segunda-feira, outubro 08, 2001

Finalmente um domingo de algumas emoções. Uma amiga a quem não vejo há mais de dez anos me ligou na sexta para matar saudades. Adorei a idéia e marcamos para domingo. Apesar de na última hora ela ter vindo com a família toda (mãe, filho e marido), foi legal. Quando fui trabalhar na FSP, num ambiente tenso e hostil, ela foi a primeira pessoa a vir sorridente até minha mesa, oferecendo sua amizade. Eu estava completamente insegura e não me esqueço até hoje daquele gesto. Foi também o caso do sr. José, que falou tão calorosamente comigo naquela tarde de 1978 quando fazia testes na Abril, me desejando boa sorte. Somos amigos até hoje.
Eu e Lúcia temos a mesma idade, algumas semelhanças e muitas diferenças. Ela está casada há 19 anos e tem um menino de 13. O primeiro filho dela, nascido pouco depois da Paula, morreu misteriosamente dois dias depois do parto. Nessa época ela ainda morava a duas quadras de minha casa. Depois, ela voltou para Mogi e largou definitivamente a profissão. Prestou concurso e hoje é escrevente do fórum. O marido, também “coleguinha” tornou-se desenhista da polícia. O casal nunca teve muito jeito para escrever e como praticamente não há mais trabalhos de revisão para jornalistas, resolveram se retirar do mercado. Apesar das queixas e da aparente frieza, parecem viver amigavelmente.
Agora o maior espanto é que Lúcia faz sexo semanalmente (rapidinho, nunca mais de 15 minutos) com o marido, porém não trocam um beijo há seis anos. Contou que teve um único orgasmo na vida, antes do casamento. Mesmo assim, numa bolinação dum namorado italiano. Hoje está em busca de outros, quer ir à luta. Faz outra faculdade e sonha em cair no mundo. Quer emagrecer, ficar gostosa. Ela até que é bonitinha. Mas o corpo não ajuda muito não. Segundo um gaúcho antigo, pai da Rita, corpo é tudo, a cara não importa muito. Acho que é o que a maior parte dos homens acha.


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Dentro da minha campanha para não perder a cabeça por Julius, ficar completamente apaixonada, de quatro, tratei de conhecer um novo amigo virtual.. Ele me contatou pelo ICQ no sábado e a nossa identificação foi rápida. O cara começou dizendo que “lidava com letras”. E não deu outra! Mais um coleguinha que caiu de boca na web. Homem sério, sisudo, colunista de renome da área econômica. Ele se descreveu como um sapo: baixinho e gordo.
Ontem cedo, antes de confirmar o encontro, consultei Rita a respeito da figura. Resposta dela: “Esquece!”. Falei do tipo físico, aleguei que nem era tão baixinho. Cúmulo seria se ele fosse menor do que eu. E ela: “mas o homem é uma bola!” Contou que era do tipo ruivo, sardento, de barba.
Havia quase desistido da idéia quando o celular tocou. Estava ainda na Liberdade, após o almoço com Lúcia. Gostei do tom de voz. (Sotaque carioca é meu fraco!) e o achei muito jovial (tem 52 anos), é bem-humorado, bem mais informal do que teclando.
Nos encontramos por volta das 19horas na livraria do shopping. Ele se atrasou um pouco e ligou avisando que estava na fila do estacionamento. Quando chegou, me identificou de longe. Não havia dúvidas: além de ser a única oriental, minha roupa era inconfundível (saia turquesa e blusa preta).
Ele é mais baixinho e gordo do que imaginei.Porém não é do tipo pesado. Miudinho. Tomamos alguns chopes e o papo foi ótimo. Não avançou o sinal e mostrou-se cavalheiro à moda antiga, me convidando para um jantar "fino". Disse que queria me levar a um lugar diferente, um programa inesquecível. Chutei restaurante tailandês. Disse que conhecia e ficamos de marcar. Mas logo depois, insistiu num concerto já nesta semana. Dei uma despistada. Culto, inteligente, de raciocínio rapidíssimo e nada esnobe. Só falou com muita corujice dos filhos. Um deles, de 25 anos, é engenheiro de sistemas de uma grande empresa.
Ainda não sei se tornarei a vê-lo. Fiquei encantada com o encantamento dele. Comentou várias vezes que sou "uma japonesinha diferente". Reconheço que sou diferente sim. Penso com meus botões por que essas coisas não me aconteciam há 20, 15 anos. De fato, minha vida mudou muito com a Internet. Mudaram vidas de muitas pessoas, principalmente das que – como eu – nunca levaram adiante uma cantada na rua ou num barzinho (mesmo porque raramente frequento). Agora, "coleguinhas"... O problema foi que o último que me assediou acabou em casamento!

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Não, ainda não deu para desviar os pensamentos de Julius. Pelo contrário, voltei pensando mais nele, naqueles olhos verdes que escurecem e nunca se fecham na intimidade. Eu cerro muito os meus, mas ele... O jeito como me olha é mais estonteante do que as poesias. E quando não pode avançar o sinal (em público), as mãos dele nos meus cabelos... aaaaaai!. E os beijos. Incomparáveis, doces, infinitos. Com ele nunca há chance de pensar em outra coisa. Não dá para querer nada diferente mesmo.

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