terça-feira, fevereiro 12, 2002

Revirando o fundo do baú, vejam o que encontrei.Um e-mail enviado a Fábio, no dia 25/08/97 – Domingo à noite...
Ainda me emociono ao relembrar. Mas resolvi reler para tentar entender e superar. Preciso encarar de frente para compreender o que ocorreu comigo e superar de cabeça erguida. Acredito que esteja conseguindo. Pelo menos já falo disso numa boa como fato passado.


Sofri um bocado mas cresci!

Ao olhar para trás, hoje, percebo o que a carência não faz com a gente.

Faz a gente pensar que encontrou o príncipe encantado no primeìro cara que aparecer à nossa frente.
Infelizmente estou agora com a pele mais grossa, cheia de cicatrizes que ainda doem. Mas o importante é que há mais de um ano, consegui olhar para novos horizontes.
Estou quase feliz. É que minhas expectativas mudaram muito.



Fábio,

Madrugada aí do outro lado do mundo... Você certamente estará a gozando aquele sono tranqüilo que merece... Espero que você esteja muito feliz. Mas, por maior que seja a sua felicidade, creio que não se compara a que vivo neste momento.
Queria que você fosse o primeiro a saber... Lembra do dia em que nos conhecemos, em que eu disse estar vivendo um amor pela Internet? E você disse que imaginava que esse tipo de coisa só existia em novelas, filmes...
E desde então, você se tornou meu grande amigo e confidente, acompanhando todos os lances desta minha busca por algo que faltava em minha vida: o amor...
Viu-me esperançosa, iludida, decepcionada... Viu-me cair e reerguer-me várias vezes, em curtíssimo espaço de tempo. Viu-me viver tão intensamente, que você mesmo disse achar meu pique absurdo...
E você me viu conhecer tantas pessoas... até brincou que “tava tudo bem, desde que não fosse pra cama com todo mundo”... E seus conselhos me fizeram refletir muito... me fizeram ficar com um bocado de medo... E você também me contou de tantas coisas que faz e que eu achava ser maluquice só minha: de como é comum fantasiar, fazer-se passar por quem não é... coisas que eu e você já fizemos, e muito bem.
O que eu sei, Fábio... é que, em todos os momentos, você foi superamigo, alguém que senti estar ao meu lado, preocupado comigo, com minha felicidade... Do mesmo jeito que você diz se sentir muito bem em estar “falando” comigo, eu me “alivio” ao lhe escrever isto, ao te contar de minha vida... Eu adoro ter você como amigo, sabia? Falo pra você coisas que jamais ousaria revelar a outra pessoa... De repente, até por isso, não sei se teria coragem de um dia te conhecer “cara a cara”... Talvez fique inibida...
Tamanha é a afinidade, que sexta-feira, quando fui à sua empresa, eu me senti feito sua amiga de “verdade”. Lúcia, sua secretária, perguntou-me de você como se eu e você nos víssemos com freqüência... Coisa incrível! Fiquei muito feliz. Mais feliz até do que com os CDs que você me mandou. Catz e Dogz fizeram a alegria da galera: de minha filha e de uma porção de crianças grandes, amigas minhas.
E eu, tou aqui, curtindo a Britânica... na certeza de que as informações que tem aqui são confiáveis e não aquela chutação de Compton’s, Encarta... que só brilham pelos efeitos multimídia. Eu tava “namorando” a Britânica há séculos. E, aqui no Brasil, os piratas não estão nem aí, pois ninguém liga pra essa coisa de “cultura” e dados cientificamente corretos...
Bom... mas, voltando à minha felicidade...

Fiz um tiquinho de suspense, pra deixar pra contar o melhor no finzinho... eheheheh!

