Eu não me enganei. Aquele rapaz passou na Fuvest!
Nossa! E eu fiquei feliz com a notícia, feito alguém da família. A primeira coisa que fiz na manhã do dia 5 foi ir espiar as novidades no blog dele. Acho que ele está tão... (tsc, tsc!)... elétrico que nem se lembrou de ler aqui. Ou de responder aos meus comentários e e-mails. Mas não perco a esperança!
Também vi a mulher esquartejada. Perdi o apetite. Não sei por que diabos não resisti. Acho que vou virar vegetariana por uns tempos. Hoje fui comer num “quilo”, olhei pras gorduras do churrasco e aquelas cenas apareceram na minha frente. Argh!
Frase de chamada no info do Joliv:
"Para cada mulher que faz um homem de bobo, há outra mulher que faz de um bobo um homem." (Samuel Hoffman).
Para quem nao sabe, BLOG é um diario online. Vida secreta de uma quarentona sem ataque de nervos. PS: Era quarentona, quando comecei. Agora, sou cinquentinha. * * * * Pomba Enamorada, é personagem-titulo de´conto/livro de Ligia Fagundes Telles, que dança uma vez com um sujeito em quem fica pensando durante 25 anos. ******* amanary@gmail.com
quinta-feira, fevereiro 06, 2003
domingo, fevereiro 02, 2003
Nossa...
Há certas coisas que a gente só dá valor quando a gente recupera!
Minha tv está maravilhosa. Cores lindas, imagens nítidas e enormes! Já nem me lembrava mais. Credo como tá horrível o cabelo da Fátima Bernardes! Parece uma casca de noz... Na tv esfumaçada de 20´´ e no Baby Toshiba, não parecia tão ruim. Sorte dela que a maior parte do povo nao tem tv acima de 29!
Outra coisa maravilhosa... falar nas entrelinhas, online pela internet, com aquela pessoa que faz o coração pular! Ficar esperando ele conectar... Há quanto tempo não sentia essa emoção! Não dava valor a esse contato quando podia pegar no telefone e conversar a qualquer momento.
Males que vêm para o bem!
Que bom que as férias escolares vão acabar!
Que bom que a poeira assentou!
Ufa!
Outra coisa deliciosa: um bife bem temperado e um feijão "crioulo"!
Há certas coisas que a gente só dá valor quando a gente recupera!
Minha tv está maravilhosa. Cores lindas, imagens nítidas e enormes! Já nem me lembrava mais. Credo como tá horrível o cabelo da Fátima Bernardes! Parece uma casca de noz... Na tv esfumaçada de 20´´ e no Baby Toshiba, não parecia tão ruim. Sorte dela que a maior parte do povo nao tem tv acima de 29!
Outra coisa maravilhosa... falar nas entrelinhas, online pela internet, com aquela pessoa que faz o coração pular! Ficar esperando ele conectar... Há quanto tempo não sentia essa emoção! Não dava valor a esse contato quando podia pegar no telefone e conversar a qualquer momento.
Males que vêm para o bem!
Que bom que as férias escolares vão acabar!
Que bom que a poeira assentou!
Ufa!
Outra coisa deliciosa: um bife bem temperado e um feijão "crioulo"!
Lindo domingo. Sol ardido.
Esse começo me lembra "Um médico brasileiro no front"
Assim como ele, escrever é sempre boa terapia. Penso que seja assim para a maioria dos blogueiros. Um jeito de refletirmos em cima de nossas ações, nossos pensamentos. E só quem costuma fazer isso pode entender a razão, o modo como isto funciona...
Recebi um e-mail de alguém que chamei de "quase ex-aluno da FEA"... Fiquei feliz em saber que ele continua frequentando esta página.
Ontem, troquei 3 e-mails com Julius... Às vezes a saudade e a distância podem ser coisas muito boas... Fiquei feliz feito a Pomba Enamorada, no dia em que conseguiu escutar a voz daquele mecânico, num telefonema anônimo... rssr
Entre tantas coisas, ele escreveu:
"A vida ficou muito mais complicada depois de todos os acontecidos..
Saudades, do cheiro, da pele, do gozo, dos lábios, dos seios, do sorriso, dos fluidos, das coxas, das costas, do gosto, do pequenos suspiros, dos gritinhos, de você inteira, do tesão, da compreensão e até do silêncio cumpliciado. "
Mas o nosso encontro marcado não deu certo... Caiu maior chuva de granizo. A internet ficou em ritmo baiano. Parou quase tudo. Mas nao fiquei triste.
Ontem, além do quase ex-aluno da FEA, o professor também me escreveu. Segundo o aluno, eu devo tomar cuidado com o professor. Quem será mais perigoso?
Ah.. foi dia de reencontro com outras pessoas distantes e importantes. Apareceu tb o Ti, no icq... Ele está muito mudado. Dos velhos tempos, apenas a paixao por super-heróis, especialmente superman. Tenho saudades do menino que conheci... Mas não tenho saudades da mulher que na época estava entrando na fase dos 40. Comparada a aqueles tempos... ufa.. Nossa, como estou feliz!
Hoje sei que felicidade não é sonhar dividir um teto com um amor.
Esse começo me lembra "Um médico brasileiro no front"
Assim como ele, escrever é sempre boa terapia. Penso que seja assim para a maioria dos blogueiros. Um jeito de refletirmos em cima de nossas ações, nossos pensamentos. E só quem costuma fazer isso pode entender a razão, o modo como isto funciona...
Recebi um e-mail de alguém que chamei de "quase ex-aluno da FEA"... Fiquei feliz em saber que ele continua frequentando esta página.
Ontem, troquei 3 e-mails com Julius... Às vezes a saudade e a distância podem ser coisas muito boas... Fiquei feliz feito a Pomba Enamorada, no dia em que conseguiu escutar a voz daquele mecânico, num telefonema anônimo... rssr
Entre tantas coisas, ele escreveu:
"A vida ficou muito mais complicada depois de todos os acontecidos..
Saudades, do cheiro, da pele, do gozo, dos lábios, dos seios, do sorriso, dos fluidos, das coxas, das costas, do gosto, do pequenos suspiros, dos gritinhos, de você inteira, do tesão, da compreensão e até do silêncio cumpliciado. "
Mas o nosso encontro marcado não deu certo... Caiu maior chuva de granizo. A internet ficou em ritmo baiano. Parou quase tudo. Mas nao fiquei triste.
Ontem, além do quase ex-aluno da FEA, o professor também me escreveu. Segundo o aluno, eu devo tomar cuidado com o professor. Quem será mais perigoso?
Ah.. foi dia de reencontro com outras pessoas distantes e importantes. Apareceu tb o Ti, no icq... Ele está muito mudado. Dos velhos tempos, apenas a paixao por super-heróis, especialmente superman. Tenho saudades do menino que conheci... Mas não tenho saudades da mulher que na época estava entrando na fase dos 40. Comparada a aqueles tempos... ufa.. Nossa, como estou feliz!
Hoje sei que felicidade não é sonhar dividir um teto com um amor.
quinta-feira, janeiro 30, 2003
De Kiko Zambianski
Primeiros Erros
Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde vou
Meu destino não é de ninguém
Eu não deixo os meus passos no chão
Se você não entende não vê
Se não me vê não entende
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende
Se o meu corpo virasse sol
Minha mente virasse sol
Mas só chove e chove
Chove e chove
Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove e chove
Chove e chove
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove e chove
Chove e chove
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove e chove
Chove e chove
Ele falou da música e completou:
"Dá vontade de saber onde está você..."
Vou dizer o quê?
Tô de coração apertado...
Em alguns anos, lamentamos a falta de chuva. Em outros, choramos pelas catástrofes provocadas por ela. Mas a natureza acaba se equilibrando. E o mundo se transforma. Assim como os costumes, o comportamento... Temos de nos adaptar e ser felizes. Eu estou tentando.
Primeiros Erros
Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde vou
Meu destino não é de ninguém
Eu não deixo os meus passos no chão
Se você não entende não vê
Se não me vê não entende
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende
Se o meu corpo virasse sol
Minha mente virasse sol
Mas só chove e chove
Chove e chove
Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove e chove
Chove e chove
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove e chove
Chove e chove
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove e chove
Chove e chove
Ele falou da música e completou:
"Dá vontade de saber onde está você..."
Vou dizer o quê?
Tô de coração apertado...
Em alguns anos, lamentamos a falta de chuva. Em outros, choramos pelas catástrofes provocadas por ela. Mas a natureza acaba se equilibrando. E o mundo se transforma. Assim como os costumes, o comportamento... Temos de nos adaptar e ser felizes. Eu estou tentando.
terça-feira, janeiro 28, 2003
Acho que nunca comentei aqui antes.
Minha amiga mais antiga mora no RJ e nos conhecemos quando ambas tínhamos 11 anos. Começamos juntas o "ginásio", aqui em São Paulo. Foi um dos anos mais marcantes de minha vida. Nos aproximamos porque éramos duas desgarradas neste mundo, ambas nisseis. Eu vim morar na casa da minha irmã, enquanto ela estava com os tios e a avó. Muitas voltas no mundo, centenas de cartas trocadas e raros encontros. Quando eu vim novamente para Sampa, ela foi morar definitivamente com a mãe, no Rio. Retomamos contato pessoal depois da faculdade pois ambas estudamos Comunicações. Ela, publicidade e eu, jornalismo. Havíamos nos casado com pessoas que igualmente trabalhavam no setor, na área artística. Eu tive uma filha e ela, com aquela convicção de que não se deve colocar mais um ser para sofrer neste mundo... Nossos casamentos desmoronaram enquanto retomamos contato pela internet. Nos aproximamos outra vez. Tivemos nossa primeira paixão da maturidade na mesma época e trocamos mil confidências, num clima adolescente. Comecei a escrever neste blog... Nossos romances naufragaram... choramos, sofremos. E eu não tive mais coragem de falar de meu novo amor. E ela, que inicialmente adorou o blog parece que não tem mais saco pra ler. Agora só trocamos farpas por e-mail. Pena! Não falamos mais a mesma língua! Olha só o que ela me escreveu:
"Da mesma forma como Barro Branco faz parte do contexto paulista, creio que a expressão "ficar de flozô" (ficar à toa, portanto correta a sua inferência de que a palavra seria sinônima de ociosidade) deve fazer parte do linguajar daqui."
E depois, nós paulistas é que somos tucanados? Que droga!
Ela tá de bronca desde que se empolgou pra conhecer meu amigo Eduardo...e ele saiu pela tangente. Disse que não gosta de "moça oferecida"... eheheheheh...
Bom.. Escrevi tudo isso pra conferir se ela não lê mesmo este blog!
Minha amiga mais antiga mora no RJ e nos conhecemos quando ambas tínhamos 11 anos. Começamos juntas o "ginásio", aqui em São Paulo. Foi um dos anos mais marcantes de minha vida. Nos aproximamos porque éramos duas desgarradas neste mundo, ambas nisseis. Eu vim morar na casa da minha irmã, enquanto ela estava com os tios e a avó. Muitas voltas no mundo, centenas de cartas trocadas e raros encontros. Quando eu vim novamente para Sampa, ela foi morar definitivamente com a mãe, no Rio. Retomamos contato pessoal depois da faculdade pois ambas estudamos Comunicações. Ela, publicidade e eu, jornalismo. Havíamos nos casado com pessoas que igualmente trabalhavam no setor, na área artística. Eu tive uma filha e ela, com aquela convicção de que não se deve colocar mais um ser para sofrer neste mundo... Nossos casamentos desmoronaram enquanto retomamos contato pela internet. Nos aproximamos outra vez. Tivemos nossa primeira paixão da maturidade na mesma época e trocamos mil confidências, num clima adolescente. Comecei a escrever neste blog... Nossos romances naufragaram... choramos, sofremos. E eu não tive mais coragem de falar de meu novo amor. E ela, que inicialmente adorou o blog parece que não tem mais saco pra ler. Agora só trocamos farpas por e-mail. Pena! Não falamos mais a mesma língua! Olha só o que ela me escreveu:
"Da mesma forma como Barro Branco faz parte do contexto paulista, creio que a expressão "ficar de flozô" (ficar à toa, portanto correta a sua inferência de que a palavra seria sinônima de ociosidade) deve fazer parte do linguajar daqui."
E depois, nós paulistas é que somos tucanados? Que droga!
Ela tá de bronca desde que se empolgou pra conhecer meu amigo Eduardo...e ele saiu pela tangente. Disse que não gosta de "moça oferecida"... eheheheheh...
Bom.. Escrevi tudo isso pra conferir se ela não lê mesmo este blog!
No outro dia, escrevi que tinha mais dois leitores, além do blogueiro vestibulando e do catarinense de Tubarão. Aí, me lembrei de uma nova leitora que identifiquei como sendo de Pinheiros. Agora ela me escreveu retificando. Fui conferir o que eu postei... E não é que o post daquele dia sumiu? Mistério...
Enfim, havia dito que além dela, tem um professor da FEA e também um outro rapaz que conheci pela Internet.
Ontem postei um longo texto, do livro "As Pontes de Madison" . Embora no "safe mode" fique em itálico, quando vou pra web, fica tudo embaralhado.
Deletei o link da Anastácia... Tava dando maior nó.
Socoooorro, Luiz! Seja bonzinho e me passa as "colas", vai...
Enfim, havia dito que além dela, tem um professor da FEA e também um outro rapaz que conheci pela Internet.
Ontem postei um longo texto, do livro "As Pontes de Madison" . Embora no "safe mode" fique em itálico, quando vou pra web, fica tudo embaralhado.
Deletei o link da Anastácia... Tava dando maior nó.
Socoooorro, Luiz! Seja bonzinho e me passa as "colas", vai...
segunda-feira, janeiro 27, 2003
Essa caca que ficou o post anterior, nao vou mexer mais... Não descubro o que eu fiz de errado!
