quinta-feira, janeiro 02, 2003

Chorei uns cinco minutos ao ler isto, na manhã de ontem:


Vínculo de uma vida inteira, única testemunha ocular de nossa juventude estudantil: Feliz 2003!!!
O dia no Rio amanheceu ensolarado e silencioso após uma noite repleta de brilhos no céu.
Fomos todos à praia esperar o novo ano e, mais uma vez, com um quase total despojamento. Levando só o necessário: cadeiras de praia, toalhas e lentilhas. Ah, e a máquina fotográfica!
Passar o ano descalço, sentindo a água do mar deliciosamente gelada tocar o corpo, dar as mãos aos parentes queridos e ver, no horizonte, o infinito entre o céu e o oceano é fantástico. Quando a meia-noite se aproxima, a quantidade de pessoas aumenta. Fervilham em branco, prata, amarelo e bronze, na beleza que nenhum grego pensou eternizar e na breguice suburbana que Fellini assinaria sem piscar. Crianças, velhos, jovens apaixonados, matronas, pessoas de todas as tribos caminham, param diante do mar, jogam flores, velas e esperanças. Dançam em um ritual de alegria e liberdade que só consigo observar de longe. Nessa noite, não há ridículo. Tudo maravilhosamente caótico, babilônico, pagão e cristão, ecumênico.
E então, num climax, começam a surgir no céu brilhos maravilhosos que se refletem no mar, em toda orla. As pessoas se abraçam, se beijam, chegam a tomar banho de champanhe! Uma apoteose.
Outras vão ao mar e oram. Outras, como eu, vão e dão 14 pulos. Para mim e para minha amiga que ficou em casa, com a família, vendo o espocar de 2003 sobre a cidade cinza.
O retorno foi tranqüilo e, só por volta das 1h30, ceiamos. Mas já estávamos saciados de felicidade. Felicidade de estarmos juntos e com esperanças.


Vínculo de uma vida inteira...

Ainda me lembro do garoto desajeitado, meio gordinho, de camisa xadrez e calça jeans que eu conheci antes dos 20 anos. Um dia uma palavra, outro dia, duas... e logo nasceu a turma! Turma que tomava chá em final de Copa de Mundo, que suspirava diante de uma escultura, inchava os olhos com um filme, ria dos Anos Incríveis que só veríamos duas décadas depois na tv. Eram uns 4 rapazes e duas garotas: eu e uma chinesa de nome americano e cidadania holandesa. Havia também uma outra garota que amava teatro e tinha o sobrenome de uma grande empresa de ônibus da época. E uma baixinha com nome e jeitinho e personagem de Monteiro Lobato. Um dos rapazes era sósia de um famoso jogador de futebol, enquanto outro tinha pinta de motoqueiro da Juventude Transviada.

E só restamos nós...

Dois morreram de verdade. Outros... foram tragados pelo tempo!

A saudade dói sim... Mas é muito bom saber que pelo menos somos dois a resgatarmos estas lembranças...

Nenhum comentário:

Postar um comentário