sábado, novembro 02, 2002

Não dá pra manter um estado de espírito neutro quando a gente faz aniversário. Infelizmente nem tudo são alegrias. Tem muita gente chata não me entende. Aquelas pessoas que insistem num abraço, uma visita fora de hora. Tentei argumentar, explicando que não estava me sentindo bem, estava com uma virose, o diabo a quatro. Mas não teve escapatória. Quase às 19 horas, fui obrigada a fazer sala pra uma amiga,que veio me trazer um presentinho. E o pior: fiquei me sentindo péssima pois nem me lembrei em ligar pra ela, na semana passada, quando também aniversariou. Segundo alguns amigos, eu devo me sentir feliz por esse detalhe, pelo fato das pessoas me cumprimentarem, me procurarem.

Infelizmente, o estado de espírito interior, a amargura, acaba tornando algumas pessoas muito desagradáveis. Acabei me aborrecendo com uma velha amiga. Eu quis mostrar a ela minha alegria, minha esperança nos novos tempos, falar de minhas expectativas. E ela desceu montão de pedras em cima do programa "fome zero". Isso que é amargura! E ela não teria muito do que se queixar.´Acho que o problema dela é justamente esse: falta de problemas, falta de alguém a quem se dedicar, amar.

Alguns cumprimentos que mexeram comigo:

Rita escreveu:

"que continue a cuidar do seu coração com o mesmo carinho com que cuida de
outros corações, Felicidades permanentes."

E Alice:

"Neste dia especial desejo que voce se sinta realmente especial, porque e assim que a vejo e sinto e, com certeza, tem um grande
coro concordando comigo. Como o Quiroga sugere hoje, cure-se para ser feliz. Como e da sua sua natureza de nao esperar que as coisas caiam do ceu, muito menos, passar-se de vitima, voce realmente conhece o valor dessa dica,
pois sempre esta criando condicoes para ser feliz e deixando as pessoas do seu convivio tambem felizes. E mais, presenteia seus amigos o ano inteiro com sua garra de viver e motiva-nos tambem a dar gracas a vida. Muita alegria, saude e realizacoes. Um grande abraco, lindinha!"



Na véspera, minha querida amiga de NJ me perguntou o que eu achava da vitória do Lula. Vejam o que eu escrevi e o comentário dela:

"Pois é, menina..
A festa do PT no dia em que Lula foi eleito foi tão linda. O povo tão esperançoso e Lula tão feliz, que eu quero mesmo acreditar que vamos caminhar para mudanças!
Eu acredito muito na minha intuição, aquela que me faz ver algo diabólico em Ciro Gomes, malandragem por trás do olhar de Garotinho... e eu acho que, digam o que disserem, Lula tentará mesmo fazer o melhor. Se vai conseguir, não sei. Estou na torcida, minha amiga!
Eu acho, sobretudo, que não podemos ser contra a vontade da maioria. Acho que estamos vivendo realmente uma democracia. O povo fez uma opção consciente da escolha.
Claro que tudo vai ser difícil, diante de como andam as coisas... Os poderosos, os ricos estão, acostumados a ganhar muito... a explorar o povo. Mas eu acho que, com o que vem acontecendo nos últimos 25 anos que tivemos oportunidade de observar, tudo vem melhorando. Já pudemos votar em eleição direta para presidentes. E acho que Fernando Henrique consolidou mesmo a democracia e fez o que pôde para segurar as pontas.
Todo mundo critica o baixo nível de ensino, a aprovação automática nas escolas, em que muitos saem do ginásio mal sabendo escrever. É uma realidade. Mas nao era muito pior quando tantos jovens não tinham oportunidade de estudar? (Você deve se lembrar de tantos colegas que deixamos no meio do caminho). Pelo menos a chance agora é dada e quem quer, de fato, vai adiante. Ainda este é um país de grandes oportunidades!
Dizem que eu sou confuciana, uma eterna otimista. Acho que devo ser. Sou filha de imigrantes. Meus pais chegaram aqui porque não tinham condições de sobreviver no Japão. Quando minha família foi para Bragança, em 1954, deixou muitas dívidas na fazenda em que foram meeiros. Meus irmãos mais velhos concluíram apenas o 4 ano primário e eu e mais um tivemos oportunidade de chegar à universidade. Eu posso não ser rica, mas consegui estudar na melhor e maior universidade da América do Sul. Posso não ter bens materiais, mas hoje tenho chances de estar aqui, "falando" com vc pela Internet, de ter amigos no mundo todo. Posso nunca ter saído do Brasil, mas posso colocar a cabeça no travesseiro e dormir um sono gostoso...
Quanto à minha família... De nossa geração, saiu um secretário de estado e presidente brasileiro da empresa mais importante do mundo. Digo aos da próxima geração que eles têm como meta pelo menos ser ministro (rsrsrs).
Acho que não temos do que nos queixar da vida, não acha?
Amanhã, vou fazer 45 anos (por falar nisso, parabéns pra vc.. só agora me lembrei que vc aniversariou há um mês) e tenho quase o mesmo pique de quando tinha 18! Tenho uma filha muito inteligente e linda, que me enche de orgulho... Tive a oportunidade de encontrar muitos amores (ihihii), desde que era adolescente.
Lembro-me também de você, minha querida... do seu pai preto de carvão, das suas irmãs passando de madrugada para cumprir turnos na tecelagem. E vejo, diante dos meus olhos, a nova e sorridente geração, de olhos esverdeados e tão bonitos. A sua irmã missionária no Norte, a outra entrando no mercado de trabalho depois dos 50. Que coisa mais linda! Sem falar no emocionante caso do Lucas, para quem existe a chance de vida digna e útil, apesar de todas as limitações que a natureza lhe deu.

