terça-feira, dezembro 28, 2004

Preciso postar montao de coisas antes de concluir o ano. Tá difícil botar as idéias em ordem. Mas ontem, conversei com o Professor, pelo MSN e me animei. Ele falou que teve um sonho erótico com euzinha aqui! E me disse que contava em primeira mão, antes de postar, pra que eu nao o espinafre aqui neste blog!
Como prometi, nao vou espinafrar!
Consultei o Houaiss... mas ele me deu uma definição melhor do que aquele mestre. "Espinafre no c... dos outros é cebolinha!" Ahahaha.. Gostei!
Mas não vou espinafrar ninguém! Estou de bem com a vida!


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Anteontem, tive outro sonho com mamãe. Estávamos na nossa casa, no interior, e a gente fazia macarrão caseiro, usando uma maquininha a manivela. Estendemos a massa, cortamos com faca, cozinhamos e comemos na hora.
Impressionante. Mas, mais uma vez, a estampa da blusa dela surgiu fotograficamente no sonho. Era um estampadinho ocre, de folhas, sobre fundo branco.
O sonho foi só isso, bem curto e mudo. Não me lembro de ter escutado a voz dela.
Ao acordar, ficou em minha mente a sensação de ter visto essa blusa no armário dela, da última vez em que abri aquelas portas antes de ser esvaziada.

Acho que ainda não contei sobre esse lance do esvaziamento do guarda-roupa de minha mãe. Meu choque e minha dor foram tão grandes que não tive coragem de escrever a respeito. Na verdade, fico aborrecida comigo mesma por esse fato me incomodar tanto. O que aconteceu é que exatamente uma semana depois da morte de mamãe, minha única irmã foi lá e despachou tudo que estava nos cabides. Inclusive os cabides. O gesto me chocou. Talvez porque eu fui a última a partir da casa dela, há 25 anos. Talvez porque aquele guarda-roupa (da Laffer) fui eu que cedi a ela. Talvez porque muitos dos cabides ali dependurados tenham me pertencido. Lembro-me de dois forrados com "sutache", trabalhinhos manuais que fiz na escola. Em uma das caixas ali guardadas devia estar também um caderno de amostras do curso de corte e costura que eu fiz com muito capricho. Doeu bastante... Hoje, quase dois meses depois, tento superar as mágoas e tento acreditar na eternidade. Tento pensar positivo, para o bem dela, para todos... principalmente atendendo ao pedido que ela me fez quatro dias antes de ir embora.

terça-feira, dezembro 21, 2004

Faltam poucos dias para o Natal. (Até parece que o mundo todo não sabe disso!) Como sempre, é uma época muito difícil para mim. Até o final da semana, espero contar, aqui, uma historinha do Natal de 1978, o da grande guinada em minha vida. Pois é... Me aguardem!

No sábado, dia 18, fizemos a cerimônia b u dista dos 4 9 dias de minha mãe. Compareceu o "s o o k a n" do z e n - budismo e tudo transcorreu com maior pompa, em consideraçao aos 300 anos de tradiçao familiar, ao longo de 19 gerações. Tudo isso é da parte de meu pai. Como tudo que ocorre em socieades orientais (creio que não apenas japonesa), a esposa apenas acompanha o marido. Neste caso, minha mãe recebeu o grau máximo do "no me b ú d i c o" fazendo par com meu pai, que tem esse direito por herança, sendo ele o sucessor da família em linha direta.
Diante dessas circunstâncias, eu, que sou mulher, caçula e ainda por cima se casou com não-japonês, nao sou nada nessa estrutura. Apenas uma curiosa espectadora (com "s" mesmo) desses rituais.

Nesses 52 dias sem minha mãe, a ficha já caiu muitas vezes. E todos os dias, me apoio em vários alicerces para me escorar. Como disse hoje, por e-mail a Liam, nessas horas, procuro me concentrar numa máxima que minha mãe proferia sempre: "Dashita kotoba wa hirowarenai" ou seja: "Palavras lançadas não podem mais ser recolhidas". Martelando isso em minha mente e nas suas últimas recomendações (dadas 4 dias antes da partida) para que vivamos todos em harmonia, tenho fugido exaustivamente de todos os contatos que pareçam provocações ou motivo de raiva e/ou tristeza.

Meus olhos ardem. Coçam e ardem. Acho que eles precisavam ser lavados. Com lágrimas.


domingo, dezembro 05, 2004

Mais sonhos com os que foram...

