quinta-feira, janeiro 03, 2002

Na passagem do ano, fui ao Imirim, a convite da família de um casal de amigos que mora no interior e que não víamos há exatamente um ano. Minha vontade era de ter uma noite tranqüila, em casa mesmo, vendo os fogos do 14° andar, onde moro. Mas minha amiga insistiu tanto que não resisti. Valeu a pena pois eles ficaram realmente felizes com nossa presença.
Mas eu fiquei com o coração apertado pois minha amiga Susan já não é mais a mesma há muito tempo. Ela tem lúpus e está completamente desfigurada, devido a tantos remédios que toma, entre as quais muitos antidepressivos.

Na manhã do dia 1, telefonei pra minha mãe e pro meu irmão que mora no interior de Minas. Depois, fomos almoçar com minha irmã e a família dela. Meu sobrinho estava aí com os dois filhos e também a minha sobrinha com a garotinha dela, de cinco anos. Reunião com crianças é sempre muito alegre. Foi um dia muito descontraído, com boa comida e bebida.
Senti que eu e minha irmã estamos mais próximas. Deu pra notar nos abraços apertados e também na cumplicidade, na melancolia que nos une, depois de tudo que temos passado nos últimos anos. As perdas que tivemos e as glórias do outro irmão. Só nós duas sentimos na pele o que isso significa. Ontem, pudemos mais uma vez experimentar o incômodo de ter um irmão importante, por cujas ações sofremos tantas cobranças. Estamos ambas com o coração na mão quanto ao futuro dele, que pode ter outra reviravolta nos próximos dias. Nós duas o aconselhamos a desistir.Mas acho que não adianta. A teimosia, o idealismo e o senso de dever são problemas muito sérios. É a mesma força do outro irmão, à frente da cooperativa, com tantos sacrifícios pessoais.

Hoje cedo chegou e-mail do meu grande amigo Eduardo. Vejam um trecho:

“ Passamos o Réveillon na praia da Barra da Tijuca e então pude compreender o fascínio que leva milhões de pessoas a realizarem a passagem do ano em frente ao mar. No fundo escuro, que mescla céu e oceano, representação do infinito e do mistério que nos aguarda, sentimo-nos pequenos e frágeis. As ondas que arrebentam, o vento que vem forte do mar, o estranho brilho esverdeado de uma lua cheia, nossos pés que afundam na areia, tudo parece mostrar a nossa transitoriedade nesse mundo. Ao mesmo tempo, milhares de pessoas passeiam belas em seus sonhos de tudo poder fazer no novo ano. São belas no kitsch de suas roupas brancas dois ou três números menores, em seus vestidos dourados de madrinha de casamento com salto alto andando no calçadão com seu namorado. São belas por levarem flores na praia e não se intimidarem com o olhar alheio e, mesmo com todo o panteão de pessoas exóticas e maravilhosamente simples e autênticas que transitam pela orla, se recolherem em uma reverência profunda e ofertarem ao oceano suas oferendas. “

Tenho saudades de Julius. Mas aguentarei firme. Ontem me deu uma vontade louca de telefonar. (Ele estaria em São Paulo). Meio sério, meio brincando, disse a ele que não nos veríamos enquanto ele não fizesse a barba.
Não quero cometer os mesmos erros de outras relações.
Não quero fechar os olhos.
Não quero ser igual a outras mulheres.
Também quero curtir outras pessoas.

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