terça-feira, outubro 25, 2005

de volta a causos virtuais

Parei de escrever certas coisas aqui, inibida por pessoas que possam ler. Gente conhecida para quem passei o endereço num momento de fraqueza. Tem uma delas que de vez em quando diz: "passei por acaso no seu blog e fiquei sabendo que..." (pra quem será que vai servir a carapuça?). Mas acho que desde que comecei com as censuras, isto aqui ficou tão desinteressante que ninguém mais aguenta ler.

Pra retomar o ritmo, vou começar a contar um "causo". Não é com aquela mineirice do "seu" Ismael, nem com o jeito profissional de Mauro, do Taxitramas (em breve colocarei o link pro blog dele aqui).

Há uns dois anos, depois de um único dia de conversa pelo msn fui conhecer uma pessoa. Antes, trocarmos fotos e nos acharmos aceitáveis. Quando cheguei ao metrô, lá estava ele: charmoso, elegante e sorridente, me estendendo o braço feito cavalheiro à moda antiga. Perdi um ponto na chegada pois ele estava lá antes de mim. Geralmente chego antes pra poder fugir se necessário... eheheh. Pelo menos ele não fugiu de mim.

Fomos tomar um café e aí começou aquela bateria de perguntas. Vocês sabem, no estilo entrevista para emprego: "Onde você nasceu? Trabalha em quê? Estudou onde?"

Inicialmente fui reticente. Mas aí, aquele bichinho maroto e raivoso que mora dentro de mim foi tomando conta. Resolvi destravar a língua. Disse que sou professora, já pressupondo que não se enquadraria dentro da profissional de sucesso que o tipo buscava. E ele, com aquela cara de "Ah, coitada", mandou: "E você dá aulas no estado ou na prefeitura?" E eu: "no estado..." E ele: "que matéria?" E eu: "Semiologia" (lembrei-me da professora que era alvo de gozação da turma, a quem chamávamos Mary Help). E ele: "desculpe, mas você pode explicar o que é?" Aí, desembestei falar de Saussure, Rolam Barthes, Humberto Eco tudo que consegui lembrar de Lingüística e quejandos. E o tipo erguendo as sobrancelhas admirado. Aí falei que nem dava mais aulas em classe, só atendia meia dúzia de alunos do doutorado, orientando umas pesquisas, etc e tal. Onde eu me formei? Na Unicamp, com mestrado e doutorado em Coimbra. E atualmente tocava umas pesquisas sobre "comunicação não verbal pela internet" (pode? ahahah claro que pode, com a webam!. Só olhando sites de fotografias, né?)

Ele falou que trabalhava em uma empresa que desenvolvia softwares para mainframes (Aí eu é que nem sei se existe ou se tem esse nome. Sei de programadores, analistas para implantar sistemas, etc. Mas ele disse softwares mesmo. ). Até aí, estávamos zero a zero. Ele não se aproximou de mim, não deu passo pra nenhuma intimidade. Nem eu.

Parei numa barraca pra ver uns filminhos piratas. E ele falou que podia estragar o dvd. Que era o que acontecia com cds piratas. E eu: "Hã? como? o aparelho? Pode, quando muito, trazer um virus, danar o sistema. Me explica como... por reflexo nos feixes de laser? Você deve entender mais de detalhes técnicos... é engenheiro? Vai, me fala.. eu quero saber. No caso de fitas, pode haver dano físico nos cabeçotes, mas cd? Só se estiver quebrado na borda. Máximo que pode acontecer é travar com um cd queimado por erro de gravaçao. E vai estragar como? Explica!". Minha paciência foi se esgotando conforme aumentava o calor naquela tarde de inverno. O tempo esquentando, até que fechou completamente, cheio de nuvens escuras.

Depois dessa, saímos pisando duro. De volta à internet, detonei o sujeito. Apaguei e bloqueei. Amanhã conto a segunda parte dessa historinha!

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