segunda-feira, dezembro 24, 2001

Véspera de Natal
Vamos passar aqui em casa mesmo.
É um dia melancólico para mim, de muitas lembranças.

Boas e ruins.

Não tenho muitas recordações dessa data de minha infância. Só me lembro de uma noite em que alguém pendurou um palhacinho em cima da minha cama. Ninguém assumiu e disseram que foi Papai Noel. Creio que eu tinha uns 5 anos. Era um pierrô meio tristonho, revestido de plástico azul e bolinhas coloridas.

Até hoje não sei qual dos meus irmãos comprou o brinquedo. Meu pai, certamente não foi. Nessa época, morávamos no sítio, a 6km da vila mais próxima, a 32km da cidade, por estrada de terra. Minha mãe ia muito raramente à cidade. Meu pai fazia maior parte das compras. Embora de origem budista, meu pai se dizia ateu. Minha mãe nunca manifestou opinião a respeito. E nunca tivemos qualquer formação religiosa.

Na escola, nas aulas de religião do grupo escolar, pela primeira vez ouvi falar de Deus. Também de céu e inferno e pecado. Tudo se misturou na minha cabecinha e morri de medo. Eu era pagã e minha alma provavelmente ficaria vagando no limbo se não me batizasse logo.

No segundo ano primário, comecei a me preparar para isso. A maior parte dos meus irmãos se converteu nessa fase. Mas uma conversa com meu pai sobre o tema me fez desistir na última hora. Assim, deixei de ser "catequizada". Numa me batizei e, consequentemente, não me casei na igreja.

Entretanto, diante da proliferação de tantas religiões e seitas, acho que a igreja católica ainda é a mais disciplinada. Por isto coloquei minha filha no Colégio Sion, onde estudou por dez anos.Nem por isto ela virou religiosa. E o maior orgulho dela é de que a nossa prefeita também foi aluna da mesma escola. eheheh.

Sinto-me folgada ao lembrar-me de tantos natais que passei trabalhando. De plantão. Todos festejando e eu sem poder nem dormir direito. Cansada para a ceia e almoçando na maior pressa para não chegar atrasada. Que horror!

Mas o pior Natal mesmo foi o de 69. Depois do almoço de domingo, Rex, o meu pastor alemão, veio brincar comigo. Trouxe um pedaço de pau todo babado para que jogasse pra ele ir buscar. E eu, de vestido novo. Dei uma bronca, mas joguei o pauzinho uma vez. E lá veio ele, novamente, com o treco no meu colo. Catei o cão pela coleira e o afastei. E ele: "nhac!" Rolei pelo chão e o outro cachorro vira-latas também me atacou, mordendo-me o pé.
Quando me acudiram, minha orelha direita estava completamente solta.
Dois dos meus irmãos me levaram ao pronto-socorro. Nunca passei tanta dor em minha vida. A anestesia não pegou na cartilagem. Fiquei com o rosto todo inchado por muitos dias. Mas a orelha grudou. Ainda bem!


***********************

Meu programa de ontem para ver "Evangelho segundo Jesus Cristo" com Eduardo furou. Uma pena. Não sei se a peça volta depois das festas. Mas aproveitamos para botar assuntos em dia. Comentei do Fábio. Pensei que ele tinha lido neste blog sobre a estada dele aqui em SP. Queria contar, mas fiquei constrangida. Não sei por que, se é uma coisa tão linda. Eu já falei muitas vezes a Eduardo e Lúcia que eles continuam sendo meus melhores amigos, com a diferença de que a esse grupo top incluí Fábio e outras pessoas.
Problema é que parece que Lúcia e eu estamos completamente fora de sintonia. Pelo menos Eduardo me entende, embora sinta várias interrogações no ar, da parte dele. Pudera! (e olha que ele não faz idéia nem da metade das coisas que eu faço).

Também há aqueles amigos com quem permaneço sempre em falta. Devendo uma visita, devendo maior atenção, devendo um papo gostoso. Muitos são relegados a segundo plano justamente por serem mais compreensivos, mais amigos talvez!
Minha amiga de N. Jersey já deve estar com a família no Brasil. Mas não tive coragem de procurá-la.
E Ângela, minha companheira de tantos momentos importantes. Que vontade de dar um abraço bem apertado! Mas nem vou telefonar para não atrapalhar. Hoje é noite de ceia na casa dela. Noite de anfitriã, de fazer bolinhos de bacalhau (que trabalhão!)


Grande verdade: Nem todos amigos entendem e aceitam nossas mudanças. Então, a gente arruma novos amigos!


Julius mandou versinhos lacônicos.


Um Natal legal
fenomenal
total
sideral...

Um Natal de alegria
de harmonia
todo o dia



Nenhum comentário:

Postar um comentário