Telefonei para o mano e ele me contou que receberam um pacote de presente, que viera com uma bomba atômica. Os remetentes foram bolivianos. Corri, assustada, para o trabalho dele. Estávamos eu e minha filha. De repente, o capitao que o assessora nos deu carona, numa caminhonete. Parece que ia nos levar para algum lugar seguro, pois estávamos todos ameaçados. Ao seguirmos perto do Lgo do Arouche, vimos minha mae passando pela rua. Estava com uns 65 anos, cabelos bem pretos, roupa estampada (do qual me lembro) e guarda chuva. Caía uma chuva fininha.Acordei e pensei: "Que bom, estamos bem. Ela nos protegerá."

Voltei a dormir e tive outro sonho.

Estávamos reunidos em uma grande mesa ao ar livre, enfileirados como nas antigas recepções de casamento no interior. Muitos homens engravatados. Entre eles, meu pai, muito feliz. Estávamos recepcionando um primeiro-ministro japonês. Não era Koizumi, era um senhor mais velho e calvo. Não era a cara do ex-ministro Tanaka, mas o nome dele era Tanaka. A grande estrela da recepçao era meu falecido irmão. Enquanto ele nao se aprontava, eu fazia sala pro ministro. Meus dois outros irmaos (um deles falecido também) preparavam uma enorme carne assada (parecia um coxao duro na chapa). Só que o gás estava quase acabando e eles tentavam apressar o processo com um forno elétrico. Sugeriram que picasse e colocasse uma parte numa panela de pressão. Fiz isso e fui chamar a estrela da festa. Ele estava se arrumando, juntamente com a esposa. Eram jovens, imagem de uns 30 anos atrás. Ela usava um vestido xadrezinho de tecido "ana-ruga" e ele estava de terno, só que com um estranho colete xadrezinho vermelho. O paletó era de tecido brilhante, azulado. Mas estava bem, com o rosto muito bonito e sereno, melhor até da aparência do qual me lembro dele no casamento (em 69 ele estava gordinho de rosto). Saí com eles do local onde se arrumaram para o local da recepçao. Tinha de abrir passagem entre as pessoas. Alguém avisou que haviam seguranças para essa função. Depois de indicar quem era o ministro, fui buscar a carne assada na panela de pressão. Mas, durante a caminhada, tive de atravessar uma enorme banheira com uma espuma grossa e eu, literalmente, entornei o caldo. Junto foi um punhado de carne cortada em cubos também. Alguém me ajudou e eu, disfarçadamente, catei os pedaços e empilhei numa taça daquelas destinadas a sorvete banana split. Meu pai esticava o pescoço e aguardava a chegada de meu irmão, ao lado do ministro. E ele ia abrindo espaço no meio do povo em direçao a eles.

terça-feira, novembro 23, 2004

Hoje madruguei porque minha filha foi cedo pra academia. Tentei voltar a dormir, porém não queria dormir demais. Tive uma sequência de sonhos. Novamente com falecidos. Pensei que isso havia passado. Não sei se foi porque ontem conversei a respeito com uma amiga. Ela me teve um filho assassinado e, recentemente, também perdeu o marido e a sogra. Disse-me que eles conversam com ela em sonhos e que só dessa forma se conformou...O primeiro sonho desta manhã foi com meu irmão. Eu o encontrei no supermercado da r. das Palmeiras. Ele fazia compras com a filha ainda pequena e minha mãe o esperava no carro. Ele ofereceu, mas recusei carona e ajuda. Saí com um enorme bacalhau, que mal dava conta de carregar. Minha mãe estava silenciosa no carro, com a netinha. Voltei pra pedir ajuda a meu irmão.No segundo sonho, escutei apenas a voz de mamãe. Minha irmã estava aqui em casa, com a netinha dela. Sentada no chão, folheava os textos budistas, lia em japonês e comentava uns trechos. Lá do fundo, a voz da mamãe comentou que o risoto que ela trouxera (mochigome gohan) estava muito gostoso.

