Esta é parte de um texto escrito há cinco anos.
Como amanhã completa cinco anos desde o nosso último contato, presto aqui, nestas lembranças, uma singela homenagem. É ainda difícil me conformar com aquela despedida inesperada e sem explicação.
É de um e-mail enviado a minha amiga Lúcia, que mora no RJ e é minha amiga mais antiga (nos conhecemos aos 11 anos)
Juraci foi minha colega na FT e nos tornamos muito amigas mais ou menos na época em que Paula nasceu. Uma pessoa muito “diferente”, muito especial... Não a via há quase dois anos, eu creio...
A última vez que tive notícias dela antes desta foi pouco antes das eleições do ano passado, quando ela me ligou de Campo Grande...
Depois desse dia, ela só voltou a me contatar no último dia 28, quando me disse que chegara de viagem há uns dois dias. Conversamos e matamos saudades naquela tarde, por telefone, e também nos dias 29 e 01. Na
terça-feira, dia 2, liguei para ela, ansiosa para nos revermos e conversarmos pessoalmente. A mãe dela disse que estava dormindo. No dia seguinte, a situação se repetiu duas vezes. Na quarta, desconfiei que havia
algo estranho, pois a mãe disse que ela estava muito abatida e só queria me ver quando se recompusesse. No sábado, eu e outra amiga fomos fazer uma visita, meio “na marra”. Constatamos que ela estava num estado que mais parecia coma. Não era coma, pois se alimentava. Abria a boca e deglutia o que lheera oferecido. Muito estranho... Não se levantava e nem se mexia ou abria os olhos. Uma irmã havia chegado de Recife para cuidar dela. “É uma fuga... ela só volta quando quiser” - disseram. “Há suspeitas de Mal de Alzheimer, mas
minha mãe não sabe” - cochichou a irmã. Os dias se passaram, a situação não parecia mudar... Fiz umas pesquisas e achei que os sintomas nada tinham a ver com a tal doença. Estranhei muito e comentei com a Marice, que concordou comigo. Era difícil a gente se intrometer, mas ... seguindo o conselho da minha sobrinha mpedica, tentei conversar com o irmão dela, em Campo Grande. Ele é psiquiatra e vinha cuidando da Ju.
“Em último caso, tem que mandar o Resgate à casa dela, aí será providenciado o socorro, mas você poderá se indispor com a família” - explicou minhaa sobrinha, que também achou absurda a situação. Ela atribuiu tal comportamento a fanatismo,
decorrente do espiritismo da mãe. .. Liguei 4 vezes para Campo Grande e o
doutor não retornou minha ligação...
Na quarta-feira, eu e minha amiga Alice - também ex-colega da FT e amigona de Juraci há 19 anos -, e decidimos ir pela manhã bem cedo até lá, para conferir o que acontecia e dispostas a interferir se fosse preciso...
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Agora, as cópias dos meus e-mails ao Fábio...
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Cheguei hoje pouco depois das oito da manhã, juntamente com minha amiga Alice à casa de Ju. A mãe dela abraçou-me chorosa e comunicou-nos que a filha estava muito mal e já haviam chamado o resgate. A doente estava febril e agonizante. A ambulância chegou depois de meia hora e eu segui para o pronto-socorro juntamente com a irmã dela que vinha fazendo vezes de enfermeira na última semana. Lá, o atendimento foi imediato e o médico pediu os exames de radiografia, urina e sangue. Porém, não havia enfermeiros e os recursos bem precários. Nós duas tivemos de empurrar a maca e levá-la pelas várias salas, para os exames. Saí para comprar material de higiene e algumas roupas, para dar mínimo de conforto, enquanto ela tomava
soro e aguardava o diagnóstico. Com o resultado nas mãos, evidenciando uma pneumonia, foi providenciada a remoção para o hospital, onde uma pneumologista muito atenciosa e competente nos explicou que o estado de
sonolência devia provavelmente ser em decorrência da falta de oxigenação do cérebro. Foram solicitados exames com neurologista e imediato encaminhamento ao setor de emergência. O nível de glicemia também estava alto.
Porém, o enfermeiro demorava um pouco e aguardávamos num saguão, com demais doentes, na maca, quando a vi abrir os olhos, depois de 8 dias. O olhar estava parado e arregalado, fitando o vazio. E ela suava muito. Comuniquei a um jovem médico, que viu o estado e empurrou pessoalmente a maca para a UTI. Fiquei
na dúvida se já era tarde demais... mas, felizmente, colocaram os tubos e oxigênio a tempo. Às 18h30, deixei o hospital, juntamente com a irmã de Ju, por ora tranqüilas com as providências possíveis tomadas. Foram dezenas de telefonemas aos colegas, particularmente a um velho conhecido, ex-chefe de reportagem do jornal, que contatou o assessor de Imprensa do Inss, que nos passou as coordenadas.