O casamento da sobrinha foi um sucesso. Fomos a família toda e ficamos numa pousada da Cemig, na beira da represa. Chegamos sexta à noite e comparecemos pontualmente à cerimônia religiosa, realizada às 11 horas.Estávamos todos muito curiosos em relação ao noivo. Além da família de meu irmão (pai da noiva), apenas minha filha conhecia o rapaz. E ela insistia em dizer que era igualzinho o "Nerso da Capitinga"... Bom... digamos que ela tinha razão. Só que o rapaz é muito mais mineiro e tem pelo menos 1,90m. Foi tudo muito informal e divertido, ao som de "A Bela e a Fera"(muito adequado, sem maldade...r srsrsr..) e "Como é grande o meu amor por você", cantada por um rapaz cego de voz fantástica.
Depois, uma típica festa mineira do interior, com feijao tropeiro, leitão, lingüiça, tutu e feijão amassado. Tinha também muitos doces da fazenda, aos quais resisti bravamente. Fiquei só com um pedaço de bolo. Minha mãe se esbaldou feito criança fazendo arte, aproveitando para fugir da vigilãncia que fazemos por causa da diabetes.
Dividi o quarto duas noites com minha mãe. Ela fará 87 anos em maio. Deu um aperto no coração ver que não acompanhei direito o transcorrer destes últimos anos, em que a idade começa a pesar bastante.
Sobre isso, sempre comento com minha querida amiga "Alice"... de como é difícil fazermos parte da geração que se aperta entre a velhice e a adolescência. Somos nós a resolver tudo: os conflitos dos filhos adolescentes (falo genericamente pois só tenho uma) e de nossos pais que se recusam a aceitar as limitações da idade. Mal sobra espaço para os nossos próprios conflitos.
Na volta, a primeira coisa que vi foi um e-mail de Julius, falando de "As pontes de Madison" :
Adorei este filme, emocionou-me muito e me fez refletir sobre tantos sentimentos que deixei passar e de tantas possibilidades que ficaram esquecidas...
E sobre o TEMPO:
"Às vezes parece que faz tanto tempo que estou longe de você...
Às vezes sinto que estou com você sempre ao meu lado.
Às vezes acho que isso não importa.
Importa o tempo em que a felicidade parece infinita."
Eu também vi esse filme... Assisti porque um dos primeiros grandes amigos virtuais que eu tive o mencionou. Foi aquele coronel misterioso de Brasília, o tal da "guerra eletrônica". Na primeira oportunidade, vi na tv. Depois, quando a fita foi vendida nas bancas, se não me engano pela "Caras", sugeri ao Carioca que visse... Ele disse que não achou no Rio... E agora, lá vem Julius me falar desse romance!
Vou colar aqui a carta deixada pela personagem principal aos seus filhos, para ser lida após a morte:
Queridos Filhos,
Ainda que me sinta bem, creio que é hora de por minhas coisas em ordem. Existe algo muito importante, que vocês devem saber.
Para mim é difícil escrever isto a meus próprios filhos, mas devo fazê-lo. Aqui há algo que é demasiadamente forte, demasiadamente belo, para que morra comigo.
Como já descobriram, se chamava Robert Kincaid. Era fotógrafo e esteve aqui em 1965, fotografando os pontes cobertos.Recordam como a cidade estava emocionada quando as fotos apareceram no National Geographic? Recordam também que por essa época comecei a receber a revista. Agora conhecem o motivo de meu repentino interesse. A propósito eu estava com ele( levando uma das mochilas com as câmaras), quando tomou a foto da ponte Cedar.
Entendem que amei ao pai de vocês de uma maneira tranqüila. Ele foi bom comigo e me deu vocês dois a quem amo muito. Não o esquecem. Mas Robert Kincaid foi muito diferente. A primeira vez que o vi foi quando me pediu orientação para chegar a ponte Roseman. Vocês e seu pai estavam na Feira Estadual de Illinois. Creia-me, eu não andava buscando nenhuma aventura. Isso era o último que ocupava minha mente. Mas ao mirá-lo soube que o desejava, ainda que não tanto como cheguei a desejá-lo depois.
Ele era um pouco tímido, e eu tive tanto que ver com o que passou como ele. A nota guardada junto com sua pulseira é a que eu preguei na ponte Roseman para que ele a vira, na manhã depois de conhecermos. As fotos minhas que ele conservava foram a única prova que ele teve, ao longo dos anos, de que eu existia, de que não era algum sonho que ele havia tido. Em nossa velha cozinha, Robert e eu passamos horas juntos. Falamos e dançamos a luz das velas. E, sim, fizemos amor ali e no dormitório e no jardim e em qualquer outro lugar que pensem. Era uma relação incrível, poderosa, transcendente, e continuou durante dias, quase sem parar. Sempre tenho empregado a palavra forte ao pensar nele. Porque assim era quando nos conhecemos. Era como uma flecha na sua intensidade. Filhos, compreendam que trato de expressar algo que não se pode dizer com palavras. Só desejo que algum dia os dois possam viver o que eu experimentei.
Se não fosse por seu pai e por vocês, eu teria ido a qualquer lugar com ele. Ele me pediu, me suplicou que o acompanhara. Mas eu não pude fazê-lo e ele era uma pessoa muito sensível e afetuosa para nunca interferir nas nossas vidas.
O paradoxo é que se não houvera sido por Robert, nào estou segura de ter podido permanecer na granja por todos esses anos. Em quatro dias me deu toda uma vida, um universo, e uniu em uma só as partes separadas de mim. Nunca tenho deixado de pensar nele, nem por um momento. ainda quando não se achava em minha mente consciente, o sentia em alguma parte, estava sempre ali.
Mas isso nunca diminuiu o que sentia por vocês dois e pelo seu pai. Ao pensar só em mim por um momento, não estou segura de ter tomado a decisão correta.Mas tendo em conta a família, creio com bastante certeza que sim.
Não quero que sintam culpa ou lástima por nós. Só quero que saibam o quanto amei a Robert Kincaid. Eu o senti dia após dia, durante todos estes anos, o mesmo que ele. ainda que nunca mais voltamos a nos falarmos, permanecemos unidos tão estreitamente como é possível que se unam duas pessoas. Não consigo encontrar as palavras para expressar-lo da forma adequada. Ele o fez melhor quando me disse que tínhamos deixado de ser dois seres separados, e , em troca, nos tínhamos convertidos em um terceiro, formado pelos dois. Nenhum de nós dois existia independentemente deste ser. E esse ser ficou sem rumo.
Não me envergonho do que Robert e eu vivemos juntos. Eu o amei com desesperação durante todos esses anos, ainda que ,por minhas próprias razões, somente uma só vez tratei de entrar em contato com ele. Foi depois da morte de seu pai. O intento fracassou e temi que houvesse acontecido algo, Assim nunca mais voltei a tentá-lo, por causa desse medo. Simplesmente não podia enfrentar essa realidade. De maneira que agora podem imaginar o que senti quando soube da sua morte.
Como disse, espero que compreendam e não pensem mal de mim. Se me amam, devem amar o que fiz. Robert Kincaid me mostrou como era ser mulher de um modo que poucas mulheres experimentaram. Era atraente e carinhoso, e por certo merece o respeito e talvez o amor de vocês. Espero que podem dar-lhe as duas coisas. a seu próprio modo, através de mim, ele foi bom com vocês.
Que sejam felizes, meus filhos.
Mamãe
O casamento da sobrinha foi um sucesso. Fomos a família toda e ficamos numa pousada da Cemig, na beira da represa. Chegamos sexta à noite e comparecemos pontualmente à cerimônia religiosa, realizada às 11 horas.Estávamos todos muito curiosos em relação ao noivo. Além da família de meu irmão (pai da noiva), apenas minha filha conhecia o rapaz. E ela insistia em dizer que era igualzinho o "Nerso da Capitinga"... Bom... digamos que ela tinha razão. Só que o rapaz é muito mais mineiro e tem pelo menos 1,90m. Foi tudo muito informal e divertido, ao som de "A Bela e a Fera"(muito adequado, sem maldade...r srsrsr..) e "Como é grande o meu amor por você", cantada por um rapaz cego de voz fantástica.
Depois, uma típica festa mineira do interior, com feijao tropeiro, leitão, lingüiça, tutu e feijão amassado. Tinha também muitos doces da fazenda, aos quais resisti bravamente. Fiquei só com um pedaço de bolo. Minha mãe se esbaldou feito criança fazendo arte, aproveitando para fugir da vigilãncia que fazemos por causa da diabetes.
Dividi o quarto duas noites com minha mãe. Ela fará 87 anos em maio. Deu um aperto no coração ver que não acompanhei direito o transcorrer destes últimos anos, em que a idade começa a pesar bastante.
Sobre isso, sempre comento com minha querida amiga "Alice"... de como é difícil fazermos parte da geração que se aperta entre a velhice e a adolescência. Somos nós a resolver tudo: os conflitos dos filhos adolescentes (falo genericamente pois só tenho uma) e de nossos pais que se recusam a aceitar as limitações da idade. Mal sobra espaço para os nossos próprios conflitos.
Na volta, a primeira coisa que vi foi um e-mail de Julius, falando de "As pontes de Madison" :
Adorei este filme, emocionou-me muito e me fez refletir sobre tantos sentimentos que deixei passar e de tantas possibilidades que ficaram esquecidas...
E sobre o TEMPO:
"Às vezes parece que faz tanto tempo que estou longe de você...
Às vezes sinto que estou com você sempre ao meu lado.
Às vezes acho que isso não importa.
Importa o tempo em que a felicidade parece infinita."
Eu também vi esse filme... Assisti porque um dos primeiros grandes amigos virtuais que eu tive o mencionou. Foi aquele coronel misterioso de Brasília, o tal da "guerra eletrônica". Na primeira oportunidade, vi na tv. Depois, quando a fita foi vendida nas bancas, se não me engano pela "Caras", sugeri ao Carioca que visse... Ele disse que não achou no Rio... E agora, lá vem Julius me falar desse romance!
Vou colar aqui a carta deixada pela personagem principal aos seus filhos, para ser lida após a morte:
Queridos Filhos,
Ainda que me sinta bem, creio que é hora de por minhas coisas em ordem. Existe algo muito importante, que vocês devem saber.
Para mim é difícil escrever isto a meus próprios filhos, mas devo fazê-lo. Aqui há algo que é demasiadamente forte, demasiadamente belo, para que morra comigo.
Como já descobriram, se chamava Robert Kincaid. Era fotógrafo e esteve aqui em 1965, fotografando os pontes cobertos.Recordam como a cidade estava emocionada quando as fotos apareceram no National Geographic? Recordam também que por essa época comecei a receber a revista. Agora conhecem o motivo de meu repentino interesse. A propósito eu estava com ele( levando uma das mochilas com as câmaras), quando tomou a foto da ponte Cedar.
Entendem que amei ao pai de vocês de uma maneira tranqüila. Ele foi bom comigo e me deu vocês dois a quem amo muito. Não o esquecem. Mas Robert Kincaid foi muito diferente. A primeira vez que o vi foi quando me pediu orientação para chegar a ponte Roseman. Vocês e seu pai estavam na Feira Estadual de Illinois. Creia-me, eu não andava buscando nenhuma aventura. Isso era o último que ocupava minha mente. Mas ao mirá-lo soube que o desejava, ainda que não tanto como cheguei a desejá-lo depois.
Ele era um pouco tímido, e eu tive tanto que ver com o que passou como ele. A nota guardada junto com sua pulseira é a que eu preguei na ponte Roseman para que ele a vira, na manhã depois de conhecermos. As fotos minhas que ele conservava foram a única prova que ele teve, ao longo dos anos, de que eu existia, de que não era algum sonho que ele havia tido. Em nossa velha cozinha, Robert e eu passamos horas juntos. Falamos e dançamos a luz das velas. E, sim, fizemos amor ali e no dormitório e no jardim e em qualquer outro lugar que pensem. Era uma relação incrível, poderosa, transcendente, e continuou durante dias, quase sem parar. Sempre tenho empregado a palavra forte ao pensar nele. Porque assim era quando nos conhecemos. Era como uma flecha na sua intensidade. Filhos, compreendam que trato de expressar algo que não se pode dizer com palavras. Só desejo que algum dia os dois possam viver o que eu experimentei.
Se não fosse por seu pai e por vocês, eu teria ido a qualquer lugar com ele. Ele me pediu, me suplicou que o acompanhara. Mas eu não pude fazê-lo e ele era uma pessoa muito sensível e afetuosa para nunca interferir nas nossas vidas.
O paradoxo é que se não houvera sido por Robert, nào estou segura de ter podido permanecer na granja por todos esses anos. Em quatro dias me deu toda uma vida, um universo, e uniu em uma só as partes separadas de mim. Nunca tenho deixado de pensar nele, nem por um momento. ainda quando não se achava em minha mente consciente, o sentia em alguma parte, estava sempre ali.
Mas isso nunca diminuiu o que sentia por vocês dois e pelo seu pai. Ao pensar só em mim por um momento, não estou segura de ter tomado a decisão correta.Mas tendo em conta a família, creio com bastante certeza que sim.
Não quero que sintam culpa ou lástima por nós. Só quero que saibam o quanto amei a Robert Kincaid. Eu o senti dia após dia, durante todos estes anos, o mesmo que ele. ainda que nunca mais voltamos a nos falarmos, permanecemos unidos tão estreitamente como é possível que se unam duas pessoas. Não consigo encontrar as palavras para expressar-lo da forma adequada. Ele o fez melhor quando me disse que tínhamos deixado de ser dois seres separados, e , em troca, nos tínhamos convertidos em um terceiro, formado pelos dois. Nenhum de nós dois existia independentemente deste ser. E esse ser ficou sem rumo.
