domingo, agosto 19, 2001

Final de semana familiar, com almoço na Liberdade e pequenos afazeres domésticos.
**********
Há dias que ando pensando no Alberto. Tem pelo menos um ano que não o vejo. Foi meu colega de faculdade e a vida virou de ponta-cabeça para ele várias vezes. Casou-se há uns 5 anos com uma garota trinta anos mais jovem e agora é dono-de-casa, como costuma dizer. Cuida dos filhos de quatro e dois anos. Eu tinha vinte anos quando ele me contou a idade: 35 anos. Fiquei espantada. Achava incrível alguém estudar “naquela idade”. Hoje telefonei para ele. Ficou feliz e o convidei pro almoço. Mas ele disse que estava completamente liso. Não poderia gastar 10 reais com a passagem de Taboão da Serra até aqui. Me ofereci para reembolsá-lo, mas parece que não tinha à mão nem 5 reais. Tentei animá-lo, lembrei que o mundo mudou e a nossa expectativa de vida também. Disse que vamos todos chegar aos 90 anos, portanto, ele ainda tem pelo menos mais 1/3 pela frente. Aconselhei-o a buscar ajuda com um vereador da colônia para tentar a legalização de um ponto como camelô. Isto porque houve épocas em que ele vendia bonsai, lá na Paulista, e ganhava uma grana legal. Não sei por que, essa idéia me veio à cabeça quando falava com meu irmão sobre William Woo e descobri que a mãe dele é japonesa. Senti que o cara pode dar uma força. Não prometi nada ao Alberto, mas se ele estiver a fim, dou um jeito de pô-lo em contato com o vereador. O cara é jovem, vem de família de políticos (bisavô foi interventor em Taiwan) e certamente quererá fazer uma média. Peço uma cartinha de recomendação ao meu irmão.
Infelizmente não há condições de Alberto voltar ao mercado de trabalho. Quando o conheci, ele chefiava uma equipe de tradutores numa multinacional e tinha até secretária. Era um dos poucos que ia de terno pra faculdade. Devido a problemas neurológicos (ele só andou aos seis anos), nunca conseguiu redigir direto na máquina de escrever. Imagine então com computador. Muito difícil se adaptar à velocidade que se exige atualmente de um jornalista ou mesmo tradutor.
Não sei por que, sempre associo a imagem de Alberto à de meu falecido irmão. Tinham quase a mesma idade e ambos se deram mal com as mulheres, mas fizeram monte de filhos. Ah... Um a coisa que acabou me ligando definitivamente a Alberto, apesar de achar que ele não é nenhuma flor que se cheire, é que ele deu meu nome (em japonês) à primeira filha dele, que deve estar hoje com 20 anos.
Vou passar um livro de piadas para ele me traduzir com calma. Na verdade uma tradução não cabe no meu borderô, mas também não vai diminuir tanto os meus lucros assim.
Pois é, nem sempre a gente escolhe os amigos pelas qualidades positivas. Às vezes eles caem na nossa frente e a gente acaba gostando deles, sem um motivo justo. Eu devo ser também estranha, pois tenho alguns amigos de quem sou a única amiga.
*********
Por falar em amigos... Que estranho! Hoje foi aniversário do Roberto e nada de ele atender o telefone! Não deve ter viajado. Acho que ele fugiu dos cumprimentos. Percebi que ele anda meio em crise com esse negócio de idade (é dois anos mais novo do que eu) pois todos lhe cobram casamento, filhos, etc... Eu também acho que bem que ele podia se casar. Até brinquei com ele que iria apresentá-lo a uma de minhas sobrinhas. Eh, eh, eh!

Nenhum comentário:

Postar um comentário