Não sei se minha amiga se recuperará. O estado é mesmo grave. Sei que há momentos em que pouco podemos fazer... Mas, neste momento, não tive como não deixar de esgotar todas as possibilidades que estavam ao meu alcance. Agi segundo minha consciência e seguindo o próprio exemplo de Ju.
Estou triste, porém aliviada e tranqüila. deixei-a com todos os cuidados que a ciência pode oferecer hoje, num hospital muito bem equipado, em mãos de profissionais dedicados. Se ela morrer, não será sem atendimento. Creio que o socorro adequado demorou demais a ser providenciado, porém foi a tempo de se tentar reverter o quadro.
Sem querer julgar, constatei que o tal irmão médico psiquiatra (de Campo Grande) vem tendo um procedimento no mínimo incompetente, ao atribuir tudo à depressão e esclerose múltipla. O primeiro sinal de febre já devia ser de comprometimento do pulmão e também da elevação da taxa de açúcar. A situação deve ter-se agravado com a ingestão de muitas vitaminas de frutas, adoçadas com certo exagero. A mãe, que tudo centralizou, omitiu muitos dados que deveriam ter sido transmitidos ao filho médico (para não preocupar demais o
célebre filho, tão ocupado, às voltas com o final de semestre do curso de Medicina, onde é catedrático em uma cadeira freudiana) e entregou-a cedo demais às mãos de deus... E ele, na sua linha de raciocínio, continuou a
tratá-la de depressão, ministrando tranqüilizantes, que aumentavam a sonolência... Difícil acordar, né?
Enfim... essa situação me mostrou como a família significa tudo... Em última instância, enquanto não rompemos com ela, é ela quem sempre toma decisões por nós quando estamos incapacitados. Os amigos, por mais preparados e mais competentes que possam ser, nunca têm direito de agir, de tentar fazer o
melhor... E, na família, sempre se respeita a hierarquia: cônjuge, filhos, pais e irmãos, quase sempre nessa ordem. Ninguém questiona essa hierarquia... No caso da minha amiga, as decisões sempre ficaram por conta
da mãe, que vinha seguindo os conselhos do filho médico. Por se julgarem mais capacitados, os outros nada souberam ou souberam de tudo pela metade... Os amigos, continuamos sendo estranhos e intrometidos demais...
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Bem... Jui se foi na noite de ontem. Quando recebi a notícia, senti-me aliviada. Depois do último e-mail que te enviei, relatando minha maratona pelo hospital, não consegui pensar nem fazer outra coisa além de me dedicar a ela. No dia seguinte, retornei pra lá e levei um susto, pois ela não estava mais na sala de emergência. Depois de alguns minutos de desespero, localizei-a na UTI, onde eu e Ângela tivemos acesso, escorregando pelos
corredores e furando os esquemas de segurança. Claro que nesta hora a nossa experiência de jornalistas veteranas nos ajudou muito. Não precisei olhar muito pra minha amiga pra concluir que ela estava
péssima. Percebi a gravidade no semblante da chefe de enfermagem, que veio me perguntar o que aconteceu e por que esperamos chegar a tal estado para buscar uma internação. Expliquei a situação familiar rapidamente. Quando a irmã dela entrou para a visita, aproveitei para telefonar pro tal irmão, em Campo Grande. Gastei um cartão de 90 impulsos pra falar 3 minutos no celular dele. Eu: "Sou Suely, amiga da sua irmã de SP. Ela está péssima, o estado piorou muito desde ontem. O senhor pretende vir, doutor?"
Ele: " Não, não vou". Eu: "Esta situação era prevista?" E ele: "Sim... estou esperando a qualquer momento".
Eu: "Meu cartão vai acabar... posso ligar a cobrar?"
Ele: "Ligue para meu consultório daqui meia hora. Estou indo para lá. Por favor, a senhora ligue a cobrar".
Ainda tinha 3 impulsos, mas a voz foi tão fria e autoritária que eu desliguei e não tornei a procurá-lo.
