendendo no ataque, me falou que eu estava sozinha por ser desconfiada, disse a ele que não é verdade. E que eu tinha a certeza de ter encontrado o homem da minha vida. Não foi mentira. Não resisto a tantos versos!

Da janela vejo o mundo,
paulicéia engarrafada
cinzentos seres perdidos
sentidos embotados
engravatados e enfadonhos
tristonhos e perplexos.

Da minha janela quadrada
vejo o mundo redondo
bola da vez sem regras no jogo...

Da minha janela transparente
vejo um mundo sem cor
muro impenetrável para um coração carente..

Da janela da minha alma
vejo um céu sem propósito
depósito de esperanças de um povo..
mas de novo espero e proponho
um mundo colorido sem fronteiras.

Da janela da minha alma
vejo pessoas sem futuro
vejo o futuro da minha raça comprometido
por capitalistas desvairados
que permitem crianças serem trucidadas
ainda no ventre
ainda semente
somente pelo lucro...

Da janela do meu micro
vejo um mundo instantâneo
resolvido e alienado
permitido e condenado
pela superficialidade
da transitória solução dos displicentes.

Da janela do meu coração
vejo sentimentos equacionados
regras, números, estatísticas,
cabalísticas profecias
de um mundo resolvido.

Da janela do meu prédio
nada vejo pois que outro já me oculta
apenas uma parede insensível
como vejo o que não vejo em tantos outros...

Da janela da poesia
ousadia nos espera
idear soluções harmônicas...

Você despertou-me a poesia
e com ela traço, refaço, sonho,
vou ao teu colo num pensamento
e sou feliz pelo eterno momento
em que me encontro em teu sorriso.

Das janelas de outros seres
vejo olhos suplicantes
prédios balouçantes
carros e viajantes
humanidade sem direção
como eu sem minha musa..

Toma-me em tuas mãos
e me desconstrua
para refazer-me
verso a verso
em teus lábios,
em tuas letras,
em tuas coxas,
em teu sexo,
em teu gozo....

Toma-me em teus braços
e me aconchegue nos teus seios
dê-me o leite da vida,
o motivo do oxigênio,
o sentido das horas perdidas,
a inspiração perseguida.

Toma-me em tua alma
e expulse de mim este mundo chato
que insiste em residir na memória próxima
que cobra atitudes indesejadas
que me reduz a mais um rosto sem identidade...

Toma-me em teus lábios
e dê-me com tua língua ardente
a mordida que acorda
para tempos impolutos.

Toma-me em teu ser
e deixa-me ser
tão somente minha essência
que prometo te pertencer
de hoje até o sempre...

Toma-me em teu ser
e permita que eu seja
tão somente minha essência
que prometo te pertencer,
do modo que você deseja:
pueril como a inocência.
No meio desta semana de muito cansaço e correrias , em que nem tive tempo pra ir fazer uma massagem, uma surpresa: um e-mail do meu grande amigo avisando que viria ontem a São Paulo e passaria a noite aqui. E um inusitado convite para uma sessão de massagens. Avisou-me para providenciar os "óleos" pois não traria a maleta de assessórios. Fiquei atônita com a idéia de receber massagens. Não podia acreditar no que meus olhos leram. Fantasia? Jogo? Pelo sim, pelo não, a idéia me deixou ouriçada. Lembrei-me de um "óleo para massagens" da Natura e coloquei na bolsa para ir vê-lo.
Não fazia muita idéia do que rolaria, mas fui preparada para tudo, pelo menos com uma langerie adequada e uma roupinha prática, que não amassasse.
Ao anunciar, no hotel, o recepcionista avisa que ele descerá em 5 minutos. "Descerá?" - pensei comigo: "Isto significa que vamos jantar no salão, comportadinhos?"
Não! Foi simples gesto de cavalheirismo. Nos cumprimentamos com abraço apertado. E subimos. Com ar maroto, mostrei o óleo. Cinco minutos de papo e ele ajeitou a cama, avisando pra tirar a roupa e me deitar, que iria iniciar as massagens. "Tirar a roupa?" - perguntei, me fazendo de besta. "Pode ficar com as roupas íntimas" - avisou ele com ar profissional, enquanto se despia também.
Não é que o homem entendia mesmo de massagens? Ai, que delícia! Enquanto bezuntava as mãos de óleo, começando pelos pés, subindo pelas coxas e tudo, conversávamos amenidades. Nem tínhamos muitos assuntos a colocar em dia. Afinal, "conversamos" com bastante freqüência pela Internet.
A sessão levou pouco mais de uma hora. Ponto culminante foi quando ele me mandou virar de barriga para cima. Escondi o rosto com uma toalha. Morri de vergonha. Pensei nas mil coisas sobre as quis conversamos ao longo destes cinco anos. Lembrei-me de papos mais picantes que tivemos sobre sexo pelo Freetel.
As mãos macias e ágeis subiam e desciam, dando voltas por todo o corpo. Tapinhas profissionais, gestos idem. Ele de cueca em cima da cama. E eu rindo, entre nervosa, excitada e constrangida.
Já estava achando que não ia acontecer mais nada, quando me ofereci a retribuir a "terapia", do meu jeito. Eh, eh, eh…Comecei pelos ombros, passei pelo pescoço, pelos braços. Quando passava pelas mãos, às vezes ele apertava as minhas. Sensação boa, aconchegante. Diferente das outras que experimentei naquela situação, ou seja, quase pelada, em cima da cama. Parecia que ele estava gostando sim. Mesmo assim, só deu pra ter certeza quando rolamos abraçados. Abraço gostoso, quente, macio. Estava ele de cuecas e eu de calcinha ainda. Aí, falei que achava melhor tirarmos o resto das roupas... E.. pronto! Superei o bloqueio, ainda constrangida. Os invevitáveis pensamentos femininos de sempre. E fiquei tentando ler a mente dele, enquanto ia às vias de fato.
Depois disso, nos curtimos mais um pouco, enquanto o papo fluía naturalmente. Não senti as horas passarem.
Não foi uma maratona em busca de vitórias.
Não houve delírios, promessas ou sonhos.
Mas foi muito gostoso.
Ele disse que adorou. Eu acreditei.
Sei que cheguei ao hotel às 22h e voltei para casa às 3. Por mim, quase aceito o convite para amanhecer por lá. A vontade era grande. Mas o coitado tinha de se levantar antes das seis, para pegar o vôo das 08h30.
Ufa! Mais um preconceito que superei! Transar com um amigo pode ser uma coisa deliciosa, sem que isso macule o relacionamento e/ou traga pesos na consciência. Aliás, eu sempre aprendo muito com esse amigo. Só cheguei a pensar em sexo virtual como coisa que não fosse de malucos quando ele me contou (há 5 anos) que chegou a fazer com a própria mulher, quando ele estava na Europa e ela na Ásia.
Ah... Pena que o tempo foi curto. Mas ele prometeu voltar em breve para acabarmos com o óleo que comprei.