Não me envergonho do que Robert e eu vivemos juntos. Eu o amei com desesperação durante todos esses anos, ainda que ,por minhas próprias razões, somente uma só vez tratei de entrar em contato com ele. Foi depois da morte de seu pai. O intento fracassou e temi que houvesse acontecido algo, Assim nunca mais voltei a tentá-lo, por causa desse medo. Simplesmente não podia enfrentar essa realidade. De maneira que agora podem imaginar o que senti quando soube da sua morte.
Como disse, espero que compreendam e não pensem mal de mim. Se me amam, devem amar o que fiz. Robert Kincaid me mostrou como era ser mulher de um modo que poucas mulheres experimentaram. Era atraente e carinhoso, e por certo merece o respeito e talvez o amor de vocês. Espero que podem dar-lhe as duas coisas. a seu próprio modo, através de mim, ele foi bom com vocês.
Que sejam felizes, meus filhos.
Mamãe
segunda-feira, janeiro 20, 2003
Diz um amigo meu, em seus e-mails de autoajuda:
“Todos os dias você tem a escolha de ser feliz ou não!”
Hoje escolhi ser feliz!
Impressionante... Bastou um e-mail saudoso “dele” pra eu ficar legal. Estava aflita desde o dia 23 de dezembro! Dava minhas voltas, buscava outras causas pra minhas inquietações. Evitei admitir.
De repente, o céu se abriu. E houve um efeito dominó de fatos positivos!
Não, não é nada disso!
Deve ser porque levantei o astral que vejo a alegria, a felicidade nas coisas mínimas:
- Depois de meses com problemas, consegui desobstruir o encanamento da área de serviço (vinha adiando há meses, com medo de ter de quebrar tudo!)
- Consegui pagar quase todas as contas em dia!
- Minha gata sossegou!
- Minha filha passou pelo exame de saúde!
- Consegui fechar uma edição!
- Minha amiga de NY me escreveu. E está tudo bem com Lucas, o sobrinho dela que fez transplante em julho!
“Todos os dias você tem a escolha de ser feliz ou não!”
Hoje escolhi ser feliz!
Impressionante... Bastou um e-mail saudoso “dele” pra eu ficar legal. Estava aflita desde o dia 23 de dezembro! Dava minhas voltas, buscava outras causas pra minhas inquietações. Evitei admitir.
De repente, o céu se abriu. E houve um efeito dominó de fatos positivos!
Não, não é nada disso!
Deve ser porque levantei o astral que vejo a alegria, a felicidade nas coisas mínimas:
- Depois de meses com problemas, consegui desobstruir o encanamento da área de serviço (vinha adiando há meses, com medo de ter de quebrar tudo!)
- Consegui pagar quase todas as contas em dia!
- Minha gata sossegou!
- Minha filha passou pelo exame de saúde!
- Consegui fechar uma edição!
- Minha amiga de NY me escreveu. E está tudo bem com Lucas, o sobrinho dela que fez transplante em julho!
quarta-feira, janeiro 15, 2003
Nossa! Como tem gente que faz questão de se comunicar do modo mais complicado possível!
Não sei se é vício, cacoete... ou é só pra fazer pose! Hoje, uma pessoa me falou:
“Você gera material para agências de propaganda? Material gráfico”?
Eu comentei:
“Nossa, como você é tucanado. O que você quer saber? Se eu faço anúncios? Se faço desenho publicitário? Se executo trabalhos encomendados por agências? Se contrato agências?”
Ele queria recomendar a empresa de um amigo de infância, me passou o site do cara. E eu fiquei sem saber o que eles queriam. Pode? Isto é porque eles trabalham com comunicação!
Não sei se é vício, cacoete... ou é só pra fazer pose! Hoje, uma pessoa me falou:
“Você gera material para agências de propaganda? Material gráfico”?
Eu comentei:
“Nossa, como você é tucanado. O que você quer saber? Se eu faço anúncios? Se faço desenho publicitário? Se executo trabalhos encomendados por agências? Se contrato agências?”
Ele queria recomendar a empresa de um amigo de infância, me passou o site do cara. E eu fiquei sem saber o que eles queriam. Pode? Isto é porque eles trabalham com comunicação!
terça-feira, janeiro 14, 2003
Pensamentos positivos.
Preciso acreditar!
Sei que ainda tenho pelo menos dois leitores... São dois rapazes. Melhor que nada, né?
De Julius:
Somos seres mutantes, a vida nos transforma conforme a necessidade, mas nossa essência e a química não se alteram nunca. O que eu sinto por você (não sei qual seria o termo adequado, mas algo muito especial) nunca irá mudar...
Obrigado pelas palavras, pelo carinho, pela energia positiva,
obrigado pelo prazer, pelo calor, pelo amor, pelo tesão,
obrigado pelo sorriso, pelo cheiro, pelo colo, pelo ouvido...
Obrigado sobretudo pela compreensão...
O que pensar disso tudo?
Devo pensar que é positivo, que é bom.
Estamos sofrendo sim... Mas acredito que será pra chegarmos ao fim do túnel, sãos e salvos.
Dói.
Choro
Mas estou feliz, apesar desse peso todo.
Vou resistir, vou aguentar... vou conseguir!
Acho que a tempestade me ajudou a rever os sentimentos. A sentir algo muito além...
Dói... mas sinto-me viva, humana...
* * * * * * *
Ontem, deletei definitivamente o endereço daquela "amiga" do outlook. Incomodava-me dar de cara com o nome dela toda vez que ia espalhar e-mails que achava interessante.
Incomoda-me admitir que gostava de conversar com ela quase que diariamente pelo icq. Acreditei que fosse mesmo minha amiga... era um papo bom, para espairecer minhas manhãs. Rimos muito... discutimos amenidades.
Que bobagem! Mas aquele episódio roubou muita energia de mim... Ainda sinto dores nos machucados. Estão quase que cicatrizados, mas incomodam ainda. Chato? É sim... Mas também é sinal de que não consigo se de pedra.
No domingo, Titi me explicou um pouco sobre a partida da irmã dela, a minha grande amiga Ju. Ainda é difícil para mim, compreender como alguém possa ter sido tão injustiçada, sendo aquela fortaleza e sendo aquele exemplo de fé e sobriedade.
Então, Titi lembrou de Cristo...
Acho que consegui entender um pouco...
Entendi também a partida de José Manuel também para uma viagem sem volta. Foi apenas um mês desde que confirmaram o câncer. Eu sabia que aconteceria a qualquer momento, mas é difícil aceitar, difícil me conformar.
Deve ser a tal "síndrome da meia-vida" de que me falou Braindoctor.
Ainda bem que já atravessei mais da metade... espero chegar aos 50 muito bem comigo mesma!
Preciso acreditar!
Sei que ainda tenho pelo menos dois leitores... São dois rapazes. Melhor que nada, né?
De Julius:
Somos seres mutantes, a vida nos transforma conforme a necessidade, mas nossa essência e a química não se alteram nunca. O que eu sinto por você (não sei qual seria o termo adequado, mas algo muito especial) nunca irá mudar...
Obrigado pelas palavras, pelo carinho, pela energia positiva,
obrigado pelo prazer, pelo calor, pelo amor, pelo tesão,
obrigado pelo sorriso, pelo cheiro, pelo colo, pelo ouvido...
Obrigado sobretudo pela compreensão...
O que pensar disso tudo?
Devo pensar que é positivo, que é bom.
Estamos sofrendo sim... Mas acredito que será pra chegarmos ao fim do túnel, sãos e salvos.
Dói.
Choro
Mas estou feliz, apesar desse peso todo.
Vou resistir, vou aguentar... vou conseguir!
Acho que a tempestade me ajudou a rever os sentimentos. A sentir algo muito além...
Dói... mas sinto-me viva, humana...
* * * * * * *
Ontem, deletei definitivamente o endereço daquela "amiga" do outlook. Incomodava-me dar de cara com o nome dela toda vez que ia espalhar e-mails que achava interessante.
Incomoda-me admitir que gostava de conversar com ela quase que diariamente pelo icq. Acreditei que fosse mesmo minha amiga... era um papo bom, para espairecer minhas manhãs. Rimos muito... discutimos amenidades.
Que bobagem! Mas aquele episódio roubou muita energia de mim... Ainda sinto dores nos machucados. Estão quase que cicatrizados, mas incomodam ainda. Chato? É sim... Mas também é sinal de que não consigo se de pedra.
No domingo, Titi me explicou um pouco sobre a partida da irmã dela, a minha grande amiga Ju. Ainda é difícil para mim, compreender como alguém possa ter sido tão injustiçada, sendo aquela fortaleza e sendo aquele exemplo de fé e sobriedade.
Então, Titi lembrou de Cristo...
Acho que consegui entender um pouco...
Entendi também a partida de José Manuel também para uma viagem sem volta. Foi apenas um mês desde que confirmaram o câncer. Eu sabia que aconteceria a qualquer momento, mas é difícil aceitar, difícil me conformar.
Deve ser a tal "síndrome da meia-vida" de que me falou Braindoctor.
Ainda bem que já atravessei mais da metade... espero chegar aos 50 muito bem comigo mesma!
sexta-feira, janeiro 03, 2003
Outra mensagem linda, de minha amiga Alice:
Desejo para você um verão com brisa de mar (plagiando seu grande amigo), um outono com toque saudável de recolher e saborear os frutos, um inverno com tardes bem quentinhas e companhias agradáveis de quebrar o gelo, uma primavera bem criativa e alegre. Enfim, espero que tenha dias e noites inesquecíveis em 2003. Tente reservar um tempinho para nos ver e falar de nossas fases e estações. Muita paz, saúde e
amor pra você, sua família, seus amigos e bichinhos.
Por que as pessoas não são assim? Porque não tentam escrever de coração, em vez de enviar tantos e-mails lindamente editados, copiando frases, poemas, textos de outras pessoas, muitas vezes com autoria trocada?
Desejo para você um verão com brisa de mar (plagiando seu grande amigo), um outono com toque saudável de recolher e saborear os frutos, um inverno com tardes bem quentinhas e companhias agradáveis de quebrar o gelo, uma primavera bem criativa e alegre. Enfim, espero que tenha dias e noites inesquecíveis em 2003. Tente reservar um tempinho para nos ver e falar de nossas fases e estações. Muita paz, saúde e
amor pra você, sua família, seus amigos e bichinhos.
Por que as pessoas não são assim? Porque não tentam escrever de coração, em vez de enviar tantos e-mails lindamente editados, copiando frases, poemas, textos de outras pessoas, muitas vezes com autoria trocada?
quinta-feira, janeiro 02, 2003
Chorei uns cinco minutos ao ler isto, na manhã de ontem:
Vínculo de uma vida inteira, única testemunha ocular de nossa juventude estudantil: Feliz 2003!!!
O dia no Rio amanheceu ensolarado e silencioso após uma noite repleta de brilhos no céu.
Fomos todos à praia esperar o novo ano e, mais uma vez, com um quase total despojamento. Levando só o necessário: cadeiras de praia, toalhas e lentilhas. Ah, e a máquina fotográfica!
Passar o ano descalço, sentindo a água do mar deliciosamente gelada tocar o corpo, dar as mãos aos parentes queridos e ver, no horizonte, o infinito entre o céu e o oceano é fantástico. Quando a meia-noite se aproxima, a quantidade de pessoas aumenta. Fervilham em branco, prata, amarelo e bronze, na beleza que nenhum grego pensou eternizar e na breguice suburbana que Fellini assinaria sem piscar. Crianças, velhos, jovens apaixonados, matronas, pessoas de todas as tribos caminham, param diante do mar, jogam flores, velas e esperanças. Dançam em um ritual de alegria e liberdade que só consigo observar de longe. Nessa noite, não há ridículo. Tudo maravilhosamente caótico, babilônico, pagão e cristão, ecumênico.
E então, num climax, começam a surgir no céu brilhos maravilhosos que se refletem no mar, em toda orla. As pessoas se abraçam, se beijam, chegam a tomar banho de champanhe! Uma apoteose.
Outras vão ao mar e oram. Outras, como eu, vão e dão 14 pulos. Para mim e para minha amiga que ficou em casa, com a família, vendo o espocar de 2003 sobre a cidade cinza.
O retorno foi tranqüilo e, só por volta das 1h30, ceiamos. Mas já estávamos saciados de felicidade. Felicidade de estarmos juntos e com esperanças.
Vínculo de uma vida inteira...
Ainda me lembro do garoto desajeitado, meio gordinho, de camisa xadrez e calça jeans que eu conheci antes dos 20 anos. Um dia uma palavra, outro dia, duas... e logo nasceu a turma! Turma que tomava chá em final de Copa de Mundo, que suspirava diante de uma escultura, inchava os olhos com um filme, ria dos Anos Incríveis que só veríamos duas décadas depois na tv. Eram uns 4 rapazes e duas garotas: eu e uma chinesa de nome americano e cidadania holandesa. Havia também uma outra garota que amava teatro e tinha o sobrenome de uma grande empresa de ônibus da época. E uma baixinha com nome e jeitinho e personagem de Monteiro Lobato. Um dos rapazes era sósia de um famoso jogador de futebol, enquanto outro tinha pinta de motoqueiro da Juventude Transviada.
E só restamos nós...
Dois morreram de verdade. Outros... foram tragados pelo tempo!
A saudade dói sim... Mas é muito bom saber que pelo menos somos dois a resgatarmos estas lembranças...
Vínculo de uma vida inteira, única testemunha ocular de nossa juventude estudantil: Feliz 2003!!!
O dia no Rio amanheceu ensolarado e silencioso após uma noite repleta de brilhos no céu.
Fomos todos à praia esperar o novo ano e, mais uma vez, com um quase total despojamento. Levando só o necessário: cadeiras de praia, toalhas e lentilhas. Ah, e a máquina fotográfica!