Nós três, Ângela, eu e Titi, a irmã de Juraci, fomos chamadas para conversar com o plantonista da UTI, . Ele nos informou que o quadro era gravíssimo, que ela não reagia a nada... Estava vivendo sob ação de drogas e máquinas. Estava tão debilitada que nem podia ser removida pra se submeter a uma tomografia. Eu pedi a ele que contatasse o irmão, que ligasse a ele para ter o diagnóstico que ele já tinha. "O procedimento não é este. Quem deve nos procurar é ele. Aliás, ele deveria estar aqui" - foi o que o médico disse, irritado. Expliquei a ele que eu era "apenas" amiga e relatei o que ocorrera. "Então, estamos diante de algum problema familiar que nós
desconhecemos" - concluiu ele, me olhando estranho. Na tarde de ontem, fui novamente ao hospital, já preparada para tudo. No entanto, ela ainda estava na UTI, com aspecto até melhor. Examinei-a e
percebi que retiraram as sondas e estava ligeiramente inchada. Por isto o aspecto melhorara. "Estão preparando..." - pensei com meus botões e saí logo a seguir. A irmã me contou que o tal irmão médico ligou pra ela desesperado. Chorava tanto que nem conseguia falar. "Deve ser culpa" - pensei.
Dali a pouco, veio o médico responsável por aquela tarde na UTI falar conosco. "O estado dela é o que chamamos de "choque", em termos médicos. O irmão dela ligou várias vezes, disse uma porção de coisas... que ela tem isso, tem aquilo... Mas o que posso dizer é que são apenas suposições. Fizemos uma tomografia e nada encontramos. Apenas uma cicatriz muito antiga no crânio. O socorro foi demorado demais. O pulmão dela está péssimo. Tivemos de fazer uma broncoscopia. Foram encontrados resíduos de alimentos.
Ela deve ter vomitado e aspirado. (Foi exatamente o que aconteceu na noite do dia 01, antes de ela cair nesse sono). Ela não reage a nenhuma medicação. Por isto, neste momento, mandei mudar todos os remédios. "
Bem... a minha suspeita era de que Juraci tivesse algo como um tumor no cérebro, segredo que o tal irmão guardasse sozinho. Imaginei que fosse essa a razão de tanta frieza e esquisitice. Mas... que nada... era só
esquisitice. E o que eu percebi é que a "loucura" é mesmo um problema sério naquela família.
Soube, nas longas conversas com Titi de muitas coisas que Ju jamais revelou nestes mais de 15 anos de grande amizade... Como eu sei que você adora essas na coisas a la Gabriel Garcia Marques (por falar nisso... ano vai esquecer de botar Vargas Lhosa que te dei na mala, hein?) - vou te contar tudo detalhadamente. E trata de guardar meus e-mails, viu? Quem sabe a gente monta mesmo aquele livro, misturando tudo isso com as tuas narrativas de viagem... Pelo menos tenho aqui comigo as de Bali, Tailândia e Barcelona... Que tal tentar me escrever sobre tua estada no México? Eu ia adorar saber como foram as coisas...
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Zezé, o irmão mais novo dela, de Ju, de quem ela cuidava, também faz um sério tratamento psiquiátrico, com uma colega do tal irmão... O início da piração desse cara foi durante o movimento hippie, às voltas com drogas. Na cola do outro irmão, Jurandir, líder de movimento estudantil, seguiu para o Chile. Ambos foram de lá "deportados" para a Europa. Na Holanda, Zita sobreviveu fazendo traduções de espanhol para holandês, línguas que nunca estudou. depois, juntou-se ao irmão-ídolo na Alemanha, onde aprendeu marcenaria e tear. Na Anistia, os dois retornaram ao Brasil, sendo acolhidos pela Juraci, que foi buscá-los no Rio, de carro. Jurandir chegou casado, com dois filhos. Em Recife, Zita começou com um tear manual, "inventou" um sistema mecânico e chegou a ter uma indústria de redes, que detonou numa crise. Veio para S.Paulo, onde teve uma loja de decorações, fabricando móveis de cana da índia e fazendo tapeçarias. (Lembro me da tal loja, na Bela Cintra, quase esquina da Paulista, por volta de 1980). Não sei o que aconteceu, que também o tal
negócio foi pro espaço. Segundo Titi, basta ele parar de tomar os remédios e beber, que tudo vai pro
espaço. E era essa a "cruz" que Ju carregou sozinha por tantos anos... protegendo-o das críticas da família.
Ah... depois de detonar a loja de decorações, Zezé sobrevivia "vendendo" teses de mestrado e doutorado ... principalmente de psiquiatria e psicologia.... Dizia que era mesmo catedrático no assunto, após tantos
tratamentos.
