quarta-feira, março 09, 2005

Reflexão

"Escrevo simplesmente. Como quem vive. Por isso todas as vezes que fui tentada a deixar de escrever, não consegui. Não tenho vocação para o suicídio. Um jornalista me perguntou: Por que é que você escreve? Então eu lhe perguntei: Por que você bebe água? A honestidade é muitas vezes uma dor.? - Clarice Lispector

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Sem pretensão de me comparar à Clarice, escrevo por necessidade. Escrevo e leio o dia inteiro. É meu trabalho e meu lazer. Minha vida... Choro escrevendo e rio escrevendo. Observo as palavras na tela e nas suas formas, sinto as emoções contidas...
Aí, neste instante, novamente, me lembro do Meu Poeta. E novamente vem a dor. Dor que não pode rimar com amor... Que droga!

Mais um trecho de e-mail enviado à Alice:

"Sei bem o que é lágrimas espirrarem incontrolavelmente. Não considero isso um quadro depressivo. Penso que talvez sejam reflexos de mensagens saudosas que vêm de algum lugar... Penso que de olhos lavados podemos enxergar melhor este mundo poluído...
Mas por que devemos lamentar estes momentos? Assim como fomos mães simultaneamente, estamos vivenciando juntas as perdas... Pois eu sempre digo: que bom que tenho pelo menos uma amiga que me entende!"


Medo de blog

Alguns dos meus amigos têm medo de ler este blog. Engraçado, ne? Ou lêem e não me contam. Ainda não sei bem. Mas impus leitura compulsório a dois deles, a quem considero mais do que meus irmãos: Alice e Eduardo.

Eu gostaria de ver Alice neste mundo internético, na lista do Orkut e do MSN. Mas ela tem outras prioridades. Muitas. Resta apenas o telefone...

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Ontem reencontrei Cláudio no msn. Foi com ele o encontro mais singelo e mágico dos últimos tempos. É o moço que nasceu 8 horas antes de mim. Muitos acontecimentos criaram lacunas em nossos contatos. A última tentativa de conciliarmos nossas Luas foi quando Sol entrou no nosso signo. Mas bem quando isso aconteceu, minha mãe se machucou e eu perdi as rédeas de minha própria vida. Havíamos combinado um café da manhã para comemorarmos nossa constelação... Depois, falamos algumas vezes quando eu estava na estrada, naqueles cansativos vaivéns. Aí, depois veio o final de ano, férias... ele com as crianças... e eu com minhas lágrimas e outros afazeres..

Eu fiquei tão bem só em falar com ele!

Explico: o que eu sinto por ele nada tem a ver com o que eu sinto por aquela outra pessoa, entendem? Nem com Julius. Esse é um caso encerrado. Não o classifico como "falecido", mas pra mim é como se ele tivesse se mudado de país. Tentarei lembrar das coisas boas ao lado dele.

Perceberam? Agora perdi a liberdade de falar dos meus "casos" todos. Sabem por quê? Porque revelei o blog a algumas pessoinhas....
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Dia 7 fez 7 anos que perdi meu irmão mais velho. Até hoje não chorei a morte dele. Se existe aquela teoria de tempo pra chegar ao outro lado... Que será que aconteceu com a alma dele? Por outro lado, se existe um Deus que tudo compreende e perdoa, acredito que tenha compaixão pelos seus filhos mais sofridos.

Não sei se realmente acredito nisso. Mas gostaria que fosse assim.

Também vale aqui o preceito japonês de se redimir diante da família e da sociedade num gesto extremo. Certamente, o choque fez com que todos nós, seus parentes, apagássemos qualquer rancor que antes alimentávamos. Eu o perdoei, do fundo do coração... não pelo último gesto em si. Por tudo. E meu pai... deve tê-lo acolhido com aquela esperança que depositou no menino. No menino de quem tanto exigiu, a quem tanto cobrou, em cujos ombros tanto peso depositou...

Alice me escreveu comentando o post sobre a "geração sanduíche." Criticou a frieza da reportagem citada. E eu concordei com ela, dizendo:

"Como sempre, nossos coleguinhas foram muito insensíveis, apenas se baseando em depoimentos. Percebe-se que quem escreveu nunca vivenciou nada. Analisam matematicamente os sentimentos. Trataram o assunto como qualquer outro tema, muito friamente."

É isso... Tal qual falar de sexo como sequência de orgasmos. Aperta aqui, lambe ali, sobe por lá, desce ali , vem a satisfação merecida e pronto! De repente, tudo se resume ao ato de descarregar a pilha, trocar o óleo ou algo parecido...

Não dá pra teorizar cientificamente sentimentos, emoções ou prazer...

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