Passar o ano descalço, sentindo a água do mar deliciosamente gelada tocar o corpo, dar as mãos aos parentes queridos e ver, no horizonte, o infinito entre o céu e o oceano é fantástico. Quando a meia-noite se aproxima, a quantidade de pessoas aumenta. Fervilham em branco, prata, amarelo e bronze, na beleza que nenhum grego pensou eternizar e na breguice suburbana que Fellini assinaria sem piscar. Crianças, velhos, jovens apaixonados, matronas, pessoas de todas as tribos caminham, param diante do mar, jogam flores, velas e esperanças. Dançam em um ritual de alegria e liberdade que só consigo observar de longe. Nessa noite, não há ridículo. Tudo maravilhosamente caótico, babilônico, pagão e cristão, ecumênico.
E então, num climax, começam a surgir no céu brilhos maravilhosos que se refletem no mar, em toda orla. As pessoas se abraçam, se beijam, chegam a tomar banho de champanhe! Uma apoteose.
Outras vão ao mar e oram. Outras, como eu, vão e dão 14 pulos. Para mim e para minha amiga que ficou em casa, com a família, vendo o espocar de 2003 sobre a cidade cinza.
O retorno foi tranqüilo e, só por volta das 1h30, ceiamos. Mas já estávamos saciados de felicidade. Felicidade de estarmos juntos e com esperanças.
Vínculo de uma vida inteira...
Ainda me lembro do garoto desajeitado, meio gordinho, de camisa xadrez e calça jeans que eu conheci antes dos 20 anos. Um dia uma palavra, outro dia, duas... e logo nasceu a turma! Turma que tomava chá em final de Copa de Mundo, que suspirava diante de uma escultura, inchava os olhos com um filme, ria dos Anos Incríveis que só veríamos duas décadas depois na tv. Eram uns 4 rapazes e duas garotas: eu e uma chinesa de nome americano e cidadania holandesa. Havia também uma outra garota que amava teatro e tinha o sobrenome de uma grande empresa de ônibus da época. E uma baixinha com nome e jeitinho e personagem de Monteiro Lobato. Um dos rapazes era sósia de um famoso jogador de futebol, enquanto outro tinha pinta de motoqueiro da Juventude Transviada.
E só restamos nós...
Dois morreram de verdade. Outros... foram tragados pelo tempo!
A saudade dói sim... Mas é muito bom saber que pelo menos somos dois a resgatarmos estas lembranças...
terça-feira, dezembro 31, 2002
Sobre a passagem do ano
Os e-mails trocados hoje com Eduardo sintetizam o que eu sinto.
O que eu escrevi:
Enfim... Aqui estamos, mais uma vez, no final de um ano... e novamente a gente repetindo, relembrando. Eu tento não ser assim, mas fico muito melancólica nesta época. A cada ano que eu acumulo, tenho um arquivo maior de lembranças. E em muitos momentos, fica difícil evitar as lágrimas, um bolo na garganta...
Mas estou esperançosa! Já comprei calcinhas de todas as cores, botei lentilhas de molho e separei uma romã! E espero que você pule sete ondas a mais por mim, tá?
E a resposta dele:
Esperança, nostalgia e apreensão. São estas as sensações que tenho a cada fim de ano. Compartilho com você a esperança no novo e a nostalgia dos dias já idos, dos amigos que sabemos, não veremos mais. Mas fico com o coração na mão ao imaginar o que pode a ação dos homens frios de coração e alma. É mentalizar para que neste próximo ano uma luz, mesmo que tênue, brilhe novamente.
Tentarei pular quatorze, vinte e uma vezes, sete vezes quantas forem necessárias, para que possamos ter um ano em que cada dia não fique sem a presença marcante da felicidade.
Mas mesmo na praia, cercado por milhares, sei que continuarei me sentindo só... Um grão microscópico de poeira estelar perdido no infinito universo. E aí, sentirei uma vontade imensa de abraçar o mundo, abraçar o que já se foi e o que ainda será. Abraçar você. E girar, girar muito.
Para amanhã acordar com uma esperança renovada, com coragem para enfrentar os demais dias, os demais anos... Mas se não for sózinho, melhor! Beijos cariocas e paulistas
===========
Li um artigo na revista Seleções que garante que chorar faz bem. Que o ato de soltar as lágrimas faz bem à saude.
Acho que é verdade. Nos últimos dias, lágrimas têm corrido descontroladamente, seguido de um estado geral de alívio.
-----------------------------
Tento manter-me otimista. Tento concentrar-me nas tantas coisas boas que tive este ano. Mesmo assim, as perdas me doem um bocado. Dói um bocado pensar nas pessoas que não verei mais. Nem todas morreram fisicamente.
----------------------
Vou concentrar-me na idéia de que alguns mal-entendidos serão esclarecidos. O que é reversível, poderá ainda ser revertido para melhor.
-----------------------
Eu não aguento mais a avalanche de cartões que chega por aqui!
E o pior é ver que as pessoas mandram em CCO .. e muitas dessas pessoas nem se preocuparam em alterar a assinatura original.
Não sei o que é pior vc ser alguém na lista dos CCOs ou ficar esperando que determinadas pessoas se lembrem de você.
Quando eu desejo um feliz ano novo, eu desejo de coração para cada pessoa a quem enviei um cartão...
Os e-mails trocados hoje com Eduardo sintetizam o que eu sinto.
O que eu escrevi:
Enfim... Aqui estamos, mais uma vez, no final de um ano... e novamente a gente repetindo, relembrando. Eu tento não ser assim, mas fico muito melancólica nesta época. A cada ano que eu acumulo, tenho um arquivo maior de lembranças. E em muitos momentos, fica difícil evitar as lágrimas, um bolo na garganta...
Mas estou esperançosa! Já comprei calcinhas de todas as cores, botei lentilhas de molho e separei uma romã! E espero que você pule sete ondas a mais por mim, tá?
E a resposta dele:
Esperança, nostalgia e apreensão. São estas as sensações que tenho a cada fim de ano. Compartilho com você a esperança no novo e a nostalgia dos dias já idos, dos amigos que sabemos, não veremos mais. Mas fico com o coração na mão ao imaginar o que pode a ação dos homens frios de coração e alma. É mentalizar para que neste próximo ano uma luz, mesmo que tênue, brilhe novamente.
Tentarei pular quatorze, vinte e uma vezes, sete vezes quantas forem necessárias, para que possamos ter um ano em que cada dia não fique sem a presença marcante da felicidade.
Mas mesmo na praia, cercado por milhares, sei que continuarei me sentindo só... Um grão microscópico de poeira estelar perdido no infinito universo. E aí, sentirei uma vontade imensa de abraçar o mundo, abraçar o que já se foi e o que ainda será. Abraçar você. E girar, girar muito.
Para amanhã acordar com uma esperança renovada, com coragem para enfrentar os demais dias, os demais anos... Mas se não for sózinho, melhor! Beijos cariocas e paulistas
===========
Li um artigo na revista Seleções que garante que chorar faz bem. Que o ato de soltar as lágrimas faz bem à saude.
Acho que é verdade. Nos últimos dias, lágrimas têm corrido descontroladamente, seguido de um estado geral de alívio.
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Tento manter-me otimista. Tento concentrar-me nas tantas coisas boas que tive este ano. Mesmo assim, as perdas me doem um bocado. Dói um bocado pensar nas pessoas que não verei mais. Nem todas morreram fisicamente.
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Vou concentrar-me na idéia de que alguns mal-entendidos serão esclarecidos. O que é reversível, poderá ainda ser revertido para melhor.
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Eu não aguento mais a avalanche de cartões que chega por aqui!
E o pior é ver que as pessoas mandram em CCO .. e muitas dessas pessoas nem se preocuparam em alterar a assinatura original.
Não sei o que é pior vc ser alguém na lista dos CCOs ou ficar esperando que determinadas pessoas se lembrem de você.
Quando eu desejo um feliz ano novo, eu desejo de coração para cada pessoa a quem enviei um cartão...
sábado, dezembro 21, 2002
Minha tia foi embora definitivamente ontem, um mês antes de completar 88 anos. Partiu com dignidade e serenidade, consciente até o fim. Há três semanas, tive a oportunidade matar saudades e nos despedirmos retomando velhas histórias de família. Em conversas muito lúcidas, resgatamos algumas lembranças.
Não sei por que, eu me identifico muito mais com ela do que com minha mãe.
Parece que acontece o mesmo com minhas sobrinhas, filhas de meus irmãos. E também com minha filha em relação à irmã do pai ela.
Acho que ela descansou definitivamente no dia certo, a tempo de liberar a família para um Natal tranquilo e de muita paz.
Meus primos, filhos dela, estavam igualmente tranquilos, com aquela certeza de que tudo fizeram pela mãe. Não só agora, na fase de doença, mas sempre.
A vida de minha tia Yaeko foi de muitos altos e baixos. Bem nascida e mimada, era de uma família de senhores feudais. De repente, aos onze anos, veio com a família "fazer a América". Sempre muito bonita, antes dos vinte anos, casou-se com um fazendeiro de café.
Quando pequena, ela sempre me presenteou com livros infantis. Na adolescência, me trazia publicações de trabalhos manuais. Assim como minha avó, ela era exímia no crochê, chegando a "fabricar" pessoalmente as agulhas, de bambu.
Mesmo tendo frequentado a escola japonesa por poucos anos, titia era muito culta e bem informada. Lia best-sellers em japonês e os jornais da colônia, mesmo que com atraso. Também falava português fluentemente. Vou sentir saudades.
================
Ufa... Não sei de que maneira mas consegui fechar as edições do mês! Nem acredito nas coisas que escrevi. Parece até que psicografei. Nossa...
Não sei por que, eu me identifico muito mais com ela do que com minha mãe.
Parece que acontece o mesmo com minhas sobrinhas, filhas de meus irmãos. E também com minha filha em relação à irmã do pai ela.
Acho que ela descansou definitivamente no dia certo, a tempo de liberar a família para um Natal tranquilo e de muita paz.
Meus primos, filhos dela, estavam igualmente tranquilos, com aquela certeza de que tudo fizeram pela mãe. Não só agora, na fase de doença, mas sempre.
A vida de minha tia Yaeko foi de muitos altos e baixos. Bem nascida e mimada, era de uma família de senhores feudais. De repente, aos onze anos, veio com a família "fazer a América". Sempre muito bonita, antes dos vinte anos, casou-se com um fazendeiro de café.
Quando pequena, ela sempre me presenteou com livros infantis. Na adolescência, me trazia publicações de trabalhos manuais. Assim como minha avó, ela era exímia no crochê, chegando a "fabricar" pessoalmente as agulhas, de bambu.
Mesmo tendo frequentado a escola japonesa por poucos anos, titia era muito culta e bem informada. Lia best-sellers em japonês e os jornais da colônia, mesmo que com atraso. Também falava português fluentemente. Vou sentir saudades.
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Ufa... Não sei de que maneira mas consegui fechar as edições do mês! Nem acredito nas coisas que escrevi. Parece até que psicografei. Nossa...
quarta-feira, dezembro 18, 2002
===================
Falei que não vou lamentar, mas hoje foi demais:
Minha tia piorou.
Meu vizinho teve derrame
Mãe da Ju foi operada...
A tv grande pifou
A impressora também.
Está muito difícil. Chorei.
Mas o que importa é que já levaram a tv para arrumar.
Consertei a impressora (custou só 40 reais).
Comprei um cartucho novo pra caprichar nas capas.
Vou conseguir entregar os trabalhos de dezembro.
Minha filha ´passou na primeira fase da Fuvest e tá mais animada.
Estamos bem de saúde aqui em casa...
O vizinho voltou para casa e está bom da cabeça.
Minha tia não sente dores.
Julius diz que precisa de mim...
E ele escreveu hoje:
falta teu cheiro,
teu sorriso,
preciso de você...
falta teu calor,
teu amor,
teu gozo,
falta tua pele,
teus cabelos,
teus braços,
teu colo,
falta tanto tanto tanto...
Falei que não vou lamentar, mas hoje foi demais:
Minha tia piorou.
Meu vizinho teve derrame
Mãe da Ju foi operada...
A tv grande pifou
A impressora também.
Está muito difícil. Chorei.
Mas o que importa é que já levaram a tv para arrumar.
Consertei a impressora (custou só 40 reais).
Comprei um cartucho novo pra caprichar nas capas.
Vou conseguir entregar os trabalhos de dezembro.
Minha filha ´passou na primeira fase da Fuvest e tá mais animada.
Estamos bem de saúde aqui em casa...
O vizinho voltou para casa e está bom da cabeça.
Minha tia não sente dores.
Julius diz que precisa de mim...
E ele escreveu hoje:
falta teu cheiro,
teu sorriso,
preciso de você...
falta teu calor,
teu amor,
teu gozo,
falta tua pele,
teus cabelos,
teus braços,
teu colo,
falta tanto tanto tanto...
segunda-feira, dezembro 16, 2002
O encontro e o pesadelo
Cópia de papo com Rita no ICQ
EU 13:43 e fui ver o aviador! Nao chegou a me levar as nuvens.. mas... deu pro gasto!Desempenhou bem.. depois duma noite de trabalho!Fui hoje cedinho!
RITA 13:44 ahahahahahahahahah
EU 13:44 resolvemos de re pente, ontem a noite.. mas tudo dependia de ele não ter contratempos!
EU 13:45 mas o mais gozado foi um pesadelo que eu tive...
RITA 13:45 essas "de repente" costumam deixar a gente bem.....mesmo sem ter ido as nuvens......
EU 13:45 nossa.. como tenho sonhos doidos...
EU 13:45 fiquei preocupada em perder a hora... pois iria ligar as 6h pra ele..
RITA 13:46 eu sonhei que tava indo pro exterior mas tinha esquecido de fazer a mala!!!!!!!!!
EU 13:46 então, sonhei que.. não sei por que, fui de madrugada (na hora do sonho) ate a casa da minha irmã..
EU 13:46 eram 3 da matina.. maior breu.. toquei a campainha...
EU 13:46 e dois assaltantes me "renderam" e entraram na casa comigo..
EU 13:47 minha irmã tem um cofre, que era do meu cunhado.. não tem nada dentro..
