terça-feira, dezembro 04, 2001

Domingo aconteceu uma coisa inesperada. Recebi um telefonema do Budista. Creio que a última notícia que tive dele foi no início do ano. Começou me chamando de “meu bem, meu amor” e contou que está de volta a São Paulo. Velhas juras e promessas de amor infinito, eterno. Coisa muito curiosa, intrigante. Pensei comigo: “não vou deixar escapar!” Apertei o cerco e fui lá, ao encontro do tal, na toca do lobo.

Sabia que seria um bicho. Não tinha certeza se seria lobo, tigre, leão ou o que.

Não passou duma jaguatirica assustada. Animal que chama a atenção mas não tem o porte de um tigre e nem pode ser domesticado feito gato. Arisco, arredio, matreiro. Sonda por muito tempo e se aproxima do galinheiro apenas no desespero, quando não avista mais nenhum bicho selvagem. Assim é esse sujeito. Arma tocaias, finge-se de morto, esconde as unhas e por vezes ronrona. Vai atrás da caça mesmo que não tenha fome. Felinos passam o tempo se distraindo com possíveis vítimas, mesmo que não queiram comer. Precisam brincar sempre para se manter em forma. Pulam sozinhos quando nada têm a fazer, apenas para estender os músculos. Diferente de um urso, por exemplo, que quando busca um pote de mel quer engolir tudo de uma vez, lamber, se lambuzar, comer até as abelhas se for possível.
Nesta comparação de homens e bichos, Julius, meu poeta barroco, seria um urso, sem dúvida. Guloso, faminto, porém muito tranquilo,meigo e brincalhão quando saciado. Nem pense em levar um papo com um urso esfomeado. Toda criança quer apertar um ursinho nos braços. Ursos encantam pela simples presença, pelo jeitinho. O problema é que quando são grandes, uma patada carinhosa pode ser fatal. Ainda não sei é fácil domesticar um urso. Creio que só domadoras muito seguras consigam tal proeza.

Os animais domésticos mais comuns são o cão e o gato. Difícil é manter em casa os dois: um cachorro e uma gata ou uma cadela e um gato. Eheheh.

A história ~do budista é bem comprida. Tentarei resumir. Por ora, apenas o primeiro capítulo.

Como conheci o budista
Há pouco mais de dois anos, coloquei um anúncio nos Amigos Virtuais da Uol. Ele me escreveu dizendo que era advogado, da área criminal. Falou que era budista, masson, que seu hobby era a culinária. Depois de trocarmos alguns e-mails e telefones, no final de 99, nos vimos uma vez, no McDonald´s da Liberdade, lugar que ele sugeriu por ser freqüentador do pedaço. Apareceu de óculos escuro, terno azul claro de linho. Roupa bem talhada mas muito estranha. Principalmente os sapatos azuis. Disse que gostava de quebrar um pouco o visual sisudo dos advogados. Comentou que iria à Apamagis – Associação Paulista dos Magistrados. Se ele queria me impressionar, conseguiu. Vacilei e revelei meu nome verdadeiro. Logo ele associou me sobrenome ao de um parente famoso, que estava na pauta das notícias do dia.

Amanhã (ou mais tarde), o segundo capítulo: "O sócio de famoso advogado"

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