sábado, dezembro 08, 2001

Pois é.. não teve a noiteda semanal com Julius. Mesmo assim, na sexta, não faltou uma poesia.

No encontro com o Budista, quando, se defendendo no ataque, me falou que eu estava sozinha por ser desconfiada, disse a ele que não é verdade. E que eu tinha a certeza de ter encontrado o homem da minha vida. Não foi mentira. Não resisto a tantos versos!

Da janela vejo o mundo,
paulicéia engarrafada
cinzentos seres perdidos
sentidos embotados
engravatados e enfadonhos
tristonhos e perplexos.

Da minha janela quadrada
vejo o mundo redondo
bola da vez sem regras no jogo...

Da minha janela transparente
vejo um mundo sem cor
muro impenetrável para um coração carente..

Da janela da minha alma
vejo um céu sem propósito
depósito de esperanças de um povo..
mas de novo espero e proponho
um mundo colorido sem fronteiras.

Da janela da minha alma
vejo pessoas sem futuro
vejo o futuro da minha raça comprometido
por capitalistas desvairados
que permitem crianças serem trucidadas
ainda no ventre
ainda semente
somente pelo lucro...

Da janela do meu micro
vejo um mundo instantâneo
resolvido e alienado
permitido e condenado
pela superficialidade
da transitória solução dos displicentes.

Da janela do meu coração
vejo sentimentos equacionados
regras, números, estatísticas,
cabalísticas profecias
de um mundo resolvido.

Da janela do meu prédio
nada vejo pois que outro já me oculta
apenas uma parede insensível
como vejo o que não vejo em tantos outros...

Da janela da poesia
ousadia nos espera
idear soluções harmônicas...

Você despertou-me a poesia
e com ela traço, refaço, sonho,
vou ao teu colo num pensamento
e sou feliz pelo eterno momento
em que me encontro em teu sorriso.

Das janelas de outros seres
vejo olhos suplicantes
prédios balouçantes
carros e viajantes
humanidade sem direção
como eu sem minha musa..

Toma-me em tuas mãos
e me desconstrua
para refazer-me
verso a verso
em teus lábios,
em tuas letras,
em tuas coxas,
em teu sexo,
em teu gozo....

Toma-me em teus braços
e me aconchegue nos teus seios
dê-me o leite da vida,
o motivo do oxigênio,
o sentido das horas perdidas,
a inspiração perseguida.

Toma-me em tua alma
e expulse de mim este mundo chato
que insiste em residir na memória próxima
que cobra atitudes indesejadas
que me reduz a mais um rosto sem identidade...

Toma-me em teus lábios
e dê-me com tua língua ardente
a mordida que acorda
para tempos impolutos.

Toma-me em teu ser
e deixa-me ser
tão somente minha essência
que prometo te pertencer
de hoje até o sempre...

Toma-me em teu ser
e permita que eu seja
tão somente minha essência
que prometo te pertencer,
do modo que você deseja:
pueril como a inocência.

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