Diz a irmã que muitos psiquiatras desistiram de tratá-lo pois ele invertia os papéis e começava a diagnosticar o médico. (Ahahahha...) Eu acredito que ele fosse capaz disso. A fisionomia dele lembra Einstein. Quem fez essa
observação foi Paulinha, quando o viu pela primeira vez, aos sete anos. Achei fantástica a analogia que ela fez e, naquele momento, achei minha filha também genial. Foi no dia em que Zezé tentou explicar a Paulinha um
pouco de Óptica, martelando o chão e esticando barbantes...
Naquela ocasião, ele estava lendo a Enciclopédia Larousse, de 18 volumes. Estava mais maluco pois perdera o volume 10, se não me engano... Estava estudando sozinho, para encarar Vestibular para Agronomia. Queria estudar em Manaus. Explicou que optara por esse curso por ser ele tecelão, tapeceiro...
Disse que queria ir às origens do plantio das fibras que servem para fabricar os fios... E discursou com uma paixão que me impressionou muito. Ju virava os olhos, como que querendo me alertar... E ele interrompia às
vezes as explicações para falar das minhas pernas, com aquele olhar meio tarado... Eu não sabia se gostava ou me apavorava. Afinal, era mesmo um homem fascinante: atlético e bonito, trazendo misturas de sangue índio, negro e português.
Quando Ju sofreu o tal acidente em que quebrou a perna e eu chamei Zezé para ajudar, também fiquei impressionada ao vê-lo carregá-la nos braços feito uma pluma. Imaginei uma cena de Cecy e Peri. Parecia mesmo um herói de José de Alencar...
Há três anos, Zezé foi estudar Filosofia em Marília e Ju foi morar com o cunhado da irmã, um jovem de pouco mais de 20 anos. Dividiam o apartamento e ela tratava como se fosse filho dela, com todos os mimos.
Depois, muitas histórias mal contatadas... viagens misteriosas... E foi na tarde do dia 28, depois de estar com você, quando eu dormia depois que voltei do aeroporto, que ela me ligou depois de quase dois anos. Disse que
acabara de chegar de viagem há dois dias.
Agora eu sei que os contatos telefônicos foram para nos despedirmos... Ela se preparava para outra viagem... para o espaço cósmico, onde espero revê-la e botar as fofocas em dia... Soube apenas na visita do sábado passado, à casa da mãe dela, que o tal irmão psiquiatra é coronel-médico... Cursou a Aman enquanto outro irmão liderava Movimento Estudantil e era exilado...
Ultimamente, Ju tinha pavor ao pensar em rever Zezé. Segundo a mãe, a crise de vômito, no dia 01 ocorreu após um telefonema dele, avisando que viria passar férias em S. Paulo. Fico imaginando o que pode ter acontecido de tão TERRÍVEL para ela ter medo do irmão mais querido... E também a mãe dela conta que no domingo passado, quando ele chegou, ela abriu os olhos pela primeira vez depois de todos aqueles dias e o fitou aterrorizada. Depois desse dia, ela não queria mais nem comer...
Coisa de louco, né?
Só não sei QUEM é o louco...
No cemitério, conheci o Professor Xavier, o ex-lider do Movimento Estudantil, sociólogo, coleguinha de FHC. Hoje é secretário de Planejamento e Meio Ambiente de uma grande cidade no Nordeste. Abraçou-me muito
e comentou: "Não entendo o que aconteceu... não tem explicação... Às vezes ela estava bem lúcida. Às vezes misturava tudo". Insistiu muito que vá visitá-lo... "Meu filho Juliano tem uma casa linda, num condomínio fechado
em João Pessoa. Venham passar uns dias lá... Lá podemos conversar melhor..." - frisou para mim e para Ângela. E Titi insistiu: "Venham até Recife, que pegamos a chave da casa com Jura e vamos as três juntas de carro até a praia, em João Pessoa."
Senti tanta sinceridade e tanta emoção que estamos - eu e Alice - pensando seriamente em ir mesmo. Para mim, só falta arrumar dinheiro.... Bem... quem sabe, o secretário descola um trabalhinho especial para duas jornalistas de São Paulo, né? Eheheheh...
E eu estou intrigada e curiosa para saber o que se passou... O que fez minha
amiga tão positiva e cheia de vida desistir de tudo... O enterro foi tão especial quanto foi a vida de Ju. Onze pessoas e dois vasos de flores que eu e Alice compramos. Nenhuma lágrima. Ficamos de mãos
dadas: Titi, Xavier, Alice e Eu, enquanto tudo acontecia... Olhamos para o céu, para as plantas, para uma árvore linda, ao lado do jazigo. "Não dá pra esquecer... É a árvore mais bonita e a mais alta"- comentou Xavier.