EU 13:47 de repente, a casa ficou cheia de assaltantes.. um bando, incluindo mocinhas..
RITA 13:48 vixe!
EU 13:48 convenci uma a me deixar telefonar.. pois tinha de avisar uma pessoa que iria dar um "bolo"
RITA 13:48 e vc se sentindo ameaçada.....
EU 13:48 cochichei pra ela.. e ela deixou ligar..
EU 13:48 e eu tentando dar dica pra ele sobre o que estava acontecendo..
EU 13:49 falei: "nao posso viajar com vc...."
EU 13:49 e disse: "estou na casa da minha irmã.. vc nao consegue localizar o endereco pelo telefone"?
RITA 13:49 olha que interessante o "nao posso..."
EU 13:50 eu havia contado pra ele que minha irmã é vizinha do aeroporto..
EU 13:50 e então, pra dar a dica de que era assalto, eu
falei: "Vc conhece Beagle Boys"?
RITA 13:50 ahahahahahah
EU 13:50 e o nome dos Irmãos Metralha, de Disney, em ingles...
EU 13:51 ai.. ele comecou a falar em alemão e eu acordei!
RITA 13:52 kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
EU 13:52 Impressionantes foram os pensamentos que passaram
pela minha cabeca em situacao de assalto.. de que
se a policia chegasse, eles poderiam nos matar,
etc, etc.. .
Foi daqueles sonhos em que quando a gente acorda
nao sabe se foi mesmo sonho...
RITA 13:53 sei o que e isso....
RITA 13:53 já notou todos os símbolos que esse teu sonho tem???
EU 13:55 siiiiiim.. já!!!
RITA 13:55 bom, o importante e que pelo menos deu pro
gasto.......rsssss
EU 13:56 minha irmã... meu irmão....Paulo (personagem Disney)
RITA 13:56 a mocinha bandida tolerante (sua filha).
É como contei para Rita. Curti e deu para relaxar. Senti-me leve, foi legal. Mas faltou “algo mais”. Por mim, acho que só tive e terei esse “algo mais” com Julius. Tenho medo... Mas tento espantar essa sensação, lembrando-me das palavras dele:
Me perco em teus devaneios,
teus cabelos negros e curtos,
anseios que há tanto seduz...
Teu cheiro é de primavera,
de mulher madura,
de rosa, dos espinhos
que suportamos,
dos caminhos que trilhamos...
das verdades que ousamos...
Teu cheiro é de criança
do sorriso sem motivo
do sabor de paraiso
da alegria de viver...
Teu cheiro que me envolve
pode ser da minha imaginação
pode ser do teu coração
pode ser tua alma volitando
pode ser teu sangue retornando
dos caminhos do prazer...
que me importa?
só me importa que eu te cheire
que o meu ombro seja teu aconchego
que meu colo seja teu porto
no conforto de saber
que teu sorriso encontra ressonância
que teu desejo se sacia em minha fonte
como bebo da água do teu corpo...
que me importa?
só me importa que de vez em quando
posso ler em tuas linhas
que podemos simplesmente compartilhar
esta comunhão sem posse,
este querer sem fim
e assim te dizer toda vez
se eu morresse hoje
seria com um impertinente sorriso
de plenitude que incomodaria
todos presentes na solidão
de nunca terem tentado...
Fico ainda com os olhos marejados cada vez que relembro.
É pura emoção.
Tanta segurança.
Bem-estar sem promessas, sem planos, sem dores
É o toque no ponto certo, na hora exata.
É a mão que nunca se desprende, que acaricia a cada toque, nos gestos mínimos.
É o braço que me puxa na hora de um simples café.
É a mão que se estende primeiro para mim na hora de pegar uma toalha.
Isto é sintonia. É certeza que nunca precisa ser confirmada.
É o que torna todo o resto desimportante quando a porta que nos separa abre.
É o que não deixa mais brecha para pergunta alguma.
Dedos que nos libertam das roupas, sem pudores.
Pernas que nos deslizam nos lençós.
Olhares que cortam todas as palavras, não inibem nenhum gemido.
São encaixes perfeitos.
Movimentos mágicos
Cheiros inebriantes...
Cópia de papo com Rita no ICQ
EU 13:43 e fui ver o aviador! Nao chegou a me levar as nuvens.. mas... deu pro gasto!Desempenhou bem.. depois duma noite de trabalho!Fui hoje cedinho!
RITA 13:44 ahahahahahahahahah
EU 13:44 resolvemos de re pente, ontem a noite.. mas tudo dependia de ele não ter contratempos!
EU 13:45 mas o mais gozado foi um pesadelo que eu tive...
RITA 13:45 essas "de repente" costumam deixar a gente bem.....mesmo sem ter ido as nuvens......
EU 13:45 nossa.. como tenho sonhos doidos...
EU 13:45 fiquei preocupada em perder a hora... pois iria ligar as 6h pra ele..
RITA 13:46 eu sonhei que tava indo pro exterior mas tinha esquecido de fazer a mala!!!!!!!!!
EU 13:46 então, sonhei que.. não sei por que, fui de madrugada (na hora do sonho) ate a casa da minha irmã..
EU 13:46 eram 3 da matina.. maior breu.. toquei a campainha...
EU 13:46 e dois assaltantes me "renderam" e entraram na casa comigo..
EU 13:47 minha irmã tem um cofre, que era do meu cunhado.. não tem nada dentro..
EU 13:47 de repente, a casa ficou cheia de assaltantes.. um bando, incluindo mocinhas..
RITA 13:48 vixe!
EU 13:48 convenci uma a me deixar telefonar.. pois tinha de avisar uma pessoa que iria dar um "bolo"
RITA 13:48 e vc se sentindo ameaçada.....
EU 13:48 cochichei pra ela.. e ela deixou ligar..
EU 13:48 e eu tentando dar dica pra ele sobre o que estava acontecendo..
EU 13:49 falei: "nao posso viajar com vc...."
EU 13:49 e disse: "estou na casa da minha irmã.. vc nao consegue localizar o endereco pelo telefone"?
RITA 13:49 olha que interessante o "nao posso..."
EU 13:50 eu havia contado pra ele que minha irmã é vizinha do aeroporto..
EU 13:50 e então, pra dar a dica de que era assalto, eu
falei: "Vc conhece Beagle Boys"?
RITA 13:50 ahahahahahah
EU 13:50 e o nome dos Irmãos Metralha, de Disney, em ingles...
EU 13:51 ai.. ele comecou a falar em alemão e eu acordei!
RITA 13:52 kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
EU 13:52 Impressionantes foram os pensamentos que passaram
pela minha cabeca em situacao de assalto.. de que
se a policia chegasse, eles poderiam nos matar,
etc, etc.. .
Foi daqueles sonhos em que quando a gente acorda
nao sabe se foi mesmo sonho...
RITA 13:53 sei o que e isso....
RITA 13:53 já notou todos os símbolos que esse teu sonho tem???
EU 13:55 siiiiiim.. já!!!
RITA 13:55 bom, o importante e que pelo menos deu pro
gasto.......rsssss
EU 13:56 minha irmã... meu irmão....Paulo (personagem Disney)
RITA 13:56 a mocinha bandida tolerante (sua filha).
É como contei para Rita. Curti e deu para relaxar. Senti-me leve, foi legal. Mas faltou “algo mais”. Por mim, acho que só tive e terei esse “algo mais” com Julius. Tenho medo... Mas tento espantar essa sensação, lembrando-me das palavras dele:
Me perco em teus devaneios,
teus cabelos negros e curtos,
anseios que há tanto seduz...
Teu cheiro é de primavera,
de mulher madura,
de rosa, dos espinhos
que suportamos,
dos caminhos que trilhamos...
das verdades que ousamos...
Teu cheiro é de criança
do sorriso sem motivo
do sabor de paraiso
da alegria de viver...
Teu cheiro que me envolve
pode ser da minha imaginação
pode ser do teu coração
pode ser tua alma volitando
pode ser teu sangue retornando
dos caminhos do prazer...
que me importa?
só me importa que eu te cheire
que o meu ombro seja teu aconchego
que meu colo seja teu porto
no conforto de saber
que teu sorriso encontra ressonância
que teu desejo se sacia em minha fonte
como bebo da água do teu corpo...
que me importa?
só me importa que de vez em quando
posso ler em tuas linhas
que podemos simplesmente compartilhar
esta comunhão sem posse,
este querer sem fim
e assim te dizer toda vez
se eu morresse hoje
seria com um impertinente sorriso
de plenitude que incomodaria
todos presentes na solidão
de nunca terem tentado...
Fico ainda com os olhos marejados cada vez que relembro.
É pura emoção.
Tanta segurança.
Bem-estar sem promessas, sem planos, sem dores
É o toque no ponto certo, na hora exata.
É a mão que nunca se desprende, que acaricia a cada toque, nos gestos mínimos.
É o braço que me puxa na hora de um simples café.
É a mão que se estende primeiro para mim na hora de pegar uma toalha.
Isto é sintonia. É certeza que nunca precisa ser confirmada.
É o que torna todo o resto desimportante quando a porta que nos separa abre.
É o que não deixa mais brecha para pergunta alguma.
Dedos que nos libertam das roupas, sem pudores.
Pernas que nos deslizam nos lençós.
Olhares que cortam todas as palavras, não inibem nenhum gemido.
São encaixes perfeitos.
Movimentos mágicos
Cheiros inebriantes...
sábado, dezembro 14, 2002
Dez minutos de bom papo com Julius foram suficientes para acabar com meu cansaço, na sexta-feira. A possibilidade de nos vermos na próxima semana me deixou outra pessoa. Mas foi duro ceder e ligar pra ele... Resisti o máximo que consegui. Mas tudo bem... Vi que ele ficou feliz. Percebo que, como eu, ele pula de um assunto para outro, faz nossa conversa parecer natural. Percebo que o tom de voz muda...eu tento disfarçar a minha... mas tudo que consigo ver é a gente se abraçando apertado! E ele falando do meu cheiro... Nada mais importa!
Preciso aprender a colocar aqui um espaço para comentários... Mas.. será que estou preparada para "ouvir"?
Não, não estou não. Ou melhor: não estou a fim de ouvir. Aqui eu digo o que acho e pronto! Não devo satisfação aos leitores, como nas revistas. E também não tenho que agradar ninguém! E ninguém vai detonar meu blog porque tá ruim demais. Também não vou sair do ar por falta de "audiência"...
Mas pelo menos consegui aumentar o corpo do texto (nossa.. acho que ninguém mais usa essa expressão), ou melhor, o tamanho da fonte! Quem sabe, consigo também ajustar a borda...
" Escrevo. Escrevo que escrevo. Mentalmente me vejo escrever o que escrevo e também posso me ver que escrevo. Recordo-me já escrevedo e também vendo-me que escrevia. e me vejo recordando que me vejo escrever e me recordo vendo-me recordar que escrevia e escrevo vendo-me escrever que recordo haver-me visto escrever que me via escrever que recordava haver-me visto escrever que escrevia e que escrevia que escrevo e que escrevia. Também posso imaginar-me escrevendo que já havia escrito que me imaginaria escrevendo que havia escrito que me imaginava escrevendo que me vejo escrever que escrevo." Salvador Elizondo, el grafógrafo
Amanhã, 6 da manhã, tenho um programinha especial... eheheheh... Suspense...
Viram? Estou reagindo.
quinta-feira, dezembro 12, 2002
Esta é parte de um texto escrito há cinco anos.
Como amanhã completa cinco anos desde o nosso último contato, presto aqui, nestas lembranças, uma singela homenagem. É ainda difícil me conformar com aquela despedida inesperada e sem explicação.
É de um e-mail enviado a minha amiga Lúcia, que mora no RJ e é minha amiga mais antiga (nos conhecemos aos 11 anos)
Juraci foi minha colega na FT e nos tornamos muito amigas mais ou menos na época em que Paula nasceu. Uma pessoa muito “diferente”, muito especial... Não a via há quase dois anos, eu creio...
A última vez que tive notícias dela antes desta foi pouco antes das eleições do ano passado, quando ela me ligou de Campo Grande...
Depois desse dia, ela só voltou a me contatar no último dia 28, quando me disse que chegara de viagem há uns dois dias. Conversamos e matamos saudades naquela tarde, por telefone, e também nos dias 29 e 01. Na
terça-feira, dia 2, liguei para ela, ansiosa para nos revermos e conversarmos pessoalmente. A mãe dela disse que estava dormindo. No dia seguinte, a situação se repetiu duas vezes. Na quarta, desconfiei que havia
algo estranho, pois a mãe disse que ela estava muito abatida e só queria me ver quando se recompusesse. No sábado, eu e outra amiga fomos fazer uma visita, meio “na marra”. Constatamos que ela estava num estado que mais parecia coma. Não era coma, pois se alimentava. Abria a boca e deglutia o que lheera oferecido. Muito estranho... Não se levantava e nem se mexia ou abria os olhos. Uma irmã havia chegado de Recife para cuidar dela. “É uma fuga... ela só volta quando quiser” - disseram. “Há suspeitas de Mal de Alzheimer, mas
minha mãe não sabe” - cochichou a irmã. Os dias se passaram, a situação não parecia mudar... Fiz umas pesquisas e achei que os sintomas nada tinham a ver com a tal doença. Estranhei muito e comentei com a Marice, que concordou comigo. Era difícil a gente se intrometer, mas ... seguindo o conselho da minha sobrinha mpedica, tentei conversar com o irmão dela, em Campo Grande. Ele é psiquiatra e vinha cuidando da Ju.
“Em último caso, tem que mandar o Resgate à casa dela, aí será providenciado o socorro, mas você poderá se indispor com a família” - explicou minhaa sobrinha, que também achou absurda a situação. Ela atribuiu tal comportamento a fanatismo,
decorrente do espiritismo da mãe. .. Liguei 4 vezes para Campo Grande e o
doutor não retornou minha ligação...
