sábado, dezembro 21, 2002

Minha tia foi embora definitivamente ontem, um mês antes de completar 88 anos. Partiu com dignidade e serenidade, consciente até o fim. Há três semanas, tive a oportunidade matar saudades e nos despedirmos retomando velhas histórias de família. Em conversas muito lúcidas, resgatamos algumas lembranças.
Não sei por que, eu me identifico muito mais com ela do que com minha mãe.
Parece que acontece o mesmo com minhas sobrinhas, filhas de meus irmãos. E também com minha filha em relação à irmã do pai ela.
Acho que ela descansou definitivamente no dia certo, a tempo de liberar a família para um Natal tranquilo e de muita paz.

Meus primos, filhos dela, estavam igualmente tranquilos, com aquela certeza de que tudo fizeram pela mãe. Não só agora, na fase de doença, mas sempre.

A vida de minha tia Yaeko foi de muitos altos e baixos. Bem nascida e mimada, era de uma família de senhores feudais. De repente, aos onze anos, veio com a família "fazer a América". Sempre muito bonita, antes dos vinte anos, casou-se com um fazendeiro de café.

Quando pequena, ela sempre me presenteou com livros infantis. Na adolescência, me trazia publicações de trabalhos manuais. Assim como minha avó, ela era exímia no crochê, chegando a "fabricar" pessoalmente as agulhas, de bambu.

Mesmo tendo frequentado a escola japonesa por poucos anos, titia era muito culta e bem informada. Lia best-sellers em japonês e os jornais da colônia, mesmo que com atraso. Também falava português fluentemente. Vou sentir saudades.


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Ufa... Não sei de que maneira mas consegui fechar as edições do mês! Nem acredito nas coisas que escrevi. Parece até que psicografei. Nossa...


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