"Conhecer vocês foi uma bênção de Deus" - observou Titi. Fiquei muito emocionada e feliz. Fiquei grata a minha amiga por permitir este encontro. Achei esses dois irmãos dela tão especiais quanto ela...
Pensei em dirigir uma oração, como Ju fez no enterro da Walkyria. Mas não consegui nem me lembrar do Pai Nosso. Ângela tirou da bolsa uma linda mensagem de Natal, que lemos emocionados, em silêncio. Significativas e oportunas palavras, falando da importância da amizade.Xavier foi até o carro, pegou uma câmera muito transada e tirou umas fotos da paisagem, mostrando o lugar onde Juraci descansou. E também pediu ao
Roberto, marido da "irmãzinha" para tirar uma de nós todos, sorridentes e abraçados. Prometeu enviar as fotos pela Internet assim que as revelar. E eu fiquei de procurar, nos arquivos da Abril, uma reportagem na "Nova", em que Ju aparecia como exemplo de "viver bem em São Paulo". Esta semana vou falar com minha prima, que e' diretora de Arte da revista... Vai ser fácil, foi no número em que saiu uma reportagem com Leão, eleito dono das pernas mais lindas do Brasil. Será fácil achar.
Na volta do cemitério, fui com Ângela almoçar num lugarzinho legal, aqui na Barão de Limeira. A gente não ficou triste. Apenas tentando desvendar o mistério. Tentamos não apontar culpados. Porém, prometi a mim mesma que se tal situação surgir de novo à minha frente, não vou mais ficar "cheia de dedos". Garanto que vou tomar as rédeas antes e agir com determinação. Alice concordou comigo. Choramos apenas alguns minutos quando nos abrigamos da chuva, no terminal de ônibus que nos trouxe de Guarulhos onde Ju foi
enterrada. (Fomos sem carro pois não conhecemos o pedaço). Ficamos ali, alguns segundos, num abraço muito apertado. "Não me abandone" - disse Alice. "Nem você.." - respondi.
Trecho da resposta de Fábio:
"Você descreve tudo de forma tao natural, que é como se estivesse te ouvindo. Me lembra aquelas cenas de novela em que o ator recebe uma carta e ,`a medida que vai lendo, aparece a voz de quem escreveu fazendo a narração ! E obrigado me achar um amigo importante Su. `As vezes fico pensando por qual coincidência do destino viemos nos encontrar !! E acho que deve ter algo por trás disso !!"
Comentário de hoje:
Coincidência? Força do pensamento? Não sei... Constato sempre que nos momentos em que mais precisei do seu ombro você se fez presente. E o papo de ontem... não imagina o bem que me fez! Você me ensinou a ousar, a encarar a vida de frente, sem culpas. Suas massagens são fantásticas. Que saudades!
Você e Eduardo são mais do que prova de que pode mesmo existir uma amizade verdadeira entre pessoas de sexos diferentes e que essa ligação pode superar tudo... sem falar que, também podemos viver com afeto, carinho e ... você sabe o resto... eheheeh. Só na base do bem-querer.
Cinco anos... Ainda falo com a família de Ju. Ligo algumas vezes por ano para a mãe dela e até a acompanhamos para resgatar um dinheiro que minha amiga deixou aplicado numa capitalização. Encontrei a irmã dela, do Nordeste, algumas vezes... e consegui falar uma única vez com Zezé, que se prepara para iniciar mestrado no ano que vem. Agora ele dá aulas para o ensino médio, morando com a mãe em Sampa. A "irmãzinha" de minha amiga teve um bebê nos States, do segundo casamento. E a nossa vida continuou...
Depois dela, perdi dois dos meus irmãos. Nos momentos mais difíceis de minha vida, busquei alento naquela voz sonora, nas palavras dela: "viver cada dia...." "o Sol nunca deixou de brilhar, mesmo por trás da nuvem mais escura..." "isso não foi de você..." "você é a força, sua família depende de você..."
Lembro-me dela embaixo daquelas duas árvores mais altas, em Guarulhos... a última morada de minha amiga, onde prometi retornar com mudinhas de flores e nunca mais fui. Mas acho que ela entende... Um dia levarei as flores sim... quando tiver um dia só para nós... Por enquanto, em palavras que tomam forma nesta tela, quero deixar registrado (para Deus e Bill, como disse um dia Mário Prata) e também para a internet (que vc nunca conheceu )que você me ajudou muito a ser gente!
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