domingo, agosto 28, 2005

Roseiras e rosas

Outro dia, recebi o texto abaixo. Repassei a algumas pessoas, entre as quais, minha amiga Alice. Alguma coisa mexeu comigo, claro. Fiquei refletindo a respeito de amizades, sobre tantas que ficaram pelo caminho... E sobre o que Alice me escreveu, em resposta.

"Velhas Roseiras"

Eu já tive milhares de companheiros e colegas.Dentre eles, fiz centenas de bons amigos.Mas nem todas as amizades duraram.Algumas pareciam sólidas como rochas, mas não resistiram aos tempos e às circunstâncias. Assim sobraram poucos amigos de infância pouquíssimos amigos de escola, poucos amigos de adolescência, poucos amigos de juventude.
E pensar que a gente brincava todos os dias, via-se todos os dias e não saia da casa um do outro...
De repente, outros afetos, outros amigos, outros interesses, outro tipo de vida longos anos de distância e mil preocupações da vida nos afastaram totalmente.
Agora não sei onde andam e os que vejo aqui e acolá são amigos de "Bom dia"...
Mas nada acontece.
A gente se respeita e se admira, mas a amizade de infância, de juventude não volta.
Mudaram eles ou mudei eu?
Ou foi a vida que nos mudou a todos?
Restam algumas amizades fiéis.
O que sei é que fiz muitos amigos e não conservei aquelas amizades.
De bons amigos que éramos, somos hoje bons conhecidos que se saúdam de passagem e se respeitam.
Às vezes nem isso.
Crescemos e nossa amizade ficou lá no passado.
E eu digo a mim mesmo:
"Feliz o homem que sabe cultivar sua roseira!
Talvez não seja tarde...
Roseiras velhas também produzem rosas lindas e viçosas.
Basta recultivá-las..."

Comentário da Alice:

Quanto à roseira, não sei quanto dura seu ciclo de vida, mas dura anos porque tenho uma roseira há uns 20 anos na outra casa. Foi minha madrinha quem me deu. Tudo depende do cuidado, do carinho com a plantinha, muito mais que adubo. Bem, sou suspeita em falar em plantas. Sem ser pessimista, chata, lamuriosa, ingrata, o que mais me agrada e me faz feliz é preparar a terra, arrancar as ervas daninhas e plantar. Colher, seja uma flor ou algumas folhas de rúcula, um punhadinho de hortelã, é gratificante e divino. Você se lembra que uma vez fomos à Bienal do Livro e, num estande de "presentinhos", havia camisetas, vestidinhos (você até havia gostado de um) e uma cortina tipo rolô pintada com umas palmeiras e um verso de Fernando Pessoa (lembro-me que copiei esse verso que falava sobre natureza, mas não sei onde guardei a tal folha escrita). Queria tanto recuperar esse verso, porque pretendia escrevê-lo no muro da minha casa que dá para a viela, onde plantei mudas diversas, desde sansão do campo (uma arvorezinha com folhas delicadas, mas bem sacana porque por trás de sua folhagem há espinhos), que é própria para cerca, algumas roseiras (recém-plantadas), hibíscos laranjas, antúrios, lírio da paz, bela-emília (um arbusto com flores miudinhas da cor azul-lilás), entre outras que não sei o nome. Tenho vontade mesmo, onde há falhas nesse corredor da viela, de plantar árvore frutífera, aliás tenho um pé de amora. Queria mesmo era ter um bosque, pequeno que fosse mas com uma jabuticabeira. Pois é, sou uma roceira metida a urbana. Hoje, me sinto melhor porque resolvi regar os canteiros de verduras da casa da Arlete. Ela havia pedido, há algum tempo, para o guarda da rua deixar a mangueira, com um chafariz vagabundo, aberta por uns 10 minutos todos os dias. Ela reclamou comigo, dizendo que ele não regou nada. Aí, hoje resolvi eu mesma pôr a mão na terra, aproveitei e replantei algumas mudas de cravos, procedentes do terreno do meu pai. Um pedacinho de nada que mexi, e ficou lindinho. Quanto à horta do meu primo, me ative a somente regar, pois ele pode não gostar de eu mexer. Sabe como é, ultimamente só tenho levado na cabeça.
Resumindo (será que consigo ser concisa?), uma roseira pode durar a vida toda de quem a plantou e, se tiver sorte, ser cuidada por outras pessoas e continuar a perfumar a vida de tantas outras pessoas. Vai depender do respeito e carinho que receber, mais do que adubo. Assim acontece com a amizade. Um amigo sobrevive se houver respeito, compreensão e carinho. Como na natureza, a amizade está sujeita a temporal ou a seca, mas há sempre uma mudinha que fica. Assim, mantêm-se vivas a natureza e uma grande amizade.

Pela primeira vez em muitos meses, estou supertranqüila! Tomara que a fase dure um tanto. Preciso!

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