Finalmente, o tal “encontro” fulminante aconteceu! Ele chegou no sábado... Passamos o dia de ontem todinho juntos. Eu disse em casa que iria fazer um curso intensivo de editoração (Photoshop 4) em S. Caeteno, para onde costumo levar mais de uma hora para ir... Para isso, saí de casa às sete e pouco da manhã, aleguei mil problemas e... voltei depois de 21;30!
Foi simplesmente FANTÁSTICO! Diria que foi uma coisa de filme: desde o abraço e o beijo de cumprimento, as mil declarações de ambas as partes, ditas entre lágrimas e emoções sem igual! Tomamos um delicioso café da manhã, muito terno e romântico, embora um tanto tímidos... Depois: um “amor” incrível, creio que feito lua-de-mel de antigamente, quando a “grande noite” era esperada com muita expectativa por anos a fio... Foi rápido e emocionante!
Descansamos, conversamos muito... carinho sem igual, entre risos e emoções... Papos em dia, presentinho do filho para mim: um boné e um livro de HTML, acompanhado dum carinhoso bilhete, que me faz pesar a consciência. Fico imaginando se um dia ele saberá do meu lance com o paizão, ou até se já não sabe... Eu comento o detalhe, preocupada... “Ele” também quer acreditar que o garoto me vê como amiga da família... Diz que ele pode imaginar que o pai possa ter outra mulher, mas jamais sonhará que “ela” possa ser eu... Será?
Nem tudo funcionou tão bem como em filmes... o “senão” foi que eu estou menstruada... Então, não deu pra ser tudo como gostaria... mas, a consequência foi ótima, pois acabamos indo pro chuveiro... onde ficamos por mais de uma hora, amando e curtindo... nos descobrindo. Quando ele me falou: “nunca senti nada igual”, eu tive a plena certeza de jamais eu ter também experimentado algo parecido: o “fazer amor”, com um prazer incrível, de plena realização de corpo e alma, e não aquela batalha física pelo gozo, pelo orgasmo... Vou, aqui, escrever uma coisa que poderá parecer até trecho dum conto erótico(Lá vai Pedro Camacho outra vez...):
“Dentro da banheira, ficamos abraçadinhos, com a água da ducha batendo na gente... Sentamos, na famosa posição que alguém inventou chamar de “frango-assado”, os dois encaixadinhos, olhos nos olhos, as mãos dadas, segurando firme, apertando muito... Depois, sem desencaixar, sentei-me sobre o colo dele, deitando-me um pouco, enquanto ele se encostava na beira da banheira. A cada beijo, a cada “pulo” que eu dava em cima dele, senti um prazer incrível, ao ser tocada lá dentro, lá no fundo... Foi muito diferente de outras sensações que já tive, de dor e desconforto, talvez devido ao “tamanho”...
Confesso que em termos de gozo alucinante, já tive experiências até mais interessantes, que me deram maior prazer físico. Depois de nos “conhecermos” em termos bíblicos, como se diz, fomos passear. Levei-o à região de Santa Ifigênia, fuçar aquilo que gostamos e curtimos: as lojas de informática. Seguimos, de metrô, para o bairro oriental da Liberdade, onde ele queria ver outra coisa que temos em comum: ingredientes da culinária japonesa. Almoçamos romanticamente num reservado, dando comidinha na boca e tudo mais, mãos nas mãos, olhos nos olhos... olhos que muitas vezes se encheram de lágrimas.
Houve algumas interrupções, em contatos com respectivas famílias, a quem não deixamos de dar assistência, para não despertar desconfianças. Ele comprou lembrancinhas pra esposa e filhos, que eu ajudei a escolher. E estávamos lá, numa felicidade indisfarçável, quando demos de cara com um japonês amigo de meu marido. Ficamos todos sem graça, pois ele também estava com uma estranha “amiga”, que não era a esposa. Apresentei com naturalidade e mantive a cara-de-pau. Seguimos a pé até a Catedral da Sé, que ele - como arquiteto - queria ver de perto. Falei da catedral, da praça, do fórum, de tudo que sabia sobre essas construções antigas. E ele, embevecido, admirado, apaixonado...
Voltamos ao hotel, sempre com aquele cuidado de ele chegar antes, e eu, uns 10 minutos depois, a visitá-lo como amiga. Passei pelo supermercado, peguei umas cervejas em lata, batatas fritas, gatorade, suquinhos, um cigarro (ele fuma cachimbo, mas disse que não iria acender pois um dia eu comentei que o cheiro me enjoava...). Levei tudo pra lá, arrumamos as coisas, e eu descansei um pouco, pois estava simplesmente exausta. Acho que até dormi uns minutos... Quando acordei, nos amamos outra vez!
Ele ligou para alguns amigos da Internet que tem aqui em São Paulo, eu liguei pra casa e peguei meia dúzia de recados. Pessoas que estranham meu sumiço. Entre elas, dei a sorte de achar um “álibi” para prolongar minha demora por mais umas duas horas...
Mais namoro, mais carinho, mais amor, para minha surpresa... Nunca pensei que um casal “quarentão” feito a gente pudesse transar tantas vezes no mesmo dia! Eu já pensava num jeito de voltar em casa, inventar uma fantástica história para passar a noite fora... Tava maluca para ir dormir com ele, descansar nos seus braços. Mas, por insistência dele, que me pediu para não pôr tudo a perder por exageros, fiquei calminha, voltei ao lar, onde cheguei com uma tremenda dor de cabeça. Falei susintamente do curso e adormeci, sem forças nem para um banho.
Acordei por volta das 5 da manhã de domingo. Tomei um banho, me vesti, engoli um litro de café, passei pela padaria, onde comprei mais suco, chá, biscoitos... e corri para acordá-lo. Cheguei pouco antes das seis. Muitas saudades, muitas declarações, mais vontade de chorar... Ele foi tomar um banho, e eu adormeci, sem querer... Acordei entre beijos e abraços, cheia de “vontade”... Com menos ansiedade, e já nos conhecendo, nos amamos de novo, demorada e sincronizadamente.
Estávamos famintos e tomamos o café, devorando tudo que tínhamos pela frente: o que o hotel mandou e o que eu levei. Eu estava sedenta, pois transpirara muito... Tomei todos os líquidos, como se estivesse no deserto. Depois, ajudei-o a arrumar as malas, pois uma das tais amigas (na casa de quem esteve da outra vez com a esposa) vinha buscá-lo pra almoçar na casa dela... Ele ligou pra ela, inventou uma história sobre passagens... Eu liguei pra casa, inventei que tava na casa de uma amiga, tentando eliminar um vírus... Ele iria viajar às 14 horas e decidi que tínhamos de ficar juntos até o último momento... Porém, a diária do hotel vencia ao meio-dia... Nos despedimos ali, feito namorados, entre muitos abraços, beijos, promessas...
Saí, novamente na frente e nos encontramos no metrô, de onde seguimos até o Terminal Rodoviário... como amigos apenas, não fossem os olhares, o arrepio do contato do braço com braço... Tivemos mais duas horas de papo, onde nos seguramos para não dar bandeira. Num cantinho deserto, no meio da multidão, mais juras, mais declarações, mais emoções... aquela certeza de que fomos feitos um para o outro, de que nós dois já estivemos com tantas pessoas mas nunca encontramos alguém que nos completasse deste modo.
Porém, uma dor muito grande, com a quase certeza de que não vamos estar juntos tão cedo, de que nenhum de nós tem coragem de deixar as famílias... Mas ele diz: “quero você para mim... quero que me espere”. E eu digo que vou esperá-lo, que também o quero, que não vou mais me angustiar, não vou mais duvidar... que agora tenha a plena certeza de ser ele o homem da minha vida. Digo que o quero também, quando puder, do jeito que der... E nós dois juramos ter sido estes os melhores momentos de nossas vidas. Nada de beijos... não podemos... as mãos se apertam, embaixo da minha bolsa, que serve de escudo diante dos curiosos. Nos olhamos de frente, olhos nos olhos... pura emoção, que controlo para não doer... Viramos as costas um para outro e eu vim embora, sem olhar pra trás... feliz, muito feliz, caminhando entre as nuvens. Na volta, peguei o final da feira de domingo, onde enchi a sacola. Cheguei em casa com a maior naturalidade, sem nenhuma culpa por estar vivendo o meu direito de amar!


