quinta-feira, novembro 22, 2001

Incompreensão, interpretações erradas dos que lêem este blog têm me desestimulado a escrever. Muitas das reações equivocadas me deixam frustrada como profissional de comunicação. Parece aquela coisa de “casa de ferreiro, espeto de pau”.
Do mesmo modo que coloquei nos primeiros posts, ainda no extinto Desembucha, continuo com a mesma alegria de viver, mesmo nos momentos em que a luta diária se torna exaustiva. Embora minha vida “amorosa” não seja um modelo, acredito que sou uma pessoa emocionalmente resolvida.

O fato de continuar na minha rotina de conhecer sempre novos contatos, novos amigos masculinos, não indica que eu esteja infeliz. Significa apenas que não estou fechando os olhos para novas oportunidades. Quanto mais conheço outras pessoas, mais certeza eu tenho de que não existe ninguém como Julius. Claro que eu estaria mais saltitante se não fossem tantos desencontros. Mas isso não me aborrece. Estamos curtindo a saudade... Ontem ele escreveu: “Ainda sinto teu cheiro... tênue, mas sinto...”. Meus olhos se encheram de lágrimas. Mas só porque fiquei emocionada. E nunca deixamos de nos falar. Falamos de coisas banais, dos nossos trabalhos, dos filhos, do vestibular, dos problemas que enfrentamos. Não dá nem pra namorar por telefone. Nunca fizemos isso. Agimos com naturalidade. Mas a cumplicidade e o elo estão presentes em todas as entrelinhas dos diálogos. Eu sempre torço por ele e sei que ele também por mim. Essa certeza é muito grande, com os dois pés no chão.

Na sexta-feira depois do feriado, fui tomar um café com Jimmy, judeu americano de origem polonesa, que me pescou no White Pages. Charmoso, elegante, culto, professor de MBA e colunista da Exame. Divertido, bem-humorado, com lindos olhos azuis por trás de óculos cristalinos de lentes bem talhadas. Mas nem tudo é perfeito: cinco casamentos, seis filhos e quatro netos! Como diz minha amiga Blaquita, “esse homem é um perigo internacional!” Eh, eh, eh!

Ele fez um baita interrogatório sobre os mais variados temas, colocando mil questões, de assuntos profissionais a pessoais. Falei com transparência e sinceridade, só com certo cuidado na construção de frases (senti-me avaliada feito mercadoria). “Você é muito interessante!” – repetia ele o tempo todo. Perguntou-me se já fiz alguma terapia na vida. Quando respondi que não, ele ficou admirado e comentou que eu sou uma pessoa “muito bem resolvida”. Fiquei envaidecida com essa avaliação. Mas um pouco frustrada que acho que ele não se interessou muito por mim... Ah, mesmo que a gente não queira, sempre desejamos ser cortejadas! Faz parte da natureza feminina.

Ah... fomos ao Franz Café e quando nos sentamos, ele revirou os bolsos e disse que deixou a carteira na empresa. Queria que fosse com ele buscar. Preferi arcar com os quase seis reais a ir até o tal escritório, na Paulista, num dia em que não deveria ter mais ninguém trabalhando. Eh, eh, eh... Vai que ele fosse doido… Nunca se sabe, né?

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