Na quarta-feira, eu e minha amiga Alice - também ex-colega da FT e amigona de Juraci há 19 anos -, e decidimos ir pela manhã bem cedo até lá, para conferir o que acontecia e dispostas a interferir se fosse preciso...
============
Agora, as cópias dos meus e-mails ao Fábio...
===============================
Cheguei hoje pouco depois das oito da manhã, juntamente com minha amiga Alice à casa de Ju. A mãe dela abraçou-me chorosa e comunicou-nos que a filha estava muito mal e já haviam chamado o resgate. A doente estava febril e agonizante. A ambulância chegou depois de meia hora e eu segui para o pronto-socorro juntamente com a irmã dela que vinha fazendo vezes de enfermeira na última semana. Lá, o atendimento foi imediato e o médico pediu os exames de radiografia, urina e sangue. Porém, não havia enfermeiros e os recursos bem precários. Nós duas tivemos de empurrar a maca e levá-la pelas várias salas, para os exames. Saí para comprar material de higiene e algumas roupas, para dar mínimo de conforto, enquanto ela tomava
soro e aguardava o diagnóstico. Com o resultado nas mãos, evidenciando uma pneumonia, foi providenciada a remoção para o hospital, onde uma pneumologista muito atenciosa e competente nos explicou que o estado de
sonolência devia provavelmente ser em decorrência da falta de oxigenação do cérebro. Foram solicitados exames com neurologista e imediato encaminhamento ao setor de emergência. O nível de glicemia também estava alto.
Porém, o enfermeiro demorava um pouco e aguardávamos num saguão, com demais doentes, na maca, quando a vi abrir os olhos, depois de 8 dias. O olhar estava parado e arregalado, fitando o vazio. E ela suava muito. Comuniquei a um jovem médico, que viu o estado e empurrou pessoalmente a maca para a UTI. Fiquei
na dúvida se já era tarde demais... mas, felizmente, colocaram os tubos e oxigênio a tempo. Às 18h30, deixei o hospital, juntamente com a irmã de Ju, por ora tranqüilas com as providências possíveis tomadas. Foram dezenas de telefonemas aos colegas, particularmente a um velho conhecido, ex-chefe de reportagem do jornal, que contatou o assessor de Imprensa do Inss, que nos passou as coordenadas.
Não sei se minha amiga se recuperará. O estado é mesmo grave. Sei que há momentos em que pouco podemos fazer... Mas, neste momento, não tive como não deixar de esgotar todas as possibilidades que estavam ao meu alcance. Agi segundo minha consciência e seguindo o próprio exemplo de Ju.
Estou triste, porém aliviada e tranqüila. deixei-a com todos os cuidados que a ciência pode oferecer hoje, num hospital muito bem equipado, em mãos de profissionais dedicados. Se ela morrer, não será sem atendimento. Creio que o socorro adequado demorou demais a ser providenciado, porém foi a tempo de se tentar reverter o quadro.
Sem querer julgar, constatei que o tal irmão médico psiquiatra (de Campo Grande) vem tendo um procedimento no mínimo incompetente, ao atribuir tudo à depressão e esclerose múltipla. O primeiro sinal de febre já devia ser de comprometimento do pulmão e também da elevação da taxa de açúcar. A situação deve ter-se agravado com a ingestão de muitas vitaminas de frutas, adoçadas com certo exagero. A mãe, que tudo centralizou, omitiu muitos dados que deveriam ter sido transmitidos ao filho médico (para não preocupar demais o
célebre filho, tão ocupado, às voltas com o final de semestre do curso de Medicina, onde é catedrático em uma cadeira freudiana) e entregou-a cedo demais às mãos de deus... E ele, na sua linha de raciocínio, continuou a
tratá-la de depressão, ministrando tranqüilizantes, que aumentavam a sonolência... Difícil acordar, né?
Enfim... essa situação me mostrou como a família significa tudo... Em última instância, enquanto não rompemos com ela, é ela quem sempre toma decisões por nós quando estamos incapacitados. Os amigos, por mais preparados e mais competentes que possam ser, nunca têm direito de agir, de tentar fazer o
melhor... E, na família, sempre se respeita a hierarquia: cônjuge, filhos, pais e irmãos, quase sempre nessa ordem. Ninguém questiona essa hierarquia... No caso da minha amiga, as decisões sempre ficaram por conta
da mãe, que vinha seguindo os conselhos do filho médico. Por se julgarem mais capacitados, os outros nada souberam ou souberam de tudo pela metade... Os amigos, continuamos sendo estranhos e intrometidos demais...
===========
Bem... Jui se foi na noite de ontem. Quando recebi a notícia, senti-me aliviada. Depois do último e-mail que te enviei, relatando minha maratona pelo hospital, não consegui pensar nem fazer outra coisa além de me dedicar a ela. No dia seguinte, retornei pra lá e levei um susto, pois ela não estava mais na sala de emergência. Depois de alguns minutos de desespero, localizei-a na UTI, onde eu e Ângela tivemos acesso, escorregando pelos
corredores e furando os esquemas de segurança. Claro que nesta hora a nossa experiência de jornalistas veteranas nos ajudou muito. Não precisei olhar muito pra minha amiga pra concluir que ela estava
péssima. Percebi a gravidade no semblante da chefe de enfermagem, que veio me perguntar o que aconteceu e por que esperamos chegar a tal estado para buscar uma internação. Expliquei a situação familiar rapidamente. Quando a irmã dela entrou para a visita, aproveitei para telefonar pro tal irmão, em Campo Grande. Gastei um cartão de 90 impulsos pra falar 3 minutos no celular dele. Eu: "Sou Suely, amiga da sua irmã de SP. Ela está péssima, o estado piorou muito desde ontem. O senhor pretende vir, doutor?"
Ele: " Não, não vou". Eu: "Esta situação era prevista?" E ele: "Sim... estou esperando a qualquer momento".
Eu: "Meu cartão vai acabar... posso ligar a cobrar?"
Ele: "Ligue para meu consultório daqui meia hora. Estou indo para lá. Por favor, a senhora ligue a cobrar".
Ainda tinha 3 impulsos, mas a voz foi tão fria e autoritária que eu desliguei e não tornei a procurá-lo.
Nós três, Ângela, eu e Titi, a irmã de Juraci, fomos chamadas para conversar com o plantonista da UTI, . Ele nos informou que o quadro era gravíssimo, que ela não reagia a nada... Estava vivendo sob ação de drogas e máquinas. Estava tão debilitada que nem podia ser removida pra se submeter a uma tomografia. Eu pedi a ele que contatasse o irmão, que ligasse a ele para ter o diagnóstico que ele já tinha. "O procedimento não é este. Quem deve nos procurar é ele. Aliás, ele deveria estar aqui" - foi o que o médico disse, irritado. Expliquei a ele que eu era "apenas" amiga e relatei o que ocorrera. "Então, estamos diante de algum problema familiar que nós
desconhecemos" - concluiu ele, me olhando estranho. Na tarde de ontem, fui novamente ao hospital, já preparada para tudo. No entanto, ela ainda estava na UTI, com aspecto até melhor. Examinei-a e
percebi que retiraram as sondas e estava ligeiramente inchada. Por isto o aspecto melhorara. "Estão preparando..." - pensei com meus botões e saí logo a seguir. A irmã me contou que o tal irmão médico ligou pra ela desesperado. Chorava tanto que nem conseguia falar. "Deve ser culpa" - pensei.
Dali a pouco, veio o médico responsável por aquela tarde na UTI falar conosco. "O estado dela é o que chamamos de "choque", em termos médicos. O irmão dela ligou várias vezes, disse uma porção de coisas... que ela tem isso, tem aquilo... Mas o que posso dizer é que são apenas suposições. Fizemos uma tomografia e nada encontramos. Apenas uma cicatriz muito antiga no crânio. O socorro foi demorado demais. O pulmão dela está péssimo. Tivemos de fazer uma broncoscopia. Foram encontrados resíduos de alimentos.
Ela deve ter vomitado e aspirado. (Foi exatamente o que aconteceu na noite do dia 01, antes de ela cair nesse sono). Ela não reage a nenhuma medicação. Por isto, neste momento, mandei mudar todos os remédios. "
Bem... a minha suspeita era de que Juraci tivesse algo como um tumor no cérebro, segredo que o tal irmão guardasse sozinho. Imaginei que fosse essa a razão de tanta frieza e esquisitice. Mas... que nada... era só
esquisitice. E o que eu percebi é que a "loucura" é mesmo um problema sério naquela família.
Soube, nas longas conversas com Titi de muitas coisas que Ju jamais revelou nestes mais de 15 anos de grande amizade... Como eu sei que você adora essas na coisas a la Gabriel Garcia Marques (por falar nisso... ano vai esquecer de botar Vargas Lhosa que te dei na mala, hein?) - vou te contar tudo detalhadamente. E trata de guardar meus e-mails, viu? Quem sabe a gente monta mesmo aquele livro, misturando tudo isso com as tuas narrativas de viagem... Pelo menos tenho aqui comigo as de Bali, Tailândia e Barcelona... Que tal tentar me escrever sobre tua estada no México? Eu ia adorar saber como foram as coisas...
=============
Zezé, o irmão mais novo dela, de Ju, de quem ela cuidava, também faz um sério tratamento psiquiátrico, com uma colega do tal irmão... O início da piração desse cara foi durante o movimento hippie, às voltas com drogas. Na cola do outro irmão, Jurandir, líder de movimento estudantil, seguiu para o Chile. Ambos foram de lá "deportados" para a Europa. Na Holanda, Zita sobreviveu fazendo traduções de espanhol para holandês, línguas que nunca estudou. depois, juntou-se ao irmão-ídolo na Alemanha, onde aprendeu marcenaria e tear. Na Anistia, os dois retornaram ao Brasil, sendo acolhidos pela Juraci, que foi buscá-los no Rio, de carro. Jurandir chegou casado, com dois filhos. Em Recife, Zita começou com um tear manual, "inventou" um sistema mecânico e chegou a ter uma indústria de redes, que detonou numa crise. Veio para S.Paulo, onde teve uma loja de decorações, fabricando móveis de cana da índia e fazendo tapeçarias. (Lembro me da tal loja, na Bela Cintra, quase esquina da Paulista, por volta de 1980). Não sei o que aconteceu, que também o tal
negócio foi pro espaço. Segundo Titi, basta ele parar de tomar os remédios e beber, que tudo vai pro
espaço. E era essa a "cruz" que Ju carregou sozinha por tantos anos... protegendo-o das críticas da família.
Ah... depois de detonar a loja de decorações, Zezé sobrevivia "vendendo" teses de mestrado e doutorado ... principalmente de psiquiatria e psicologia.... Dizia que era mesmo catedrático no assunto, após tantos
tratamentos.
Diz a irmã que muitos psiquiatras desistiram de tratá-lo pois ele invertia os papéis e começava a diagnosticar o médico. (Ahahahha...) Eu acredito que ele fosse capaz disso. A fisionomia dele lembra Einstein. Quem fez essa
observação foi Paulinha, quando o viu pela primeira vez, aos sete anos. Achei fantástica a analogia que ela fez e, naquele momento, achei minha filha também genial. Foi no dia em que Zezé tentou explicar a Paulinha um
pouco de Óptica, martelando o chão e esticando barbantes...
Naquela ocasião, ele estava lendo a Enciclopédia Larousse, de 18 volumes. Estava mais maluco pois perdera o volume 10, se não me engano... Estava estudando sozinho, para encarar Vestibular para Agronomia. Queria estudar em Manaus. Explicou que optara por esse curso por ser ele tecelão, tapeceiro...
Disse que queria ir às origens do plantio das fibras que servem para fabricar os fios... E discursou com uma paixão que me impressionou muito. Ju virava os olhos, como que querendo me alertar... E ele interrompia às
vezes as explicações para falar das minhas pernas, com aquele olhar meio tarado... Eu não sabia se gostava ou me apavorava. Afinal, era mesmo um homem fascinante: atlético e bonito, trazendo misturas de sangue índio, negro e português.
Quando Ju sofreu o tal acidente em que quebrou a perna e eu chamei Zezé para ajudar, também fiquei impressionada ao vê-lo carregá-la nos braços feito uma pluma. Imaginei uma cena de Cecy e Peri. Parecia mesmo um herói de José de Alencar...
Há três anos, Zezé foi estudar Filosofia em Marília e Ju foi morar com o cunhado da irmã, um jovem de pouco mais de 20 anos. Dividiam o apartamento e ela tratava como se fosse filho dela, com todos os mimos.
Depois, muitas histórias mal contatadas... viagens misteriosas... E foi na tarde do dia 28, depois de estar com você, quando eu dormia depois que voltei do aeroporto, que ela me ligou depois de quase dois anos. Disse que
acabara de chegar de viagem há dois dias.
Agora eu sei que os contatos telefônicos foram para nos despedirmos... Ela se preparava para outra viagem... para o espaço cósmico, onde espero revê-la e botar as fofocas em dia... Soube apenas na visita do sábado passado, à casa da mãe dela, que o tal irmão psiquiatra é coronel-médico... Cursou a Aman enquanto outro irmão liderava Movimento Estudantil e era exilado...
Ultimamente, Ju tinha pavor ao pensar em rever Zezé. Segundo a mãe, a crise de vômito, no dia 01 ocorreu após um telefonema dele, avisando que viria passar férias em S. Paulo. Fico imaginando o que pode ter acontecido de tão TERRÍVEL para ela ter medo do irmão mais querido... E também a mãe dela conta que no domingo passado, quando ele chegou, ela abriu os olhos pela primeira vez depois de todos aqueles dias e o fitou aterrorizada. Depois desse dia, ela não queria mais nem comer...
Coisa de louco, né?
Só não sei QUEM é o louco...