Ainda estou longe de ter superado o choque da perda.
Tento entender que sou humana...


quarta-feira, novembro 17, 2004

Ontem, conversei com o Dr. Neuroquímico. Contei a ele da minhã mãe e dos sonhos. E ele:

Cada um explica o inexplicável. O seu cérebro simplesmente liberou para sua memoria o que ele resolveu vivenciar durante o seu sono. Por isto que temos que ter um deus dentro do cerebro para recorrermos a ele para nao ficarmos luocos , elocubrando pensasmentos que nao tem mais fim. O final esta em um deus que criamos pra explicar os fatos que nao sao explicaveis .É a defesa da sanidade. Imagine-se ha 40 000 anos. Vendo cair um raio sobre uma árvore durante a chuva e vendo esta pegar fogo e ser destruida . Como explicar o que viu. Procuravam uma explicaçao. Para apaziguar o espirito. E fazemos isto ate hoje. simplesmente o que vem , vira e a cada um , sera sempre igual , mas nao sabemos o que é e nem vamos descobrir antes da hora. Por muitas vezes eu presenciei o despreendimento do espirito das pessoas minutos antes da morte fisica. Muitas vezes cheguei a receber pacientes em fase final e era como que eu sabendo que ali ja nao havia mais um espirito e dizia pra equipe: " se quiserem tentar tentem, mas nao dará certo." Os procedimentos nunca deram certo nesta hora , por mais massagem , por mais tentativas nao dava certo, o espírito ja tinha deixado aquele corpo .

Segundo ele, nem eu nem ele somos agnósticos... Será?

Hoje minha cabeça voltou a doer... Talvez seja porque minha caixa de lágrimas tá entupida...

domingo, novembro 14, 2004

Outro sonho
Estávamos na casa da avenida são Lourenço. Alguns detalhes da paisagem eram atuais, outros, da década de 70, quando moramos lá. Diferença é que havia um condomínio muito chique onde existia um casarão. Passamos em frente. Benevides e eu. Não entendi ainda o que ele fazia por ali. Estava elegantemente vestido, de terno de risca de giz. Usava óculos. Alguns dos meus irmãos eram solteiros, uns 30 anos de idade. Só que eu, embora continuasse mais jovem do que eles, não era a adolescente que morou ali. Caminhamos pela rua e chegamos na casa. Descemos primeiro na parte de baixo da casa. EStava mobilidada como naquele tempo, quando eu ainda cursava o colegial. Depois, subimos, para conversar na sala, que fica no piso da rua.. Aguardamos e enrolamos um pouco. Meu pai estava deitado no sofá, cochilando. Começou a chover e ele foi pro quarto. Entramos. Minha mãe mexia na cozinha. Mas a casa tinha sofrido algumas alterações: havia um longo corredor à direita, que conduzia diretamente do terraço/garagem ao quintal. No quintal havia uma passagem para o banheiro. De repente, Benevides quis ir ao banheiro. Quando voltou, mostrou-me uma obra na garagem. Disse-me que negociara a compra com minha cunhada (que atualmente mora naquela casa). A obra estava catastrófica, envolvia encanamentos, conserto sem fim do esgoto. cozinha... Começou a chover. As janelas estavam precárias, queria entrar água... fui aos quartos, tentava cerrar as venezianas, que estavam quase podres, como se tivessem transcorridos esses 30 anos. Sem proferir palavras, meu pai me falou que estava tudo ali abandonado, precisando de reformas. Não consegui puxar o vitral, mas a água nao entrou. Ventava em direção oposta. Aí, acordei!

Em seguida, antes que o sonho se diluísse, vim aqui pro computador registrá-lo. Encontrei Benevides no msn e contei pra ele, que comentou:
" Interessante... No feriadão fico muito sem pensar em nada... Isso faz com que as vibrações [energias] saiam por aí... Mas, se lembro de você, acabo direcionando esse fluxo... O cérebro faz uma edição dos arquivos que estão por aí...no consciente não entendemos... São imagens superpostas em pensamentos colagens que ficam incompreensíveis. Tenho uma teoria particular Os pensamentos são arquivos eletrônicos que... como na Internet, você puxa quando necessário. Parte dessa teoria jpa está comprovada cientifica/ a razao de puxar as imagens.. O mé dico do governa dor, que é amigo meu, fez uma ótima palestra sobre Tra ços de Me mória os TM's. Ele trata isso. Algumas TM's infelicitam muito a vida das pessoas... Ele tem tratamentos para "deletar" as más T M's...ehehehe. Não me de l ete... "

Para quem não sabe, eu chamo esse suposto "coleguinha" de Benevides porque uma das características dele é essa: conhecer grandes figuras... como por exemplo, esse médico do governador. Ah! E também ele é genro e sobrinho de dois grandes escritores. Entre outras atividades, o homem é agrônomo e exporta café e fito-fármacos (?) da flora brasileira. Além de parente de certa ex-mi nis tra. Atualmente, parece que ele assessora uma pa rla men tar. Mas esse detalhe, ele nunca me revelou. Fiquei sabendo por outras fontes.
Depois de relatar o sonho, descubro tb que é estudioso de fenômenos da mente. É figura curiosa quando não está de bode. Fisicamente, lembra Ney G onçalves D ias. Ah! Há algum tempo Benevdes foi atacado por sua ararinha azul de es timação. Quase morreu de hemorragia, por ser diabético. Além da ararinha, que adora café (em grãos), ele possuía um pequeno polvo de estimação, que trouxe de Lo ndres. A ararinha, eu conheci pessoalmente certa vez que fui ao apto dele. O polvo, fiquei de ser apresentada. Mas desconfio que nao sobreviveu.



