quarta-feira, agosto 20, 2003

Estou inquieta, estou preocupada, esquisita. Para cumprir a promessa de não tornar este blog um muro de lamentações, tenho ficado quieta. Do mesmo modo que mantenho o silêncio quando não tenho nada legal pra dizer.

Mas não pensem vocês que eu esteja triste.
Estou curtindo um pouco longo papo com meus botões. Quando não trabalho, ando refletindo. A tal "síndrome da meia-vida", explicação dada pelo meu amigo Doctor, está indo. Pelas contas dele, consegui atravessar a parte mais difícil. Nessa primeira etapa, fui atingida por três perdas muito significativas. Mas não questiono o inquestionável. Aborreço-me, sim, com alguns comentários levianos. Esta semana, o assunto voltou à pauta com uma interminável discussão sobre o suicídio do desenhista Sampaio. Quem nunca viveu o drama analisa o problema muito superficialmente. Todos julgam. E por tabela, parentes dos que ficaram são julgados.

O fato me fez lembrar de um outro desenhista. Ele se suicidou na noite de Natal. Sem motivo aparente.

Tem sentimentos que são para serem vividos. A dor, a saudade. Faz parte. É uma necessidade. Saudade é dolorído, mas um sentimento bom. É a saudade que nos faz valorizar a presença de quem a gente quer por perto, quando nos é permitido tê--la. Ninguém pode exigir a companhia de ninguém. Dar a liberdade faz parte do exercício de amar, de ceder, de conceder. Pode-se amar na ausência também. Pode-se? Claro que sim, tanto aqueles que vamos rever amanhã, como os que nunca mais veremos.

Hoje é aniversário de alguém especial. Há quase 25 anos que não o vejo. Não o esqueci, apesar de ele ter me sufocado. Um dia, ele disse que ninguém me amaria tanto. Certamente, não mentiu. Pena que foi de uma maneira tão complicada...

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