E-mail que Fábio me mandou no dia 25, junto com aquele escrito por Leila... Mas eu recebi só na terça à noite, devido àqueles problemas da Internet...


Querida amiga Suely

Voce nao sabe como fiquei feliz ao receber teu mail hoje cedo !!

Estava mesmo super curioso ( e preocupado) com relacao ao teu “sabado fatal”. Conversei com a Leila mais de uma vez sobre isso, sempre concluindo que seria muito bom se desse tudo certo e voce encontrasse a felicidade e alegria que tanto vem buscando…

Lendo teu mail tive a nitida sensacao que voce estava me contando tudo aquilo de viva voz… aqui bem na minha frente. Imprimi o texto e li e reli umas tres vezes…
Que delicia deve ter sido ! Me senti como se estivesse recordando meus tempos de namorado. Nao que hoje em dia nao tenhamos eu e a Leila todo este amor, pois temos, inclusive o fogo da paixao, mas o a sensacao da descoberta como voce descreveu, essa sim pertence aos amores recem-iniciados.

Como é gostoso explorar labios umidos de desejo, linguas que nunca antes se tocaram, e que quando se encontram é como se já se conhecessem… corpos que se roçam e se eletrificam… mentes que se reencontram como depois de uma longa viagem…

Pude sentir toda esta tua felicidade, transbordando do teu coracao, fazendo brilhar teus olhos, fazendo voce levitar… Mas te senti muito mais calma tambem, e isto tambem me deixou feliz.

Este sim está parecendo um amor mais completo, com mais entrega, mais sincero.
Entendo que as coisas praticas, quer dizer, familias respectivas, sao ainda de dificil solucao, mas talvez o tempo ajude a resolver ( nao acredito muito nisso). De qualquer forma, o importante é que independente do futuro ser promissor ou nao, de ser a curto ou a longo prazo, o mais importante é que voces estao se amando de verdade, e um está completando o outro.

Quando digo que nao acredito que o tempo resolverá os problemas, acho que se voces realmente quiserem mudar o futuro, dependerá de voces. Terao que enfrentar a parte desagradavel do processo para usufruir os beneficios. Mas é claro que isto poderá esperar até consolidarem mais as coisas. O verdadeiro amor pode esperar um pouco que nao vai se desmanchar.

O que desejo agora é que voce continue vivendo este teu sonho de amor e que possa tranforma-lo numa realidade constante !!!

Ahh, e mais uma vez, obrigado por ser uma amiga tao especial e abrir teu coracao comigo deste jeito…. Se soubesse como me faz bem isso… J

Um super beijo e BOA SORTE !!!

Teu amigo Fábio

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