Na sexta-feira, liguei para o Budista. Falei de mamãe, da minha ida ao Templo. A conversa foi confortante.
Como ressaltou Rita, ele continua "fascinante". Contou-me da dissidência dos monges, do divórcio da monja brasileira e me recomendou algumas leituras. Eu diria que ele tem mesmo um jeito budista de ser. Concordou com o meu modo de pensar sobre essa história de "tempo de transição". Disse-me que Cazuza, por exemplo, ainda nao chegou lá. Continua "dormindo".
Pareceu me entender, até mesmo minha descrença na eternidade. E ele me falou que eu ou alguém "mais sensível" da família receberia um aviso quando mamãe chegasse do "lado de lá". Não é que naquela mesma noite sonhei com ela? E esta noite, tive outro sonho. Será? Não me lembro de outros sonhos com ela...

No primeiro sonho, ela estava ainda no hospital, entre cirurgias. Havia muita gente em volta, em cenário semelhante a enfermarias de guerra. Mas estavam todos alegres e o amibiente era muito limpo e confortável. Os doentes usavam roupas em tons rosas, em vez dos habituais azul/esverdeados.
Mamãe tinha por volta de 70 anos (mais ou menos quando minha filha nasceu), os cabelos dela eram quase completamente pretos (como eram nessa fase) e usava óculos daquele tempo.
No sonho desta última noite, ela tinha alguns anos mais, talvez por volta de 80. E estava acamada, só que com maior mobilidade no corpo do que nos últimos dias de sua vida. Estava acomodada em uma cadeira coberta por acolchoados brancos. Disse-me que queria lavar a cabeça. Sugeri a ela que se deitasse na cama e ficasse com a cabeça ligeiramente fora do colchão, que eu traria uma bacia e lavaria. Ela concordou e eu comecei a ajeitar o colchão, afastando um pouco do estrado, para buscar melhor posição...
Não sei se esses sonhos são fruto de mistérios da vida/morte ou de minha própria mente.
Devo parar de procurar respostas para perguntas irrespondíveis. Disso eu sei...

Não gosto de falar disso neste blog. Mas como tenho maior preguiça de criar outro e não quero perder o registro, fica aqui mesmo.

Poucas vezes chorei. Mas meus olhos doem muito. Tive uma enxaqueca fenomenal nos últimos três dias. Hoje estou melhor. Não tenho ninguém com quem conversar. Só meus gatos. São 08h12 da manhã de domingo.

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sexta-feira, novembro 12, 2004

Continuo muito sensível, estranha...

Ontem, estive no Templo Budista. Levei os textos que fiz. Estava lá o monge primaz e também a monja que compareceu ao funeral de minha mãe. Cumprimentaram-me com reverência, unindo as mãos.

Agora que sei do significado do gesto (unir-se a buda, que é representado em nós pela mão esquerda, enquanto nós somos a direita) e que a palavra shiawase (felicidade, em japonês) origina-se daí, do sentido de ligar as rugas (shiwa), as linhas das mãos, valorizei muito mais o cumprimento. Fiquei emocionada e senti-me constrangida com tanta humildade, sendo ele o chefe da escola Zen na América do Sul. Anteriormente, quando conversamos por telefone, me convidaram para almoçar, mas senti-me constrangida. Ainda mais, esfomeada do jeito que eu sou...rsrsrs...

Anteontem, tive uma conversa deliciosa com a Titi. Ela, como sempre, me tranquilizou muito. A voz dela tem musicalidade especial e a maneira como me trata faz-me sentir uma rainha. Não sei se é bem isso, rainha. Enfim, alguém importante.