Eu tenho muita esperança, minha amiga! Estou animada!

“Nossa vc é otima só de ler o que vc escreve ja me da uma vontade loca de acreditar e ter esperaca mesmo .. vc e realmente um exemplo para muita gente que tem tudo do bem e do melhor e o unico que sabe fazer e besteria ... vamos, brasil, todavia depois do que vc disse eu estou com lula e nao abro . vou ser otimista e acreditar que sim brasil vai ser o melhor pais do mundo para se viver .. parabens pelo seu aniversario se deus quisera gente vai viver muito ainda para ver esse brasil e todos os brasileirs vivendo em um paraiso .. nao sei da onde vem a forca que vc tem mais deseja que vc tenha muita energia e muita felicidade e paz no dia do seu aniversario vc disse que se sente como uma de 18 pois bem eu me sinto como uma de 15 hahahahaha vamos quarentonas afinal estamos bem e temos muita mais muita experiencia nao e??? beijos bom dia boa noite e boa manha angelita”


sexta-feira, novembro 01, 2002

Hoje é meu aniversário. Estou tranqüila. Sem aquela angústia que me atormentou há alguns anos. Quando penso no número, às vezes me assusto. Parece absurdo! Mas tenho a pretensão de achar que estou mais ou menos na metade de minha jornada, em termos cronológicos. Em termos de “feitos”, acho que já realizei muitas coisas. Porém considero que vivi os últimos cinco anos com muita intensidade, em relação a sentimentos. Ainda tenho algumas lembranças melancólicas de outros aniversários. De horas à espera de um cumprimento de alguém especial. Hoje, vejo que essa coisa de datas é mesmo uma grande bobagem. Ontem, não comentei nada com Julius. Para mim, a sensação de que estávamos muito felizes juntos foi mais importante do que qualquer presente ou cumprimentos forçados. Mesmo porque cumprimentos me constrangem um bocado. Só quando há um nível de intimidade especial, a coisa muda de figura. Na sexta-feira, meu amigo “Eduardo” fez questão de dar um presente adiantado. “A vida íntima das palavras”. Nossa... foi o presente certo pra mim! Adoro ganhar livros! Odeio pessoas que me dão qualquer coisa de presente, só pra bater ponto. Vocês não imaginam cada coisa que eu já ganhei... rsrssrs... A coisa mais estrambólica foi uma poncheira de barro, que hoje uso como cachepô. Ela é marrom e tem uns 80cm de diâmetro. Ah... também ganhei dois pilões. Um grande, que também serve de suporte para plantas, e outro menor, de mesa, que uso como quebra-nozes. Todas essas coisas, eu ganhei porque fui hipócrita. Elogiei as pessoas que tinham casas decoradas com esses objetos bizarros.

