sábado, agosto 11, 2001

Logo cedo li a crônica do Walcyr falando do pai dele e não pude deixar de identificar muitas coisas em comum com o meu. A compra da máquina de escrever, por exemplo... Meu pai comprou uma Olivetti Lexikon 80 em 1965, ano em que comecei o primário. À medida que aprendia as letras, fui aprendendo também a datilografar. Acho que foi por isso que sempre adorei máquinas de escrever e seus substitutos (computadores, impressoras).
Além do gosto pela leitura e pela escrita, de meu pai herdei também a paixão por canetas, a caligrafia e a intolerância. Ele também começou vários diários. Só consegui ler trecho de um deles, escrito durante a viagem para o Brasil. Foi em 1926 e ele usou uma caneta Sheaffer inglesa de bico de ouro que tenho ainda hoje na minha gaveta. Sei porque ele relatou naquele diário a compra da caneta, em Yokohama, na partida para aquela viagem que esperava ser de apenas dois anos. E aqui ficou 43 anos, até morrer, em 1979.
Meu pai foi um pai especialíssimo para mim. Eu nasci quando ele estava já com 48 anos. Foi ele quem me acompanhou nos primeiros dias de aula, na escola rural (três séries em uma única sala) e era ele quem comprava minhas roupas, meus sapatos. Filha temporã, nascida oito anos depois de meu irmão mais novo, tive todos os mimos de um pai-avô. Que saudades! Pena que assim como ele, eu não creio em vida pós-morte ou algo parecido...

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