Neste momento de fragilidade, estou seguindo o conselho de quem considero meu mais novo amigo, o Li: só falo com quem me faz bem. É esquisito dizer que o considero meu mais novo amigo... Mas acho que é bem por aí. Há alguns anos, quando comecei os contatos virtuais, comentei que raramente fazemos amizades depois que saímos da faculdade. A gente trava muitos contatos, temos colegas de trabalho, vizinhos... mas, amigo mesmo, é difícil. Últimos que surgiram na minha vida foram: Salete (a gerente da loja de langerie, mãe de colega da minha filha, quando esta fez 4 anos), e depois, pela Internet, Fábio, Doctor e o Fiscal. Tem a Titi, é claro. Mas, embora nao a conhecesse, já parecia fazer parte da família, desde que conheci a Ju, há mais de 20 anos. Ah, e tem também o Professor e o Jurista, com quem gosto muito de "conversar", mas nossos papos ainda são muito restritos e diria até cautelosos.

E tem outras pessoas que vão e vêm... alguns com quem temos coisas em comum e até nos envolvemos emocionalmente. Mas, como já vi em muitas citações, um amigo é muito mais importante do que um namorado, uma paixão, um amante.

Disse isso tudo para falar de Julius... Repararam que nunca mais falei dele? Pois é... Não sei se o verei mais... Apesar de toda aquela magia que existe entre nós, fiquei muito triste com a ausência dele. Contava com aqueles ombros... Se não fisicamente, pelo menos moralmente.

Decepção? Não sei... Sei que a gente não pode pedir o que a pessoa não tem para dar...

Anteontem, liguei pra ele pra dizer adeus. Não sei por que, achei que deveria fazer isso... Mas, foi só escutar a voz dele, que desmoronei. Tudo aquilo que planejei dizer se apagou da minha mente. Deu maior branco. Que droga!




domingo, novembro 07, 2004

Hoje, pela primeira vez, depois do funeral, chorei...
Não foi de saudades, nem lamentando a morte da mamãe. Aceitei com resignaçao, considerando os 88 anos.
Infelizmente, minha irmã tem um comportamento muito mesquinho, que me revolta. Tudo começou já no dia seguinte ao sepultamento, quando ela se candidatou a herdar duas peças decorativas, cinzeiros japoneses em ferro fundido. Disse que se ninguém quisesse ela queria. Depois, só a vi embrulhando uma faca para já se apossar dela. Era uma faca japonesa, para cortar verduras ou sushi.

Na tarde deste domingo, sete dias depois, recebi um telefonema da sobrinha, que estava chegando em Sampa. Primeiro tocou o celular e depois o fone fixo. Disse algo como:
"Estivemos na casa da vovó, atendendo um chamado do tio. Fomos arrumar as coisas. Trouxemos sua parte na herança. Vocês não querem ir jantar com a gente?"
Tive vontade de soltar um palavrão. Mas me lembrei da recomendaçao de mamãe pra vivermos em paz quando ela partisse... Só recusei o convite, expliquei que minha filha voltaria ainda hoje pro quartel. E a sobrinha:
"E o que tem isso?"
E eu:
"Não tem nada, mas eu nao vou!'

Ora... o que tem de absurdo em querer jantar com minha filha numa noite de domingo, considerando que ela passa a semana fora?

Depois, minha irmã ligou várias vezes. Eu não atendi, mandei dizer que havia saído. Percebi que perguntou a minha filha se eu estava nervosa.
Ah.. Agora percebeu que eu fiquei nervosa! Sei...

Vejam bem: Eu não estava interessada em faca de cozinha ou qualquer objeto de valor. No dia seguinte ao sepultamento, apenas pedi a sobrinha para reservar uma colcha que eu fiz em crochê durante a minha adolescência. Acho que levei uns 5 anos, juntando todos os restos de lã dos trabalhos que eu fiz. Eu fiz 80% daqueles quadradinhos coloridos e minha mã fez os restantes 20%, além do acabamento, em lã preta. Claro que o acabamento requereu muito tempo e paciência. Mas a idéia e orientaçao sobre a colcha foram minhas.
Certamente eu vou receber essa colcha como "minha parte". Mas me entristeceu muito esse gesto mesquinho, sorrateiro, na surdina. E o pior: sei que depois minha irmã dirá que fora idéia da cunhada que logo queria desocupar tudo...