No cemitério, conheci o Professor Xavier, o ex-lider do Movimento Estudantil, sociólogo, coleguinha de FHC. Hoje é secretário de Planejamento e Meio Ambiente de uma grande cidade no Nordeste. Abraçou-me muito
e comentou: "Não entendo o que aconteceu... não tem explicação... Às vezes ela estava bem lúcida. Às vezes misturava tudo". Insistiu muito que vá visitá-lo... "Meu filho Juliano tem uma casa linda, num condomínio fechado
em João Pessoa. Venham passar uns dias lá... Lá podemos conversar melhor..." - frisou para mim e para Ângela. E Titi insistiu: "Venham até Recife, que pegamos a chave da casa com Jura e vamos as três juntas de carro até a praia, em João Pessoa."
Senti tanta sinceridade e tanta emoção que estamos - eu e Alice - pensando seriamente em ir mesmo. Para mim, só falta arrumar dinheiro.... Bem... quem sabe, o secretário descola um trabalhinho especial para duas jornalistas de São Paulo, né? Eheheheh...
E eu estou intrigada e curiosa para saber o que se passou... O que fez minha
amiga tão positiva e cheia de vida desistir de tudo... O enterro foi tão especial quanto foi a vida de Ju. Onze pessoas e dois vasos de flores que eu e Alice compramos. Nenhuma lágrima. Ficamos de mãos
dadas: Titi, Xavier, Alice e Eu, enquanto tudo acontecia... Olhamos para o céu, para as plantas, para uma árvore linda, ao lado do jazigo. "Não dá pra esquecer... É a árvore mais bonita e a mais alta"- comentou Xavier.
"Conhecer vocês foi uma bênção de Deus" - observou Titi. Fiquei muito emocionada e feliz. Fiquei grata a minha amiga por permitir este encontro. Achei esses dois irmãos dela tão especiais quanto ela...
Pensei em dirigir uma oração, como Ju fez no enterro da Walkyria. Mas não consegui nem me lembrar do Pai Nosso. Ângela tirou da bolsa uma linda mensagem de Natal, que lemos emocionados, em silêncio. Significativas e oportunas palavras, falando da importância da amizade.Xavier foi até o carro, pegou uma câmera muito transada e tirou umas fotos da paisagem, mostrando o lugar onde Juraci descansou. E também pediu ao
Roberto, marido da "irmãzinha" para tirar uma de nós todos, sorridentes e abraçados. Prometeu enviar as fotos pela Internet assim que as revelar. E eu fiquei de procurar, nos arquivos da Abril, uma reportagem na "Nova", em que Ju aparecia como exemplo de "viver bem em São Paulo". Esta semana vou falar com minha prima, que e' diretora de Arte da revista... Vai ser fácil, foi no número em que saiu uma reportagem com Leão, eleito dono das pernas mais lindas do Brasil. Será fácil achar.
Na volta do cemitério, fui com Ângela almoçar num lugarzinho legal, aqui na Barão de Limeira. A gente não ficou triste. Apenas tentando desvendar o mistério. Tentamos não apontar culpados. Porém, prometi a mim mesma que se tal situação surgir de novo à minha frente, não vou mais ficar "cheia de dedos". Garanto que vou tomar as rédeas antes e agir com determinação. Alice concordou comigo. Choramos apenas alguns minutos quando nos abrigamos da chuva, no terminal de ônibus que nos trouxe de Guarulhos onde Ju foi
enterrada. (Fomos sem carro pois não conhecemos o pedaço). Ficamos ali, alguns segundos, num abraço muito apertado. "Não me abandone" - disse Alice. "Nem você.." - respondi.
Trecho da resposta de Fábio:
"Você descreve tudo de forma tao natural, que é como se estivesse te ouvindo. Me lembra aquelas cenas de novela em que o ator recebe uma carta e ,`a medida que vai lendo, aparece a voz de quem escreveu fazendo a narração ! E obrigado me achar um amigo importante Su. `As vezes fico pensando por qual coincidência do destino viemos nos encontrar !! E acho que deve ter algo por trás disso !!"
Comentário de hoje:
Coincidência? Força do pensamento? Não sei... Constato sempre que nos momentos em que mais precisei do seu ombro você se fez presente. E o papo de ontem... não imagina o bem que me fez! Você me ensinou a ousar, a encarar a vida de frente, sem culpas. Suas massagens são fantásticas. Que saudades!
Você e Eduardo são mais do que prova de que pode mesmo existir uma amizade verdadeira entre pessoas de sexos diferentes e que essa ligação pode superar tudo... sem falar que, também podemos viver com afeto, carinho e ... você sabe o resto... eheheeh. Só na base do bem-querer.
Cinco anos... Ainda falo com a família de Ju. Ligo algumas vezes por ano para a mãe dela e até a acompanhamos para resgatar um dinheiro que minha amiga deixou aplicado numa capitalização. Encontrei a irmã dela, do Nordeste, algumas vezes... e consegui falar uma única vez com Zezé, que se prepara para iniciar mestrado no ano que vem. Agora ele dá aulas para o ensino médio, morando com a mãe em Sampa. A "irmãzinha" de minha amiga teve um bebê nos States, do segundo casamento. E a nossa vida continuou...
Depois dela, perdi dois dos meus irmãos. Nos momentos mais difíceis de minha vida, busquei alento naquela voz sonora, nas palavras dela: "viver cada dia...." "o Sol nunca deixou de brilhar, mesmo por trás da nuvem mais escura..." "isso não foi de você..." "você é a força, sua família depende de você..."
Lembro-me dela embaixo daquelas duas árvores mais altas, em Guarulhos... a última morada de minha amiga, onde prometi retornar com mudinhas de flores e nunca mais fui. Mas acho que ela entende... Um dia levarei as flores sim... quando tiver um dia só para nós... Por enquanto, em palavras que tomam forma nesta tela, quero deixar registrado (para Deus e Bill, como disse um dia Mário Prata) e também para a internet (que vc nunca conheceu )que você me ajudou muito a ser gente!
Como amanhã completa cinco anos desde o nosso último contato, presto aqui, nestas lembranças, uma singela homenagem. É ainda difícil me conformar com aquela despedida inesperada e sem explicação.
É de um e-mail enviado a minha amiga Lúcia, que mora no RJ e é minha amiga mais antiga (nos conhecemos aos 11 anos)
Juraci foi minha colega na FT e nos tornamos muito amigas mais ou menos na época em que Paula nasceu. Uma pessoa muito “diferente”, muito especial... Não a via há quase dois anos, eu creio...
A última vez que tive notícias dela antes desta foi pouco antes das eleições do ano passado, quando ela me ligou de Campo Grande...
Depois desse dia, ela só voltou a me contatar no último dia 28, quando me disse que chegara de viagem há uns dois dias. Conversamos e matamos saudades naquela tarde, por telefone, e também nos dias 29 e 01. Na
terça-feira, dia 2, liguei para ela, ansiosa para nos revermos e conversarmos pessoalmente. A mãe dela disse que estava dormindo. No dia seguinte, a situação se repetiu duas vezes. Na quarta, desconfiei que havia
algo estranho, pois a mãe disse que ela estava muito abatida e só queria me ver quando se recompusesse. No sábado, eu e outra amiga fomos fazer uma visita, meio “na marra”. Constatamos que ela estava num estado que mais parecia coma. Não era coma, pois se alimentava. Abria a boca e deglutia o que lheera oferecido. Muito estranho... Não se levantava e nem se mexia ou abria os olhos. Uma irmã havia chegado de Recife para cuidar dela. “É uma fuga... ela só volta quando quiser” - disseram. “Há suspeitas de Mal de Alzheimer, mas
minha mãe não sabe” - cochichou a irmã. Os dias se passaram, a situação não parecia mudar... Fiz umas pesquisas e achei que os sintomas nada tinham a ver com a tal doença. Estranhei muito e comentei com a Marice, que concordou comigo. Era difícil a gente se intrometer, mas ... seguindo o conselho da minha sobrinha mpedica, tentei conversar com o irmão dela, em Campo Grande. Ele é psiquiatra e vinha cuidando da Ju.
“Em último caso, tem que mandar o Resgate à casa dela, aí será providenciado o socorro, mas você poderá se indispor com a família” - explicou minhaa sobrinha, que também achou absurda a situação. Ela atribuiu tal comportamento a fanatismo,
decorrente do espiritismo da mãe. .. Liguei 4 vezes para Campo Grande e o
doutor não retornou minha ligação...
Na quarta-feira, eu e minha amiga Alice - também ex-colega da FT e amigona de Juraci há 19 anos -, e decidimos ir pela manhã bem cedo até lá, para conferir o que acontecia e dispostas a interferir se fosse preciso...
============
Agora, as cópias dos meus e-mails ao Fábio...
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Cheguei hoje pouco depois das oito da manhã, juntamente com minha amiga Alice à casa de Ju. A mãe dela abraçou-me chorosa e comunicou-nos que a filha estava muito mal e já haviam chamado o resgate. A doente estava febril e agonizante. A ambulância chegou depois de meia hora e eu segui para o pronto-socorro juntamente com a irmã dela que vinha fazendo vezes de enfermeira na última semana. Lá, o atendimento foi imediato e o médico pediu os exames de radiografia, urina e sangue. Porém, não havia enfermeiros e os recursos bem precários. Nós duas tivemos de empurrar a maca e levá-la pelas várias salas, para os exames. Saí para comprar material de higiene e algumas roupas, para dar mínimo de conforto, enquanto ela tomava
soro e aguardava o diagnóstico. Com o resultado nas mãos, evidenciando uma pneumonia, foi providenciada a remoção para o hospital, onde uma pneumologista muito atenciosa e competente nos explicou que o estado de
sonolência devia provavelmente ser em decorrência da falta de oxigenação do cérebro. Foram solicitados exames com neurologista e imediato encaminhamento ao setor de emergência. O nível de glicemia também estava alto.
Porém, o enfermeiro demorava um pouco e aguardávamos num saguão, com demais doentes, na maca, quando a vi abrir os olhos, depois de 8 dias. O olhar estava parado e arregalado, fitando o vazio. E ela suava muito. Comuniquei a um jovem médico, que viu o estado e empurrou pessoalmente a maca para a UTI. Fiquei
na dúvida se já era tarde demais... mas, felizmente, colocaram os tubos e oxigênio a tempo. Às 18h30, deixei o hospital, juntamente com a irmã de Ju, por ora tranqüilas com as providências possíveis tomadas. Foram dezenas de telefonemas aos colegas, particularmente a um velho conhecido, ex-chefe de reportagem do jornal, que contatou o assessor de Imprensa do Inss, que nos passou as coordenadas.
Não sei se minha amiga se recuperará. O estado é mesmo grave. Sei que há momentos em que pouco podemos fazer... Mas, neste momento, não tive como não deixar de esgotar todas as possibilidades que estavam ao meu alcance. Agi segundo minha consciência e seguindo o próprio exemplo de Ju.
Estou triste, porém aliviada e tranqüila. deixei-a com todos os cuidados que a ciência pode oferecer hoje, num hospital muito bem equipado, em mãos de profissionais dedicados. Se ela morrer, não será sem atendimento. Creio que o socorro adequado demorou demais a ser providenciado, porém foi a tempo de se tentar reverter o quadro.
Sem querer julgar, constatei que o tal irmão médico psiquiatra (de Campo Grande) vem tendo um procedimento no mínimo incompetente, ao atribuir tudo à depressão e esclerose múltipla. O primeiro sinal de febre já devia ser de comprometimento do pulmão e também da elevação da taxa de açúcar. A situação deve ter-se agravado com a ingestão de muitas vitaminas de frutas, adoçadas com certo exagero. A mãe, que tudo centralizou, omitiu muitos dados que deveriam ter sido transmitidos ao filho médico (para não preocupar demais o
célebre filho, tão ocupado, às voltas com o final de semestre do curso de Medicina, onde é catedrático em uma cadeira freudiana) e entregou-a cedo demais às mãos de deus... E ele, na sua linha de raciocínio, continuou a
tratá-la de depressão, ministrando tranqüilizantes, que aumentavam a sonolência... Difícil acordar, né?
Enfim... essa situação me mostrou como a família significa tudo... Em última instância, enquanto não rompemos com ela, é ela quem sempre toma decisões por nós quando estamos incapacitados. Os amigos, por mais preparados e mais competentes que possam ser, nunca têm direito de agir, de tentar fazer o
melhor... E, na família, sempre se respeita a hierarquia: cônjuge, filhos, pais e irmãos, quase sempre nessa ordem. Ninguém questiona essa hierarquia... No caso da minha amiga, as decisões sempre ficaram por conta
da mãe, que vinha seguindo os conselhos do filho médico. Por se julgarem mais capacitados, os outros nada souberam ou souberam de tudo pela metade... Os amigos, continuamos sendo estranhos e intrometidos demais...
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Bem... Jui se foi na noite de ontem. Quando recebi a notícia, senti-me aliviada. Depois do último e-mail que te enviei, relatando minha maratona pelo hospital, não consegui pensar nem fazer outra coisa além de me dedicar a ela. No dia seguinte, retornei pra lá e levei um susto, pois ela não estava mais na sala de emergência. Depois de alguns minutos de desespero, localizei-a na UTI, onde eu e Ângela tivemos acesso, escorregando pelos
corredores e furando os esquemas de segurança. Claro que nesta hora a nossa experiência de jornalistas veteranas nos ajudou muito. Não precisei olhar muito pra minha amiga pra concluir que ela estava
péssima. Percebi a gravidade no semblante da chefe de enfermagem, que veio me perguntar o que aconteceu e por que esperamos chegar a tal estado para buscar uma internação. Expliquei a situação familiar rapidamente. Quando a irmã dela entrou para a visita, aproveitei para telefonar pro tal irmão, em Campo Grande. Gastei um cartão de 90 impulsos pra falar 3 minutos no celular dele. Eu: "Sou Suely, amiga da sua irmã de SP. Ela está péssima, o estado piorou muito desde ontem. O senhor pretende vir, doutor?"
Ele: " Não, não vou". Eu: "Esta situação era prevista?" E ele: "Sim... estou esperando a qualquer momento".
