sexta-feira, fevereiro 22, 2002

No domingo conversei com meu irmão lá de Minas e ele me falou que vinha sonhando constantemente com pessoas da família que morreram. Ele estava um tanto perturbado. Falou que sonha quase todas as noites. São sonhos com meu pai, meu cunhado e meus dois irmãos falecidos.

Eu às vezes lamento nunca sonhar com eles. Talvez fosse uma forma de matar saudades.

Nunca entendi por que a gente não pode escolher com quem sonhar.

E o mecanismo do subconsciente ou do inconsciente que comanda os sonhos me assusta.

Não sei se influenciada pelos comentários de meu irmão, esta semana sonhei duas vezes com um amigo muito querido, de quem tenho muitas saudades. Passados uns oito anos, ainda não consigo crer que ele tenha mesmo morrido. Às vezes acordo e penso que a morte dele é que foi um sonho. Isso deve acontecer porque não tive coragem de visitar esse amigo nos seus últimos dias de vida. Ele estava no CTI e a secretária dele me telefonou para encaixar no horário de visitas. Eu não fui e nunca me perdoei por essa covardia. Apeguei-me ao pretexto de que ele ficaria constrangido com a minha presença. Douglas era um amigo que eu amava de verdade, aceitando e admirando suas preferências.

Em um dos sonhos, ele aparecia ao lado de Julius. Ambos me mostravam textos escritos a mão. De algum lugar, do fundo de minha memória, surgiu claramente a letra redonda e uniforme de meu colega de faculdade, grafada com caneta tinteiro. Sensação de ver as anotações que ele fazia nos cadernos da faculdade. Ele discutia algum assunto de trabalho com Julius, com muito entusiasmo. Nessa hora, observei bem as anotações e a letra de Julius, um pouco a lápis e um pouco a caneta.

Quais serão as explicações? Não sei. Uma delas é o fato de ambos terem um nome em comum. Douglas César e Julius César. Há também algo em comum nos olhos dos dois,. no cabelo e no jeito de me tratar (como amiga, é claro). Mais de uma vez chamou-me atenção o fato de Julius fazer anotações com lapiseira, corrigindo com capricho os eventuais erros.

Fiquei muito encucada com o sonho, principalmente com a clareza das cenas. Telefonei para Eduardo e contei. Ele me falou que sente-se igualmentedesconfortável em relação a Douglas. Disse-me que sempre o inclui em suas orações diárias e tem até vontade de visitar a sepultura dele. Eduardo também está em busca de respostas...

Eduardo descarta a possibilidade de Douglas estar me enviando algum recado. Ele tem razão. Seria um absurdo. A resposta está dentro de mim mesma. Tenho medo de descobrir.

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