Não comentei antes, mas na noite da última quarta, ainda no hospital, mamãe me chamou e falou:
"Acho que a mamãe vai embora hoje ou amanhã. Se isso acontecer, procurem todos viver em paz!"
Aquilo me assustou muito. Nem consegui dormir. Fiquei vigiando o sono dela e me sobressaltando a qualquer ressonar mais alto. Assim que o dia começou a clarear até a acordei, cutucando-a no rosto. Dormia tão profundamente que me assustou. Ao despertar, ela me falou: "Que horas são? Você não vai à escola hoje?"
Na hora, pensei: "Xiii.. Ela caducou!"
Me limitei a responder: "Não, hoje nao vou..."
E ela: "Entao vou descansar mais um pouco..."
Naquela manhã tive medo até de sair pra tomar o café no refeitório do hospital.
Entretanto, uma hora depois, estávamos conversando normalmente. Por isso, quando meu irmao me telefonou, a caminho do aeroporto, eu o tranquilizei e o incentivei a viajar sossegado. Não sei se fiz bem. Acho que sim, mesmo porque a aquela hora ele nao iria mudar de planos, sabendo que minha mãe logo teria alta. Mas eu passei o tempo todo sobressaltada, preocupada, com aquelas palavras na mente...

É por isso que choro... porque é difícil viver em paz com minha irmã, mas vou seguir a recomendação de mamãe.

Eu não sei se existe outra vida... não sei se mamãe está na tal travessia... não sei se chegará ao Mundo Iluminado... Para mim, iluminações são boas lembranças. Procurarei me concentrar nelas.

sábado, novembro 06, 2004

Ainda estou meio atordoada, acredito que raramente nos preparamos para aceitar a morte de pessoas queridas e próximas com resignação. É muito complicado cair a ficha, mesmo sendo esta a quarta vez que me vejo diante desta situaçao. A primeira vez foi quando perdi meu pai, aos 21 anos. Depois, foram dois irmãos.
Aos poucos, tento rememorar o pesadelo e registro, o que aconteceu, antes que se dilua na minha memória.

No caso da minha mãe, há uns 3 meses, eu notei que ela estava muito "diferente". Hoje, percebo que talvez já andasse em contato com "outra dimensão". Mamãe nunca foi de relatar sonhos... Certo dia, quando esteve na casa da minha irmã, esta a surpreendeu falando sozinha. Disse que meu falecido irmão esteve ali, ao pé da cama. Poucos dias depois, mamãe confundiu minha irmã com minha tia Yaeko (irmã mais nova de meu pai), falecida há 2 anos. Isso me deixou com pulga atrás da orelha... Em nenhum momento ela se referiu a esses acontecimentos como sonhos. No dia em que foi constatada a fratura, meu irmão a encontrou caída no chão do quarto, muito assustada. Foi numa manhã de sábado, por volta de 7h30, 8 dias antes do falecimento. Mamãe disse que pessoas estranhas invadiram o quarto, retiraram cobertores do armário dela e se encapuzaram. Acenderam velas no alto e fizeram maior bagunça. Ela apontava assustada para o alto e dizia: "de que religião são essas pessoas"? Insistiu que tinha muita gente ali. Meu irmao chegou a pensar se não haveria alguém mesmo, assaltantes talvez. Ela apontou para baixo da cama ou outro cômodo, acrescentando que entre 8 a 10 pessoas foram para a sala. Entre elas havia uma menina, que estivera ao pé da cama e moças jovens com maquiagem pesada e colares. Contou que estava escuro, tentou acender a luz, mas os fios haviam sido cortados. Repetiu o relato várias vezes, com riqueza de detalhes e ficou muito brava com pessoas que insistiam em dizer que tivera um pesadelo. Quando a indaguei se sentira algum impacto no local da fratura ao cair, ela disse que esses estranhos haviam colocado cadeiras reviradas no quarto dela e que ao se dirigir para tentar acender a luz, bateu a perna em um dos pés da cadeira e foi ao chão.
Muitos interpretam esse "delírio" como visita da morte. Eu não sei o que pensar. Fiquei bastante impressionada.
Meu irmão me contou que ela estava segurando um potinho de chá que derramara na queda. Quando voltamos para casa, depois da alta, ela falou, sentada na sala e apontando para o quarto: "De repente aquela cena me voltou à mente. Quando caí derrubei um potinho de chá. Acho que rolou pelo chão e quebrou. Veja se não tem cacos lá no quarto". Conferi e não vi nada, mas encontrei o potinho a que ela se referia. Mostrei pra ela, que insistiu que havia outro idêntico. Mais tarde perguntei ao meu irmão mais velho. Segundo ele, existia de fato um par de potes. Só que o outro se quebrou há mais de 20 anos.