Eu: "Meu cartão vai acabar... posso ligar a cobrar?"
Ele: "Ligue para meu consultório daqui meia hora. Estou indo para lá. Por favor, a senhora ligue a cobrar".
Ainda tinha 3 impulsos, mas a voz foi tão fria e autoritária que eu desliguei e não tornei a procurá-lo.
Nós três, Ângela, eu e Titi, a irmã de Juraci, fomos chamadas para conversar com o plantonista da UTI, . Ele nos informou que o quadro era gravíssimo, que ela não reagia a nada... Estava vivendo sob ação de drogas e máquinas. Estava tão debilitada que nem podia ser removida pra se submeter a uma tomografia. Eu pedi a ele que contatasse o irmão, que ligasse a ele para ter o diagnóstico que ele já tinha. "O procedimento não é este. Quem deve nos procurar é ele. Aliás, ele deveria estar aqui" - foi o que o médico disse, irritado. Expliquei a ele que eu era "apenas" amiga e relatei o que ocorrera. "Então, estamos diante de algum problema familiar que nós
desconhecemos" - concluiu ele, me olhando estranho. Na tarde de ontem, fui novamente ao hospital, já preparada para tudo. No entanto, ela ainda estava na UTI, com aspecto até melhor. Examinei-a e
percebi que retiraram as sondas e estava ligeiramente inchada. Por isto o aspecto melhorara. "Estão preparando..." - pensei com meus botões e saí logo a seguir. A irmã me contou que o tal irmão médico ligou pra ela desesperado. Chorava tanto que nem conseguia falar. "Deve ser culpa" - pensei.
Dali a pouco, veio o médico responsável por aquela tarde na UTI falar conosco. "O estado dela é o que chamamos de "choque", em termos médicos. O irmão dela ligou várias vezes, disse uma porção de coisas... que ela tem isso, tem aquilo... Mas o que posso dizer é que são apenas suposições. Fizemos uma tomografia e nada encontramos. Apenas uma cicatriz muito antiga no crânio. O socorro foi demorado demais. O pulmão dela está péssimo. Tivemos de fazer uma broncoscopia. Foram encontrados resíduos de alimentos.
Ela deve ter vomitado e aspirado. (Foi exatamente o que aconteceu na noite do dia 01, antes de ela cair nesse sono). Ela não reage a nenhuma medicação. Por isto, neste momento, mandei mudar todos os remédios. "
Bem... a minha suspeita era de que Juraci tivesse algo como um tumor no cérebro, segredo que o tal irmão guardasse sozinho. Imaginei que fosse essa a razão de tanta frieza e esquisitice. Mas... que nada... era só
esquisitice. E o que eu percebi é que a "loucura" é mesmo um problema sério naquela família.
Soube, nas longas conversas com Titi de muitas coisas que Ju jamais revelou nestes mais de 15 anos de grande amizade... Como eu sei que você adora essas na coisas a la Gabriel Garcia Marques (por falar nisso... ano vai esquecer de botar Vargas Lhosa que te dei na mala, hein?) - vou te contar tudo detalhadamente. E trata de guardar meus e-mails, viu? Quem sabe a gente monta mesmo aquele livro, misturando tudo isso com as tuas narrativas de viagem... Pelo menos tenho aqui comigo as de Bali, Tailândia e Barcelona... Que tal tentar me escrever sobre tua estada no México? Eu ia adorar saber como foram as coisas...
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Zezé, o irmão mais novo dela, de Ju, de quem ela cuidava, também faz um sério tratamento psiquiátrico, com uma colega do tal irmão... O início da piração desse cara foi durante o movimento hippie, às voltas com drogas. Na cola do outro irmão, Jurandir, líder de movimento estudantil, seguiu para o Chile. Ambos foram de lá "deportados" para a Europa. Na Holanda, Zita sobreviveu fazendo traduções de espanhol para holandês, línguas que nunca estudou. depois, juntou-se ao irmão-ídolo na Alemanha, onde aprendeu marcenaria e tear. Na Anistia, os dois retornaram ao Brasil, sendo acolhidos pela Juraci, que foi buscá-los no Rio, de carro. Jurandir chegou casado, com dois filhos. Em Recife, Zita começou com um tear manual, "inventou" um sistema mecânico e chegou a ter uma indústria de redes, que detonou numa crise. Veio para S.Paulo, onde teve uma loja de decorações, fabricando móveis de cana da índia e fazendo tapeçarias. (Lembro me da tal loja, na Bela Cintra, quase esquina da Paulista, por volta de 1980). Não sei o que aconteceu, que também o tal
negócio foi pro espaço. Segundo Titi, basta ele parar de tomar os remédios e beber, que tudo vai pro
espaço. E era essa a "cruz" que Ju carregou sozinha por tantos anos... protegendo-o das críticas da família.
Ah... depois de detonar a loja de decorações, Zezé sobrevivia "vendendo" teses de mestrado e doutorado ... principalmente de psiquiatria e psicologia.... Dizia que era mesmo catedrático no assunto, após tantos
tratamentos.
Diz a irmã que muitos psiquiatras desistiram de tratá-lo pois ele invertia os papéis e começava a diagnosticar o médico. (Ahahahha...) Eu acredito que ele fosse capaz disso. A fisionomia dele lembra Einstein. Quem fez essa
observação foi Paulinha, quando o viu pela primeira vez, aos sete anos. Achei fantástica a analogia que ela fez e, naquele momento, achei minha filha também genial. Foi no dia em que Zezé tentou explicar a Paulinha um
pouco de Óptica, martelando o chão e esticando barbantes...
Naquela ocasião, ele estava lendo a Enciclopédia Larousse, de 18 volumes. Estava mais maluco pois perdera o volume 10, se não me engano... Estava estudando sozinho, para encarar Vestibular para Agronomia. Queria estudar em Manaus. Explicou que optara por esse curso por ser ele tecelão, tapeceiro...
Disse que queria ir às origens do plantio das fibras que servem para fabricar os fios... E discursou com uma paixão que me impressionou muito. Ju virava os olhos, como que querendo me alertar... E ele interrompia às
vezes as explicações para falar das minhas pernas, com aquele olhar meio tarado... Eu não sabia se gostava ou me apavorava. Afinal, era mesmo um homem fascinante: atlético e bonito, trazendo misturas de sangue índio, negro e português.
Quando Ju sofreu o tal acidente em que quebrou a perna e eu chamei Zezé para ajudar, também fiquei impressionada ao vê-lo carregá-la nos braços feito uma pluma. Imaginei uma cena de Cecy e Peri. Parecia mesmo um herói de José de Alencar...
Há três anos, Zezé foi estudar Filosofia em Marília e Ju foi morar com o cunhado da irmã, um jovem de pouco mais de 20 anos. Dividiam o apartamento e ela tratava como se fosse filho dela, com todos os mimos.
Depois, muitas histórias mal contatadas... viagens misteriosas... E foi na tarde do dia 28, depois de estar com você, quando eu dormia depois que voltei do aeroporto, que ela me ligou depois de quase dois anos. Disse que
acabara de chegar de viagem há dois dias.
Agora eu sei que os contatos telefônicos foram para nos despedirmos... Ela se preparava para outra viagem... para o espaço cósmico, onde espero revê-la e botar as fofocas em dia... Soube apenas na visita do sábado passado, à casa da mãe dela, que o tal irmão psiquiatra é coronel-médico... Cursou a Aman enquanto outro irmão liderava Movimento Estudantil e era exilado...
Ultimamente, Ju tinha pavor ao pensar em rever Zezé. Segundo a mãe, a crise de vômito, no dia 01 ocorreu após um telefonema dele, avisando que viria passar férias em S. Paulo. Fico imaginando o que pode ter acontecido de tão TERRÍVEL para ela ter medo do irmão mais querido... E também a mãe dela conta que no domingo passado, quando ele chegou, ela abriu os olhos pela primeira vez depois de todos aqueles dias e o fitou aterrorizada. Depois desse dia, ela não queria mais nem comer...
Coisa de louco, né?
Só não sei QUEM é o louco...
No cemitério, conheci o Professor Xavier, o ex-lider do Movimento Estudantil, sociólogo, coleguinha de FHC. Hoje é secretário de Planejamento e Meio Ambiente de uma grande cidade no Nordeste. Abraçou-me muito
e comentou: "Não entendo o que aconteceu... não tem explicação... Às vezes ela estava bem lúcida. Às vezes misturava tudo". Insistiu muito que vá visitá-lo... "Meu filho Juliano tem uma casa linda, num condomínio fechado
em João Pessoa. Venham passar uns dias lá... Lá podemos conversar melhor..." - frisou para mim e para Ângela. E Titi insistiu: "Venham até Recife, que pegamos a chave da casa com Jura e vamos as três juntas de carro até a praia, em João Pessoa."
Senti tanta sinceridade e tanta emoção que estamos - eu e Alice - pensando seriamente em ir mesmo. Para mim, só falta arrumar dinheiro.... Bem... quem sabe, o secretário descola um trabalhinho especial para duas jornalistas de São Paulo, né? Eheheheh...
E eu estou intrigada e curiosa para saber o que se passou... O que fez minha
amiga tão positiva e cheia de vida desistir de tudo... O enterro foi tão especial quanto foi a vida de Ju. Onze pessoas e dois vasos de flores que eu e Alice compramos. Nenhuma lágrima. Ficamos de mãos
dadas: Titi, Xavier, Alice e Eu, enquanto tudo acontecia... Olhamos para o céu, para as plantas, para uma árvore linda, ao lado do jazigo. "Não dá pra esquecer... É a árvore mais bonita e a mais alta"- comentou Xavier.
"Conhecer vocês foi uma bênção de Deus" - observou Titi. Fiquei muito emocionada e feliz. Fiquei grata a minha amiga por permitir este encontro. Achei esses dois irmãos dela tão especiais quanto ela...
Pensei em dirigir uma oração, como Ju fez no enterro da Walkyria. Mas não consegui nem me lembrar do Pai Nosso. Ângela tirou da bolsa uma linda mensagem de Natal, que lemos emocionados, em silêncio. Significativas e oportunas palavras, falando da importância da amizade.Xavier foi até o carro, pegou uma câmera muito transada e tirou umas fotos da paisagem, mostrando o lugar onde Juraci descansou. E também pediu ao
Roberto, marido da "irmãzinha" para tirar uma de nós todos, sorridentes e abraçados. Prometeu enviar as fotos pela Internet assim que as revelar. E eu fiquei de procurar, nos arquivos da Abril, uma reportagem na "Nova", em que Ju aparecia como exemplo de "viver bem em São Paulo". Esta semana vou falar com minha prima, que e' diretora de Arte da revista... Vai ser fácil, foi no número em que saiu uma reportagem com Leão, eleito dono das pernas mais lindas do Brasil. Será fácil achar.
Na volta do cemitério, fui com Ângela almoçar num lugarzinho legal, aqui na Barão de Limeira. A gente não ficou triste. Apenas tentando desvendar o mistério. Tentamos não apontar culpados. Porém, prometi a mim mesma que se tal situação surgir de novo à minha frente, não vou mais ficar "cheia de dedos". Garanto que vou tomar as rédeas antes e agir com determinação. Alice concordou comigo. Choramos apenas alguns minutos quando nos abrigamos da chuva, no terminal de ônibus que nos trouxe de Guarulhos onde Ju foi
enterrada. (Fomos sem carro pois não conhecemos o pedaço). Ficamos ali, alguns segundos, num abraço muito apertado. "Não me abandone" - disse Alice. "Nem você.." - respondi.
Trecho da resposta de Fábio:
"Você descreve tudo de forma tao natural, que é como se estivesse te ouvindo. Me lembra aquelas cenas de novela em que o ator recebe uma carta e ,`a medida que vai lendo, aparece a voz de quem escreveu fazendo a narração ! E obrigado me achar um amigo importante Su. `As vezes fico pensando por qual coincidência do destino viemos nos encontrar !! E acho que deve ter algo por trás disso !!"
Comentário de hoje:
Coincidência? Força do pensamento? Não sei... Constato sempre que nos momentos em que mais precisei do seu ombro você se fez presente. E o papo de ontem... não imagina o bem que me fez! Você me ensinou a ousar, a encarar a vida de frente, sem culpas. Suas massagens são fantásticas. Que saudades!
Você e Eduardo são mais do que prova de que pode mesmo existir uma amizade verdadeira entre pessoas de sexos diferentes e que essa ligação pode superar tudo... sem falar que, também podemos viver com afeto, carinho e ... você sabe o resto... eheheeh. Só na base do bem-querer.
Cinco anos... Ainda falo com a família de Ju. Ligo algumas vezes por ano para a mãe dela e até a acompanhamos para resgatar um dinheiro que minha amiga deixou aplicado numa capitalização. Encontrei a irmã dela, do Nordeste, algumas vezes... e consegui falar uma única vez com Zezé, que se prepara para iniciar mestrado no ano que vem. Agora ele dá aulas para o ensino médio, morando com a mãe em Sampa. A "irmãzinha" de minha amiga teve um bebê nos States, do segundo casamento. E a nossa vida continuou...
Depois dela, perdi dois dos meus irmãos. Nos momentos mais difíceis de minha vida, busquei alento naquela voz sonora, nas palavras dela: "viver cada dia...." "o Sol nunca deixou de brilhar, mesmo por trás da nuvem mais escura..." "isso não foi de você..." "você é a força, sua família depende de você..."
Lembro-me dela embaixo daquelas duas árvores mais altas, em Guarulhos... a última morada de minha amiga, onde prometi retornar com mudinhas de flores e nunca mais fui. Mas acho que ela entende... Um dia levarei as flores sim... quando tiver um dia só para nós... Por enquanto, em palavras que tomam forma nesta tela, quero deixar registrado (para Deus e Bill, como disse um dia Mário Prata) e também para a internet (que vc nunca conheceu )que você me ajudou muito a ser gente!