segunda-feira, dezembro 09, 2002

Dizia minha mãe uma frase muito sábia: "Tanto para o alto como para baixo, não há limites."

É uma grande verdade. Estes dias, enfrentei muitas crises, decepções, expectativas negativas. Estou apreensiva com os rumos da economia, da política, do país, dos negócios...
Mas minha amiga Alice tem tudo isso e muito pior: a saúde dos pais e a reprovação da filha mais nova na escola.

Meu amigo Alberto tem três crianças pequenas, está desempregado e com a mãe completamente esclerosada, numa casa de repousos.

Meu amigo Eduardo anda preocupado com o trabalho, diante da mudança de governo e a saúde da mãe.

Infelizmente dezembro traz mais preocupações do que alegrias. Natal e Ano Novo podem ser apenas um oásis diante dessa confusão.

Minha cabeça pesa... mas quando me lembro de passado recente, de tantas coisas por que passei, vejo que só tenho motivos para sorrir!

Sábado fui com Alberto ver a mãe dele. Está há alguns meses numa casa de repouso. Fomos as únicas visitas daquela tarde quente. Os velhinhos carentes se aproximaram curiosos feito crianças. Olhares vazios, sem sensações. Certamentes todos com a memória vaga como a mãe de meu amigo... Ela, que me conhece há 25 anos, nao se lembrou de mim. Disse que tem apenas algumas imagens enevoadas, feito sonhos longínquos. Saímos de lá com um nó na garganta. Meu amigo, de olhos marejados, manteve-se durão, como todo oriental. Ainda o velho mito de que "homem não chora".

Mesmo diante de todas essas cenas, voltei feliz. Ele agradeceu muito a minha companhia. Disse que eu lhe proporcionei um dia especial. Acredito que sim.

Muita gente deve achar que meu lugar talvez fosse ao lado de minha mãe. Mas ela está bem, feliz no canto dela, curtindo orgulhosa o filho famoso. Não falo isso com ciúmes. Acho que ela não sente minha falta, então posso me dar mais a outras pessoas. Estou sendo justa sim.

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