quarta-feira, novembro 03, 2004

Meu aniversário não foi nada bom. Não neste ano, mas no ano que vem, espero celebrar uma nova fase da vida. Perdi minha mãe no dia 31, véspera do meu aniversário. Ainda não acordei direito do pesadelo. Não consegui digerir, apesar de saber que aos 88 anos tudo seria possível. Ela fraturou o fêmur no domingo, dia 24, fez cirurgia na segunda, teve alta na sexta. Eu passei a semana indo e vindo do hospital. No domigo cedo, já na casa dela, amanheceu respirando de modo estranho. Provavelmente teve embolia pulmonar. Chamamos o resgate, foi levada ao PS, mas não resistiu. Não comuniquei ninguém pois tudo transcorreu a 100km de SP. Apenas os que me ligaram no dia 1º pra me cumprimentar, ficaram sabendo. Foram dias muito desgastantes, com o velório se estendendo por mais de 30 horas porque um dos meus irmãos estava na Amazônia... Resolvemos fazer um tratamento chamado t a n a c o p l a xia com o corpo, para que pudéssemos estender o velório até o retorno do meu irmão. Só que ninguém avisou dos efeitos colaterais. Ela ficou completamente desfigurada. Parecia outra pessoa. Com isso, ainda não consegui aceitar a idéia de que aquele corpo era o de minha mãe.
Na noite de hoje, dia 3, mais uma vez meu querido Fábio me telefonou... Foi muito confortante. Por que será que certas pessoas, certas vozes nos fazem tão bem? Só pode ser mesmo ligaçao espiritual.

quinta-feira, outubro 21, 2004

Taí um monte de mulheres com pretensões a ser inteligente. Emocionalmente, continuamos defasadas em milhões de anos. Pois é... demoro um pouco, mas vou cair na real. Esta semana foi uma besteira atrás de outra. É humilhante! Preciso recuperar minha auto-estima ou sei lá o quê... acho que um pouco de respeito! Ou será que não é nada disso? Xii... é meu inferno astral mesmo!
Semana que vem prometo tentar digerir, processar, analisar, concluir... ou então, parar de ruminar. Vou dormir!
"Informação: caminho certo para a depressão" - é o título da coluna de Cora Rónai desta semana.
Estou um tanto desanimada, desgostosa, desesperançosa. Decepcionada e apreensiva. Detesto ficar em lamentações. Por isso ando postando quase nada. Meu tempo ocioso, estou desperdiçando no Orkut. Cheguei meio retardatária, mas já encontrei muita gente perdida. Também convidei muitos para minha vitrine. Só participando para sabermos como aquilo funciona de fato. Nada de tanto que saiu até hoje nas revistas e na própria Internet conseguiu descrever a realidade.
Hoje Li deve chegar de viagem. Imensa saudade! Pensei muito nele, na reação dele a umas tantas coisas que gostaria de ter contado e não contei. Por que não contei? Porque eu mesma não saberia explicar minhas razões. Refiro-me a Julius, claro...
Anteontem, fiquei em parafuso. Fiquei tentada a agitar uma programação com o Escorpiano. Bem na hora em que falava com ele, de um telefone público, Julius ligou. Fiquei perdida. Não quis ver nem um nem outro...
Acho que minhas energias estão em baixa...
Vou trabalhar!

quinta-feira, outubro 14, 2004

Bem que meu horóscopo disse: "a entrada da Lua em seu signo, na quinta, haverá mais motivação para ir à luta e fazer o que for possível. De sexta em diante, a vida parecerá mais divertida. "

Finalmente, notícias de Julius. E tudo ficou lindo! Ainda bem que agüentei firme, sem telefonar pra ele...


Os meus ídolos... Posted by Hello

quarta-feira, outubro 13, 2004

a missa Posted by Hello
Mosteiro Posted by Hello
A igreja Posted by Hello

O feriado foi sem crises maiores.
Pelo menos fiquei inquieta diante da possibilidade de receber telefonema de uma pessoa apenas. Minha irmã viajou e fiquei livre do encargo de emprestar meus ouvidos a ela. É terrível, mas isso me pesa muito.

Na noite de quinta para sexta, tive um sonho perturbador. A cena era do velório de meu pai (ocorrido há 25 anos). Estávamos na sala da casa onde passei minha adolescência e minha amiga Alice foi lá com a mãe dela, falecida há seis meses. A senhora usava um vestido estampadinho de flores miúdas em tom lilás, sobre folhinhas verdes. Apesar da situação, não era um ambiente triste. Na sexta, liguei pra amiga contando o sonho. Pouco depois do almoço, quando estava dentro do ônibus, na praça da República, tocou o celular. Era a amiga, que falou: "Sabe quem morreu?" Foram dois segundos de suspense e susto. E ela: "Acho que tem algo a ver com teu sonho de ontem. Acabei de ver na tv que morreu Fernando Sabino". Baixou em mim uma imensa tristeza. Confesso que me perturbou mais do que a recente morte de meu tio... Sim, eu tinha uma ligação muito especial com Fernando Sabino, principalmente desde "E o gato sou eu", em que ganhei o concurso.