"Mudou alguma coisa?" - perguntei a ele na despedida.
"Agora somos amigos íntimos!" - foi a resposta.

E ele pergunta:
"Vc vai contar sobre esta noite no blog?"
"Me aguarde!"
- foi minha resposta.

terça-feira, dezembro 04, 2001

Domingo aconteceu uma coisa inesperada. Recebi um telefonema do Budista. Creio que a última notícia que tive dele foi no início do ano. Começou me chamando de “meu bem, meu amor” e contou que está de volta a São Paulo. Velhas juras e promessas de amor infinito, eterno. Coisa muito curiosa, intrigante. Pensei comigo: “não vou deixar escapar!” Apertei o cerco e fui lá, ao encontro do tal, na toca do lobo.

Sabia que seria um bicho. Não tinha certeza se seria lobo, tigre, leão ou o que.

Não passou duma jaguatirica assustada. Animal que chama a atenção mas não tem o porte de um tigre e nem pode ser domesticado feito gato. Arisco, arredio, matreiro. Sonda por muito tempo e se aproxima do galinheiro apenas no desespero, quando não avista mais nenhum bicho selvagem. Assim é esse sujeito. Arma tocaias, finge-se de morto, esconde as unhas e por vezes ronrona. Vai atrás da caça mesmo que não tenha fome. Felinos passam o tempo se distraindo com possíveis vítimas, mesmo que não queiram comer. Precisam brincar sempre para se manter em forma. Pulam sozinhos quando nada têm a fazer, apenas para estender os músculos. Diferente de um urso, por exemplo, que quando busca um pote de mel quer engolir tudo de uma vez, lamber, se lambuzar, comer até as abelhas se for possível.
Nesta comparação de homens e bichos, Julius, meu poeta barroco, seria um urso, sem dúvida. Guloso, faminto, porém muito tranquilo,meigo e brincalhão quando saciado. Nem pense em levar um papo com um urso esfomeado. Toda criança quer apertar um ursinho nos braços. Ursos encantam pela simples presença, pelo jeitinho. O problema é que quando são grandes, uma patada carinhosa pode ser fatal. Ainda não sei é fácil domesticar um urso. Creio que só domadoras muito seguras consigam tal proeza.

Os animais domésticos mais comuns são o cão e o gato. Difícil é manter em casa os dois: um cachorro e uma gata ou uma cadela e um gato. Eheheh.

A história ~do budista é bem comprida. Tentarei resumir. Por ora, apenas o primeiro capítulo.

Como conheci o budista
Há pouco mais de dois anos, coloquei um anúncio nos Amigos Virtuais da Uol. Ele me escreveu dizendo que era advogado, da área criminal. Falou que era budista, masson, que seu hobby era a culinária. Depois de trocarmos alguns e-mails e telefones, no final de 99, nos vimos uma vez, no McDonald´s da Liberdade, lugar que ele sugeriu por ser freqüentador do pedaço. Apareceu de óculos escuro, terno azul claro de linho. Roupa bem talhada mas muito estranha. Principalmente os sapatos azuis. Disse que gostava de quebrar um pouco o visual sisudo dos advogados. Comentou que iria à Apamagis – Associação Paulista dos Magistrados. Se ele queria me impressionar, conseguiu. Vacilei e revelei meu nome verdadeiro. Logo ele associou me sobrenome ao de um parente famoso, que estava na pauta das notícias do dia.

Amanhã (ou mais tarde), o segundo capítulo: "O sócio de famoso advogado"