quinta-feira, outubro 31, 2002

Hoje, novamente, fui ver Julius na S.Efigênia. Foi um sufoco, mas uma delícia. Ficamos por ali das 15 às 18 horas. Apesar da apreensão, voltei tão feliz como quando fazemos outros programas. O lugar não é nada romântico, as ruas são horríveis, aquilo parece o Paraguai. Mas achamos uma galeria escondida onde pudemos nos sentir como pessoas "normais", livres. Tomamos suco, eu encaixada nas pernas dele, que ficou num banquinho. Quando apertava a mão, podia sentir o coração palpitando. E em público, aquele jeito disfarçado de segurar a mão, de colocar a mão no meu bolso, na cintura, por baixo da blusa, morder meus dedos. E, no final, cavalheiro como sempre, ele diz: "uma delícia a sua companhia". Entendi exatamente o que ele quis dizer: que a simples companhia também podia ser boa, sem que rolasse algo mais. Só deu pra nos beijarmos na despedida... mesmo assim, no meio do trânsito, sem condições de encostar o carro direito. Que pena essa parte. Mas vou ter alguns dias mais serenos depois de termos nos visto hoje.

quarta-feira, outubro 30, 2002

Continuo tentando ser eu. Nem sempre é fácil. Mas não tenho medo de ser feliz com o novo presidente. Fiquei emocionada com a festa petista e também com a entrevista ao JN no dia seguinte, com o brilho nos olhos de Fátima e William. Um amigo virtual me qualificou de “confuciana”. Sim. Com tudo por que passei até hoje, ainda sou esperançosa e otimista. Acredito que Lula vá batalhar pelo fim da fome, sim!

Esqueci de contar que na sexta-feira fui ver a exposição sobre a China, na Faap. Também fiquei emocionada. Estranha a sensação de ver antigas obras de arte, pensar nos guerreiros de terracota. O pensamento realmente voou ao refletir sobre as idéias que podem ter povoado os artistas da época, os donos do poder. Como em todas as civilizações, aquela necessidade de preservar as conquistas e a posição deste mundo num suposto além.

Depois da exposição, fomos ao shopping, onde jantamos no Viena. Passeamos, olhamos vitrines e meu amigo me presenteou, antecipadamente, com um livro que tem tudo a ver comigo: “Vida íntima das palavras”.

Sempre que vou a esses lugares, fico pensando como tudo poderia ser diferente em outra companhia...


domingo, outubro 27, 2002

Quarta foi aniversário de minha amiga Rita. Ela me intimou a ir a um barzinho em Moema, onde comemoraria. Justamente no dia em que combinei de encontrar Julius! Comentei o detalhe e ela ficou botando lenha na fogueira para que o levasse. A idéia me empolgou, mas fiquei sem saber como dizer isso a ele. Mil pensamentos passaram pela minha cabeça. Tive medo de espantá-lo, parecendo que o forçava a assumir algo. Tentei falar naturalmente, na terça à noite. Disse que tinha um compromisso inadiável. Ele se atrapalhou, disse que o dia seria puxado para ele, então, poderíamos nos ver na quinta. Quando estava a caminho da festinha, não resisti e liguei pra ele. (Por isto digo que sempre vale a pena tentar, apelar pra sorte). Ele estava vindo naquele momento para SP. Vinha mostrar um projeto pro sócio. Disse que me ligaria quando terminasse a reunião. Dali a uma hora, o celular tocou. Queria saber o endereço e até que horas ficaria lá. Dali a mais uma hora, novo telefonema. Disse que estava na esquina. Pediu pra sair lá fora. Perguntei se não ficaria. Disse que não poderia se demorar. Mal me despedi do pessoal e corri ao encontro dele. Achei que ganharia só uma carona pra casa. Mas, que nada! Há tempos que não tinha uma noite tão intensa. Na verdade, foram pouco mais de duas horas, mas o suficiente pra eu ficar quebrada por dois dias! Acho que foi o “Lichia Paradise”. Vejam o que ele escreveu:

Você com um ligeiro gosto de álcool na boca, foi gostoso....o mesmo cheiro, o mesmo sorriso, o mesmo prazer.. intenso, explosivo, indescritível... mas assim são as coisas do coração, do tesão, do prazer... um sorriso nos lábios quando nos lembramos...