Depois, fiquei pensando nas razões do sonho.

Na semana passada peguei na estante vários livros pra reler. Catei os do Érico: "Música ao Longe" e "Olhai os Lírios do Campo". Comentei sobre essa preferência com o Professor de Literatura. Ao manusear "Solo de Clarineta", a imagem de Érico, estampada na capa, me lembrou meu pai. Não pela semelhança física. Talvez a lembrança esteja ligada ao fato de terem morrido com a mesma idade, de forma semelhante. E quando penso na morte deles, consolo-me achando que foram abençoados por partirem antes da decadência, no auge da maturidade, muito lúcidos. Confesso que esses pensamentos me remeteram a F. S a bino, que andou tendo uns repentes senis (por exemplo, a separação e exclusão da ex da autobiografia). Deu pena...

Ontem, fui ao mosteiro de São Bento, com Alice. Entre os beneditinos, senti-me em uma cena de "Em nome da Rosa". Nessa hora, lembrei-me de Li. Baixou imensa saudade... Tive ímpetos de falar do novo amigo para Alice. Mas deixei pra lá pois a explicação seria longa demais e acho que o histórico de nosso encontro - pela Internet - só tem sentido para poucos. Minha experiência mais do que prova que quem está de fora considera esse tipo de contato no mínimo estranho.
Depois da missa, ao som de música gregoriana, no fantástico órgão do mosteiro, seguimos a pé pelas ruas desertas do Centro Velho, rumo à Rua da Glória, no começo da Liberdade, onde fomos jantar.

Ao nos dirigirmos para o ambiente dos fundos do restaurante, deparamos com uma cena inusitada, merecedora de um registro fotográfico. Entretanto, não sei por que, não tive a coragem de tirar a máquina da bolsa... O pessoal do restaurante estava reunido nos fundos, devorando dezenas de PIZZAS!
Eu ri muito e falei: "Não acredito!" Mas nao senti nenhum senso de humor do dono/gerente /maitre, aquela versão nipônica de Edgard Le Grand, da atual novela das oito. O homem ainda não tinha iniciado o expediente, quando se curva em mesuras à moda dos comerciantes do Japão... Ainda estava ali um nissei brasileiro apreciador de pizzas.

Para não constranger o pessoal, nos acomodarmos no tatami, lá no meio do primeiro ambiente.
Saboremos um fantástico udon e um modesto yakissoba. Também nessa hora, lembrei-me de Li e da comparação feita por ele a "Montalbano", que está registrada entra minhas futuras leituras.
No restaurante, rindo das mesuras do "maitre", fiquei relembrando das pessoas com que estive ali... e também pensei nas com quem nunca fui. Deu também certo peso na consciência não ter marcado um almoço ou jantar com Lúcia, que passou o feriado prolongado por aqui. Talvez se ela lesse blogs e passeasse mais pela Internet compreendesse um pouco mais as transformações do mundo!

Foi uma boa noite de reflexões, talvez com a alma elevada pelos cânticos dos monges... Pena nunca ter aprendido latim!





domingo, outubro 10, 2004

Outro retorno suigeneris ao convite do Orkut:
Obrigado pelo convite e apreço pela minha amizade. Estou muuuuito curioso para passear um pouco por aquele território de alguns "eleitos"...
Divirto-me com a reação das pessoas diante do convite. Eu mesma recebi o primeiro chamado em março, da Kate. Confesso que não dei muita pelota porque não entendi direito. Depois, acabei perdendo o e-mail. Os dias e meses foram passando, as revistas todas falando dessa febre. Saiu na Veja, na Época, virou capa de Superinteressante. E eu, sem entender nada! Até que vi que não podia ficar por fora. Comentei um dia com Li, com Brain... Até Ana já estava nele. Mas, como fazer pra fazer parte dos tais "eleitos"? Tive que pedir pra Renata me mandar um convite. E, é claro, as dicas todas!
Falei a respeito com o Carioca... e ele disse: "não sei pra que serve isso. Sinto-me como numa vitrine de açougue!"

Cada um que fique no tipo de vitrine que se identificar melhor!!!
Eu me sinto numa estante de livraria!