quarta-feira, dezembro 19, 2001

Ontem jantei com minha amiga Rita, no Kinoshita. Delicioso o lugar e a comida muito bem temperada. Pena que as porções sejam modestas. Ou talvez a gente fique com sensação de quero-mais justamente por ser muito saborosa.
Fiquei encantada como jeitão do dono do restaurante, o mesmo que insistiu que nos acomodássemos no tatami quando estive lá com Eduardo, em novembro.
Assim como Julius, Rita questionou a pronúncia certa de “gyoza” (os pasteizinhos de origem coreana). O cara contou uma piadinha:
“Outro dia tinha um casal de namorados aqui. A garota perguntou para ele: “quer guiozá?” E ele respondeu: “agora não, depois.. tem muita gente aqui! Mas aceito os guioza (sem acento)” eheheh
Adorei o papo do tal com um cliente fotógrafo Ele falou algo como:
“Você faz sua arte com as lentes e luzes, para os olhos. Eu faço a minha com mirim, shoyu e outros temperos para o deleite do paladar”

O papo com a Rita foi ótimo. Apesar de nos falarmos diariamente pela Internet e por telefone, os assuntos não têm fim. Ah, o tema principal, pra variar, foi “amigos virtuais”. Uma delícia tricotar e maquinar algumas! eh, eh, eh! Parafraseando o Macaco Simão, "nóis goza e se diverte!" (goza?)

Recebi um e-mail delicioso do Eduardo a respeito de troca de créditos em textos de Internet:. Vejam um trecho:

"Essa confusão de créditos, de mensagens que ninguém sabe a autoria, afinal alguém tem de colocar ordem no galinheiro que virou esse mundo virtual. Na realidade achei o texto muito legal e, caso pudesse tê-lo lido ontem pela manhã, o teria citado no show de confraternização de final de ano. Acabei citando outra poesia que você me enviou o ano passado. Você, minha eterna musa, minha "japa girl", como diria o agora catapultado a fama novamente, Supla.

segunda-feira, dezembro 17, 2001

Estamos cansados de saber que HPs são casa-da-mãe-joana. Tinha uma coleguinha que não se cansava de repetir que “papel aceita tudo”, a folha jamais protesta contra qualquer coisa que seja colocada nela. Jamais protesta diante de informações erradas, idéias absurdas. E a situação vale para o teclado, a telinha e, principalmente, Internet. Mesmo cientes disso, ainda acreditamos. É a força da palavra escrita ,”publicada”.

Esta semana recebi um cartão com um texto interessante:

“A Certeza”

De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
Portanto devemos: Fazer da interrupção um caminho novo...
Da queda uma passo de dança... Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura.. Um encontro..."
(Fernando Pessoa)

Não sou exatamente especialista em Fernando Pessoa, mas estranhei.
Fiz uma busca pela Internet, no Jornal de Poesia, cheguei a http://www.secrel.com.br/jpoesia/pessoa.html (Eu não tenho mais saco para fazer o link,vai ficar assim mesmo!), procurei pelo título, por algo que se assemelhasse... e nada!
Era noite de sábado e meu amigo Haiaiel me ajudou. Procurou pela primeira linha do “poema” e chegou a um texto de Fernando Sabino. (como eu que penso que sou tão inteligente não tive essa idéia? grrr!) Me pareceu ter sentido. Mesmo assim, continuei invocada. Nunca vi Sabino fazer versos! Mais horas pelo Google (www.google.com.br) e pelo Yahoo, desta vez com a primeira linha. Localizei centenas de páginas e creio que espiei pelo menos umas 80. Quatro delas davam crédito a Pessoa, com variações nas frases. Muitas páginas sem crédito e até uma com crédito a Charles Chaplin! Entre as que traziam assinatura de Sabino, achei uma com referência ao livro “Encontro Marcado”.
Revirei as estantes (tenho a coleção completa, autografada, que ganhei no concurso do “O gato sou eu”, em 84) e achei na página 145:

"De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono, uma ponte, da procura, um encontro."